Delegado de Polícia: A vocação de cuidar de uma sociedade e promover a justiça social

3 de dezembro de 2021 - 11:42 # # # #

Ascom Polícia Civil

Horas dedicadas aos estudos, rotinas estabelecidas, privação do sono, concursos e a então sonhada aprovação. Para alguns, é assim que se resume o início da carreira de um delegado de Polícia. No dia 03 de dezembro, data que homenageia este profissional, a Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE) conta as histórias de dois servidores que decidiram, não apenas passar em um concurso público, mas exercer a atividade de cuidar de uma sociedade com o objetivo de promover a justiça social. Para ser um delegado de Polícia é necessário entender que não é somente uma escolha. Na verdade, alguns profissionais citam que é a profissão que os escolheram.

Com 34 anos de carreira e conhecendo de perto a realidade de uma sociedade, o delegado da PC-CE, José Alberto, conta emocionado o que motivou e como construiu uma carreira tão consolidada na Segurança Pública do Estado do Ceará. “Comecei a carreira sem querer ser delegado, na verdade, meu pai me incentivou, mas eu acredito que tudo tem um propósito, e com certeza eu nasci para ser um delegado de Polícia Civil”, comenta ele.

Atuando desde 1986 como delegado, José Alberto de Oliveira Filho, de 60 anos, recebeu do pai o mesmo nome e a dica de servir e cuidar da sociedade. Com atuações em municípios como Aracati, Cascavel, Eusébio e na Divisão de Investigação Criminal e, no início dos anos 2000, chegando ao topo da carreira policial como superintendente da PC-CE (cargo hoje definido como delegado geral), o delegado Alberto relata que se fosse para definir sua profissão em uma única palavra, seria honra. “Eu aprendi, durante todos esses anos, que ser delegado é uma honra cuidar e ajudar daqueles que nos pedem ajuda. Eu trabalho para o povo, porque eu sou um deles. Eu amo o que faço, porque eu amo cuidar e servir”, destacou José Alberto.

O melhor pagamento para o delegado é a gratidão

Entre as inúmeras ações como delegado, José Alberto, com os olhos marejados, relembra uma prisão em flagrante pelo crime de furto. Na época, na década de 1980, um homem havia furtado uma televisão de uma senhora bastante humilde. Horas em diligências na região de Cascavel, os investigadores conseguiram prender o alvo e restituído o objeto. Como forma de agradecimento, a vítima, que ficou bastante emocionada, entregou ao servidor uma pequena quantia de castanhas pois, naquele momento, era o que mais valioso ela poderia dar para o delegado Alberto.

“Parece simplório, mas para mim foi bastante significativo, ela não poderia me entregar nada, até porquê, meu trabalho já é pago pelo Estado, mas eu vi ali uma gratidão tão grande, que nenhum salário seria maior do que conseguir devolver a esperança e a alegria de uma pessoa que acreditou no meu trabalho”, finalizou ele.

 

Do luto a vontade de promover a paz

Com 11 anos de carreira, a Delegada Ivana Marques, de 44 anos, e atualmente delegada adjunta da Delegacia de Combate à Corrupção (Decor), da PC-CE, ressalta que ser um servidor público e, principalmente, um delegado de Polícia, tem que ter na essência da profissão a humanização, dedicação, paciência e coragem. “Ser delegado é um desafio constante, para aqueles que possuem 30, 40 anos de atuação, como os que, assim como eu, estamos no começo da carreira. A reciclagem é diária e constante, pois a Segurança Pública se renova diariamente e devemos e temos a obrigação de nos renovarmos com ela.

Ivana relembra que aos 12 anos de idade passou por uma situação difícil, a perda de um ente querido para a violência. A dor trouxe a necessidade de querer modificar, não como uma forma de se vingar, mas de tentar aos menos não deixar impunes crimes letais e não letais que poderiam acontecer com outras pessoas que ela amava. “Quando eu decidi ser policial, eu não entrei com a intenção de me vingar, mas eu queria promover a justiça. Vivenciar a perda de quem tanto se ama e não poder interferir, me magoou muito. Mas hoje, como delegada, eu percebo que eu posso sim intervir, proteger, cuidar e promover a paz. Porque a Polícia Civil é a primeira instituição a promover e garantir que a justiça seja feita”, disse ela.

Ivana Marques iniciou a carreira em algumas delegacias do interior do Ceará, depois teve a oportunidade de trabalhar em delegacias especializadas na proteção da mulher e de crianças e adolescentes. Nessa fase, a delegada relembra que, apesar de ser desafiador estar à frente nas investigações de crimes que têm como vítimas os grupos vulneráveis, foi fundamental seu crescimento como ser humano e, principalmente, não perder a humanização para ajudar a curar algumas feridas que para as vítimas são difíceis de cicatrizar.

“Quando eu trabalhei na Delegacia de Defesa da Mulher, além de tentar solucionar um crime, prender os alvos, eu precisava ouvir, encorajar, devolver a essas mulheres que foram tão violentadas, a vontade de viver, e ensiná-las a voltarem a se amar. Minha função, sem dúvidas nenhuma, é de investigar, prender e promover essa justiça, mas com um olhar mais amigável, humanizado, eu buscava levantar essas vítimas para que a partir dali elas pudessem ter uma nova trajetória de vida”, finalizou.

Em 2018, foi inaugurada a Delegacia de Proteção ao Idoso e à Pessoa com Deficiência (DPIPD) e à frente deste marco para a PC-CE, estava a Dra Ivana Marques, que na época se tornou a titular da especializada. “Comparados a outros delegados tão importantes desta instituição, eu quero dizer que para mim, com tão pouco tempo de carreira, estar à frente de uma especializada tão significativa para a sociedade, foi uma realização profissional. Eu pude dar visibilidade para pessoas que se achavam invisíveis. Com a especializada, conseguimos dar voz e justiça para pessoas tão fragilizadas, eu tenho muito orgulho disso”.

“E, para essas novas gerações, para esses novos delegados e delegadas que estão chegando, eu desejo que tenham o mesmo amor que o nosso, que é cuidar do outro, que é ouvir, entender, conhecer e estar tão próximo da sociedade. Ser delegado é trabalhar e honrar quem nos procurou, é promover a justiça de forma clara. Pois para mim, ser delegada não é uma escolha, é uma vocação, e é ter muita coragem, pois é uma profissão desafiadora”, finalizou ela.