Mais duas empresas são instaladas no sistema penitenciário do Ceará

30 de novembro de 2021 - 11:43 # # # # # #

Ascom SAP - Texto

O sistema penitenciário do Ceará recebeu a instalação de mais duas empresas. A Onvit, indústria brasileira de processamento e exportação de castanha de caju e a Marisol, especializada em confecção de peças de vestuário, foram inauguradas na Casa de Privação Provisória de Liberdade VI (CPPL 6).

As empresas são uma das oito companhias qualificadas no chamamento público realizado pela Secretaria da Administração Penitenciária. O sistema possui oportunidade de trabalho de variados segmentos em diversas unidades prisionais cearenses.

A Onvit possui mão de obra carcerária de 23 internos, duas supervisoras e capacidade de produção aproximadamente de 5.000kg/mês em uma das etapas do processo de produção da castanha: a raspagem, que é a retirada de forma manual da película da castanha de caju que ainda fica aderida a amêndoa após o beneficiamento industrial. Já a Marisol possui 34 internos trabalhando diretamente na produção, um instrutor, um supervisor e um revisor responsável pelo controle de qualidade. Sua produtividade gira em torno de 1.500 peças por dia.

Com o remodelado sistema prisional, os empresários possuem segurança para investir dentro dos presídios do Estado, gerando emprego, renda, remição de pena e ressocialização real entre os internos. O proprietário da Onvit, Cleber Vidal, se sente grato em ter a oportunidade de iniciar um trabalho social dentro da unidade através do trabalho. “A maior motivação que tivemos para abrir a empresa dentro do sistema prisional foi fortalecer o nosso lado social. Nosso propósito é ajudar esses egressos na ressocialização, pois com essa oportunidade de emprego eles podem se tornar pessoas melhores e principalmente ajudar seus familiares mesmo dentro da unidade”, conclui.

O interno e funcionário da empresa Onvit, João Clóvis, conta que a oportunidade de emprego mudou sua perspectiva de vida. “Esse trabalho que vem sendo desenvolvido pela SAP é uma chance única para nós, pois aqui podemos aprender uma função nova, desenvolver melhor o raciocínio, além de aproveitar bem melhor o nosso tempo. Meu futuro depende de mim, mas a oportunidade quem estão dando são vocês. Estou me preparando e me aperfeiçoando para quando minha saída chegar estarei com a mente sólida, saberei melhor como agir. Com esse emprego, sairei daqui com o pé direito e com a certeza que o meu futuro será totalmente diferente do meu passado”, comemora.

O gerente industrial da empresa Marisol, Madson Brito, conta como surgiu o interesse em investir a empresa na unidade prisional. “Tudo começou com a necessidade em ampliar nossa capacidade produtiva. Tivemos acesso ao projeto “Cadeias Produtivas” e enxergamos grande potencial, resolvendo iniciar essa parceria. A parte mágica da parceria pública e privada é justamente fornecer essa condição para o interno de contribuir para o sustento da sua família, além de resgatar a dignidade como ser humano e na criação de uma perspectiva melhor para o futuro. Um projeto como esse todos os envolvidos ganham: o sistema, a empresa e os internos. Para a empresa existe uma condição da gente ter mais competitividade nessa planta industrial, mas o que facilita bastante é a motivação, empenho e compromisso com o trabalho vindo dos internos para conseguirmos alcançar grande produtividade”, explica.

Para o interno e trabalhador da empresa Marisol, Gilvan Bessa, é gratificante poder ter a oportunidade de crescer profissionalmente mesmo em reclusão. “Aprendi uma nova profissão. Hoje sei costurar, mexo com moldes e confecção de roupas, entendo como funciona uma linha de produção de uma grande empresa. Serão conhecimentos muito valorosos para mim, pois quando sair poderei utilizar em outra empresa ou até mesmo no meu próprio negócio. Além disso, estou ocupando minha mente e meu tempo com coisas produtivas, que vai me ajudar a crescer como pessoa. Sou compositor e músico, mas graças a esse emprego novo terei outra area para explorar e trabalhar. O emprego dignifica o homem e aqui tem muitas pessoas que querem mudar de vida. Eu me incluo nesse meio. Estar preso é uma experiência ruim, mas quando você coloca seu esforço, suas habilidades e conhecimento dentro do ambiente do trabalho isso muda o cenário. Isso dá esperança para o futuro”, afirma.

A coordenadora da Cispe, Cristiane Gadelha, comemora a ampliação das empresas dentro do sistema prisional. “A SAP está próxima em concluir o terceiro ano de industrialização dos presídios cearenses. O balanço nos trás resultados muito positivos para as empresas, além do esperado pelos empresários. Atualmente somos 8 empresas implantadas dentro do sistema, todas com produtividade elevada. Algumas estão com seu quadro de funcionários em ampla expansão e outras em processo de capacitação profissional. A ideia é que possamos convidar outras industrias para conhecer o que está sendo feito no interior das penitenciárias para que possamos dar o direito ao interno a trabalhar. Por que com o trabalho ele tem expectativa melhor da sua saída, além de ajudar sua família com a gratificação que ele recebe do trabalho e combatemos o ócio dentro das unidades prisionais”, enfatiza.

Ampliação

A empresa SkyBeach, especializada em confecção de peças moda praia, completa 1 ano de funcionamento dentro do sistema prisional cearense. Instalada na Unidade Prisional Professor José Sobreira de Amorim, teve oportunidade de ampliar seu quadro de funcionários ao participar de um novo edital de chamamento público e atualmente conta com mão de obra carcerária de 33 internos e 4 funcionários que atuam na supervisão, controle de qualidade, planejamento e metas.

Inicialmente a atividade principal desenvolvida pelos internos era na parte de costura, mas com a ampliação da mão de obra e treinamento supervisionado pela empresa, foi possível desenvolver novas atividades. A partir do desempenho dos internos, a produção de peças aumentou e a realização da atividade manual como embalagem, etiquetagem e revisão foram implementadas. São produzidas por dia cerca de 470 peças.

Pensando no futuro, a empresária e dona da SkyBeach, Josefa Gecilma, pretende implantar métodos de melhoria contínua, como o método KAIZEN, que está associado ao espírito de equipe, demandando o envolvimento de todas as pessoas que trabalham na empresa e no aperfeiçoamento dos processos. “Instalar a empresa no sistema penitenciário, além de trabalhar a ressocialização dos internos e possibilitar a redução de pena para essas pessoas, nós também nos beneficiamos como empresa na diminuição de custos fixos. Pode-se dizer que é a perfeita somatória do sucesso empresarial. Nossa meta para 2022 é ampliar o quadro de funcionários e atingir 60 pessoas trabalhando diretamente na produção das peças”, conclui.

O interno, Antonio Mateus, conta que graças a oportunidade da SkyBeach, pretende montar uma empresa de confecção. “Gostaria de agradecer por estar trabalhando e por aperfeiçoar ainda mais meus conhecimentos na área. Quando eu sair, espero obter sucesso nesse ramo e mudar de vida”, conclui.

Cadeias Produtivas

A instalação de empresas dentro das unidades prisionais faz parte do projeto Cadeias Produtivas. Em 2 anos, o programa já recebeu 8 empresas e em breve receberá mais 2 instalações.

As empresas instaladas são: Mallory (confecção de ventiladores), Ypioca (confecção de camisas de palha, usadas para revestir a garrafa da cachaça), Malwee (confecção de peças de vestuário), Prot Servis (confecção de roupas profissionais), Sky Beach (confecção de roupas), W.Jota Gráfica e Editora (prestação de serviços em gráfica), Onvit (empresa de processamento e exportação de castanha de caju) e Marisol (confecção de peças de vestuário). Estão em processo de instalação as empresas Allure e Hiteck.

O objetivo é oportunizar qualificação e trabalho para todos os internos que cumpram pena dentro do sistema penal. Atualmente, 267 internos estão trabalhando nas empresas instaladas.

Neste projeto, os internos trabalham 40 horas semanais e recebem remição de pena a cada três dias trabalhados. A metade do salário é enviada a família, 25% entra como depósito judicial para benefício futuro do interno em liberdade e os outros 25% retornam ao sistema prisional para investimento em melhoria.

Contato

Empresários ou industriais interessados podem entrar em contato com a Coordenadoria de Inclusão Social do Preso e do Egresso no telefone 3101-7714 ou através do e-mail cispe@sap.ce.gov.br

 

Ouça

Para o secretário da Administração Penitenciária, Mauro Albuquerque, a chegada de novas empresas ao sistema penitenciário do Ceará representa a credibilidade do sistema cearense junto ao setor produtivo.

O secretário Mauro Albuquerque destaca que o objetivo do Governo do Ceará é levar empresas para dentro de todo o sistema penitenciário cearense.

O proprietário da Onvit, Cleber Vidal, se sente grato em ter a oportunidade de iniciar um trabalho social dentro da unidade através do emprego.

O interno e funcionário da empresa Onvit, João Clóvis, conta que a oportunidade de emprego mudou sua perspectiva de vida.

O gerente industrial da empresa Marisol, Madson Brito, conta como surgiu o interesse em investir a empresa na unidade prisional.

Para o interno e trabalhador da empresa Marisol, Gilvan Bessa, é gratificante poder ter a oportunidade de crescer profissionalmente mesmo em reclusão.