Semana do Servidor: “Lembrar que seu trabalho é para o outro”, diz Gerarda Cunha, a Gerardinha, servidora pública há 43 anos

25 de outubro de 2021 - 12:32 # # # #

Manuela Barroso - Ascom Sesa - Texto e fotos

Entrevista homenageia Gerarda Cunha em alusão ao Dia do Servidor Público, celebrado nesta quinta-feira (28)

Gerarda Cunha da Silva, conhecida pelos colegas como Gerardinha, é servidora pública da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) há 43 anos. Atualmente na Coordenadoria de Vigilância Sanitária (Covis), ela conta que o trabalho é sua prioridade e que veste a camisa para se dedicar a contribuir no que for preciso para servir a população. Confira a entrevista:

Conte um pouco da sua trajetória como servidora pública

Gerardinha: Minha trajetória na Saúde começou em Sobral, onde executei minha profissão de enfermeira num posto de saúde, atuando nas campanhas de vacinação. Também trabalhei oito anos como professora de Educação Física e entreguei meu cargo porque queria me dedicar só à Saúde. E aí, eu vim para Fortaleza em 1989 para trabalhar no Hospital São José (HSJ), onde fiquei por nove anos como chefe da Enfermagem. Quando o dr. Anastácio Queiroz assumiu a Secretaria, vim para o Nível Central atuar no Planejamento, fiz um curso, apresentei um projeto de redução de custo e fui convidada para ser responsável pelo Almoxarifado. Lá, eu passei cinco anos, organizei tudo, implantei um modelo de organização que deu muito certo. Nessa época, foi implantado o Hospital Waldemar Alcântara e eu fui chamada para ajudar. Lá, coordenei todo o trabalho, criamos portaria, setor de Enfermagem, de compras, acompanhei todos os processos da parte administrativa e, quando a unidade foi inaugurada, eu voltei e fiquei um tempo no Gabinete. Foi então que o dr. Anastácio me indicou para ser diretora do Almoxarifado do Hospital Geral de Fortaleza (HGF). Organizei tudo por lá também. Em seguida, fui para o setor de compras e depois para a central de material. Pedi transferência para Sobral, depois fui para Viçosa do Ceará e fiquei lá até 2006. Em 2007, assumi a Vigilância Sanitária e passei nove anos como chefe. Nesse período, sei que desenvolvi um bom trabalho; entreguei a chefia e fui para o Patrimônio, setor em que atuei por mais três anos. Assumi também toda a logística da Sesa, coordenando, ainda, o pessoal da limpeza, vigilantes e engenheiros. De lá, fui para o Controle Interno realizar auditoria de todos os processos da Rede Sesa. Foi muita responsabilidade. Até que em maio de 2018, eu vim pra Vigilância Sanitária e estou até hoje.

Quais eram os sentimentos e expectativas do início da sua carreira como servidora?

Gerardinha: Era um sentimento de tentar realizar, aquela força de vontade de fazer acontecer. Inclusive, quando eu trabalhei em Sobral, eu também desenvolvi muito trabalho social, uma área que não era minha. Quando eu era chefe do posto do Rotary Club, fazia campanha de vacinação da BCG, que era divulgada, mas as pessoas não tinham muito acesso. Então, eu desenvolvi uma mobilização com jovens entre 12 e 18 anos. Eu chamava os pais, conversava com eles e dizia a importância da vacina, um trabalho de conscientização e educação.

Você lembra de algum fato que marcou sua história profissional?

Gerardinha: Fui convidada pelo dr. Anastácio Queiroz para acompanhar a construção e inauguração do hospital de Nova Jaguaribara. Ele precisava de uma pessoa que tivesse dedicação exclusiva, então eu fui com duas colegas e passamos 15 dias na cidade, que ainda não tinha onde almoçar, não tinha um restaurante. Eu despachava material, recebia material, arrumei todas as salas. Foi uma dedicação exclusiva que eu tive e eu me sinto muito realizada de ter feito parte daquele trabalho. Graças a Deus, por onde eu passei, eu deixei uma história.

“Quando chega a segunda-feira, minha realização é vir trabalhar. Eu me sinto útil. Já estou com 69 anos, poderia ter me aposentado, mas acho que ainda tenho alguma coisa a acrescentar.”

Como é seu trabalho na Sesa hoje? Em que momentos você se sente mais realizada?

Gerardinha: Hoje eu sou técnica, faço fiscalização, vou a campo. Atuo na área de produtos, indústria farmacêutica e de alimentos, faço inspeção e muito atendimento também do Ministério Público, quando há demanda. Eu vivo em função da Sesa. Sou viúva, meus filhos estão todos crescidos. Eu tenho dez netos e dez bisnetos, e a minha vida é essa. Quando chega a segunda-feira, minha realização é vir trabalhar. Eu me sinto útil. Já estou com 69 anos, poderia ter me aposentado, mas eu acho que ainda tenho alguma coisa a acrescentar.

O que é ser servidor público para você?

Gerardinha: Para mim, é ter compromisso, dedicação, respeito pelo próximo, não ter preconceito e respeitar os mais simples, que são esquecidos. Eu me identifico muito com os mais simples porque eu vejo muito a dor deles. Então, o que eu puder fazer aqui dentro ou em qualquer lugar para desenvolver um trabalho que seja para os mais simples, que não têm grandes oportunidades, eu ainda estou disposta a trabalhar.

Como você tem avaliado o trabalho do servidor da Saúde durante a pandemia?

Gerardinha: Na Vigilância Sanitária, nosso crescimento de trabalho foi enorme, mas também uma oportunidade de sermos reconhecidos, pois foi uma dedicação exclusiva. Essa pandemia ensinou bastante. Apesar de muita restrição, de termos ficado um tempo em casa, nós trabalhávamos on-line. E eu acho que isso ensinou e mudou a cabeça de muita gente. A maioria das pessoas que trabalha na Vigilância já possui uma certa idade, mas tem uma visão, um conhecimento e uma dedicação. E com a pandemia, a população passou a valorizar mais o nosso trabalho. Agora a visão é outra, somos muito mais respeitados. O trabalho foi muito bonito e ainda está sendo.

Que conselhos você daria a quem está começando ou a quem quer ser servidor público?

Gerardinha: Respeito ao próximo, dedicação, compromisso, boa vontade e estudar para desenvolver o trabalho com qualidade. Não é um trabalho, como muita gente acha, que ninguém faz nada. Aqui se faz e muito. A gente tem como ajudar, tem que se dedicar, respeitar e vestir a camisa. Quando um cidadão procura a Sesa, um posto de saúde ou um hospital, é porque possui algum sofrimento. Muitos estão em busca de uma medicação, uma consulta, uma internação… Por isso temos que atender bem. É um investimento de compromisso, responsabilidade e lembrar que seu trabalho é para o outro.