Entre a ciência e a assistência: como o HGF tem se tornado referência internacional no tratamento de AVC de alta complexidade

28 de outubro de 2021 - 14:42 # # # #

Felipe Martins - Ascom HGF Texto
Felipe Martins e Herbert Nunes Fotos
Herbert Nunes Artes gráficas

No Hospital Geral de Fortaleza, o atendimento começa na Emergência, com equipe disponível 24 horas por dia para realização de procedimentos, e segue de acordo com a especificidade do caso

Cerca de cem mil pessoas morrem todos os anos no Brasil vítimas de Acidente Vascular Cerebral (AVC), estima o Ministério da Saúde (MS). Apontado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como segunda maior causa de morte em todo o mundo, o diagnóstico acontece quando um vaso sanguíneo entope ou se rompe no cérebro, impedindo a circulação de sangue e a oxigenação do órgão. No Ceará, tecnologia, pesquisa e dedicação vêm consolidando o Hospital Geral de Fortaleza (HGF), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), como um dos maiores centros de referência em tratamento de AVC no mundo.

“O HGF tem tido um impacto significante no tratamento de pacientes com AVC de alta complexidade”, afirma a médica chefe do Serviço de Neurologia do equipamento, Fernanda Maia. “Conseguimos ofertar hoje um atendimento especializado que vai desde o acolhimento pela equipe de Enfermagem até os procedimentos mais complexos, alguns deles realizados em pouquíssimas instituições do País”, ressalta.

Para além da qualidade do tratamento, quando se trata de acidente vascular cerebral, o tempo é fator vital para o paciente. No HGF, o atendimento começa na Emergência, com equipe disponível 24 horas por dia para realização de procedimentos, e segue de acordo com a especificidade do caso. Todos os tipos de AVC são tratados na unidade, tanto o isquêmico (AVCI) quanto o hemorrágico (AVCH). “Nosso tempo de atendimento tem níveis de excelência dos melhores centros de tratamento do mundo”, garante Maia.

Há 12 anos em atividade, a unidade de AVC do HGF é a única do Brasil a ter uma enfermaria exclusiva para tratamento de AVCH. São 15 leitos dedicados para este tipo e 20 para AVCI. Anualmente, mais de dois mil pacientes são atendidos no hospital, número bem acima da média dos principais centros de atendimento do gênero no planeta.

A cada vida salva, uma nova história continua a ser contada. Entre elas, a de José Arimateia Lima. O pintor de 69 anos que costuma acordar cedo, fazer o café e varrer a calçada foi encontrado pela filha caído no banheiro de casa. “Ele não tinha os movimentos no lado direito e estava com a boca torta”, lembra a filha, Gardênia Lima, que logo o levou à UPA do bairro Autran Nunes. Constatados os sinais de AVC, Arimateia foi encaminhado ao HGF. “É inacreditável o que aconteceu na vida do meu pai. Ele saiu sem nenhuma sequela por causa do atendimento do HGF, que foi muito rápido e excelente. Agradeço primeiro a Deus e, depois, ao hospital”, compartilha.

Tecnologia diminui mortalidade e morbidade de pacientes

O procedimento realizado em José Arimateia foi a trombectomia, técnica implantada de forma oficial na unidade de AVC em 2020 e que vem aumentando a eficácia dos procedimentos de remoção dos coágulos no cérebro. “A trombectomia é um procedimento minimamente invasivo no qual puncionamos uma artéria por meio da virilha e introduzimos pequenos materiais que navegam até o coágulo e o retiram”, explica o neurologista Francisco Mont’Alverne.

Procedimento minimamente invasivo, a trombectomia vem aumentando a eficácia de procedimentos de remoção dos coágulos no cérebro

Os trabalhos com a trombectomia no hospital mostram um efeito de tratamento duas vezes mais benéfico para pacientes que se submetem à terapia em relação àqueles que não se submetem. “Com isso, você tem uma redução de mortalidade e um aumento da independência desse paciente ao sair de alta”, complementa o médico. Apenas cinco unidades no País realizam a técnica, sendo o HGF o único do Nordeste.

O investimento em tecnologia assistencial requer uma interdisciplinaridade médica ainda mais forte, pontua Fernanda Maia. “E esse é exatamente o nosso foco, buscando expandir cada vez mais a integração entre os serviços de Neurologia, Radiologia Intervencionista e Neurocirurgia para otimização do cuidado dos nossos pacientes de qualquer tipo de AVC”.

Pesquisa em destaque

Além de referência em atendimento, o HGF é também um grande destaque internacional quando o assunto é pesquisa em AVC. “Os estudos internacionais pensam no HGF pela qualidade do que a gente faz. Conseguimos estruturar dados científicos de qualidade atendendo mais de dois mil pacientes no ano. Não existe isso no mundo”, sublinha Mont’Alverne. A última publicação de destaque foi na The New England Journal of Medicine, uma das revistas médicas científicas mais importantes do mundo e o segundo periódico indexado mais citado no planeta.land Journal of Medicine, uma das revistas médicas científicas mais importantes do mundo e o segundo periódico indexado mais citado no planeta.

Equipe multiprofissional do HGF atende cerca de dois mil pacientes com AVC por ano

Outro destaque que também foi publicado pela revista é o estudo Resilient, financiado pelo Ministério da Saúde e desenvolvido em parceria com pesquisadores de todo o Brasil para comprovar a eficácia da trombectomia. “Foi uma publicação importantíssima porque mudou a diretiva do Ministério da Saúde. O tratamento foi incorporado por causa desse estudo”, afirma Fernanda Lima.

Dedicação multiprofissional

“Por que somos referência? Porque existe uma equipe treinada e comprometida querendo sempre que dê certo, apesar de todas as dificuldades. Todo mundo é sensível”, avalia Fransisco Mont’Alverne. A equipe a qual ele se refere vai desde o enfermeiro que recebe o paciente na porta da Emergência, passando pelo maqueiro que corre contra o tempo nos corredores da unidade, até o tratamento pós-alta que os pacientes recebem no ambulatório.

Ainda no hospital, alguns pacientes precisam passar por reabilitação física e motora, com suporte das equipes de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. O serviço psicológico também é oferecido, quando necessário. Entre seis meses e um ano de acompanhamento ambulatorial, o paciente recebe alta e continua na unidade básica de saúde mais próxima da residência dele.

Estudos desenvolvidos sobre AVC no HGF coloca a unidade no farol do mundo em relação à pesquisa

“Nossa missão é devolver o paciente da melhor forma possível à comunidade”, diz a coordenadora de Enfermagem da unidade de AVC, Nair Corso. “Além do atendimento no leito, a gente procura também trabalhar muito a orientação ao cuidado e à prevenção, tanto para o paciente (no caso de segundo AVC) quanto para a família (no caso de primeiro AVC) quando ele sai de alta”.

Quando reconhecer um AVC?

Na vigência de sinais e sintomas de AVC, é fundamental buscar atendimento o mais rápido possível. Mas como reconhecer os sinais? “Basta se lembrar da sigla Samu [do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência]. S de sorriso assimétrico; A de abraço que não sustenta os braços; M de mensagem não compreensível por parte do paciente; e U de urgente”, explica o neurologista chefe da unidade de AVC do HGF, Fabrício Oliveira Lima. “O ideal é o contato imediato com o Samu, que vai fazer uma avaliação rápida e transportar o paciente para o local mais adequado”.

É possível prevenir um AVC?

Na grande maioria dos casos, o AVC é prevenível. “Existem fatores de risco que são os mais comuns, como pressão alta, diabetes, colesterol alto e excesso de estresse. Por isso, é tão necessário manter hábitos de vida saudável”, orienta o neurologista. Fabrício Lima.

Ele também ressalta a importância de acompanhamento médico periodicamente, principalmente para pessoas que possuem esses fatores de risco. “Tratando adequadamente, é possível evitar 90% dos casos de AVC”.