Ceará Científico Digital: projetos apresentam soluções para demandas do cotidiano

10 de dezembro de 2021 - 15:37 # # # #

Bruno Mota - Ascom Seduc

A cada edição do Ceará Científico – projeto da Secretaria da Educação (Seduc) que faz parte da política de popularização das ciências, cultura e tecnologia do Governo do Ceará – são apresentadas novas soluções para demandas reais da sociedade. A iniciativa, que coloca o jovem no centro do processo produtivo do conhecimento, ocorre neste ano de maneira virtual e conta com o engajamento expressivo das escolas da rede pública estadual. O evento teve início na última quarta (8) e se encerra nesta sexta-feira (10), com programação no Youtube e no Google Meet.

Os trabalhos de pesquisa são desenvolvidos pelos alunos, com o auxílio de professores orientadores, e promovem um legado criativo para a posteridade, demonstrando o potencial da escola pública cearense.

Sonolência ao volante é considerada um dos principais motivos de acidentes de trânsito no Brasil. Percebendo esta realidade, um grupo de alunos da Escola Estadual de Educação Profissional (EEEP) José Vidal Alves, em Canindé, desenvolveu um mecanismo capaz de identificar sinais de adormecimento por parte do motorista, que emite aviso em caso de necessidade.

Praticidade

O projeto foi denominado “Control Sleep – Um app gratuito para monitoramento da sonolência em condutores de veículos”. Trata-se de um aplicativo de smartphone que capta a visão do ser humano, inclusive em ambiente escuro. Utilizando a câmera do celular e uma placa de LEDs infravermelhos, feita com materiais reaproveitados, é possível reconhecer movimentos faciais e alertar o motorista para que procure um local para repousar.

O acessório emite uma luz invisível a olho nu. Ao todo, quatro pontos de LED retirados de controles remotos antigos são soldados em uma pequena placa circular, que é colocada em volta da câmera frontal do celular. A alimentação elétrica do dispositivo pode ser fornecida pela própria bateria do smartphone, ou então pela porta USB no painel do veículo.

“A necessidade de uma aplicação dessa em um país como o Brasil é grande, pois são muitos os profissionais que atuam nas estradas. A carga horária desses trabalhadores costuma ser extensa, o que não é recomendável. Após horas sem dormir, o condutor pode apresentar a falta de reflexo e de atenção que se equipara à de uma pessoa embriagada, correndo o risco de perder o controle na pista, devido ao sono”, explica o estudante Djavan Torres, um dos membros da equipe desenvolvedora do Control Sleep. O projeto foi orientado pelo professor Estevão Sousa.

Consciência ambiental

O plástico é visto como uma das grandes preocupações ambientais da atualidade. Um grupo de alunas da Escola de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTI) Menezes Pimentel, em Pacoti, sentiu-se instigado a tomar uma providência em relação à questão e idealizou um produto alternativo ao plástico, que apresentasse as mesmas funcionalidades deste e não gerasse danos ao ecossistema.

“O plástico leva de 20 a 500 anos para se decompor, fragmentando-se em pedaços cada vez menores, nunca desaparecendo completamente dos ecossistemas”, explica a estudante Isabelly Torres, membro da equipe orientada pela professora Edisley Mayra dos Santos.

Daí, surgiu a ideia do projeto do bioplástico, composto feito a partir do amido de banana verde, que apresenta a mesma qualidade, elasticidade e resistência do polímero tradicional. “Para a fabricação dos materiais a partir do bioplástico, foram processadas 10 unidades de banana verde com um litro de água. Em seguida, foi feita a filtragem, a decantação e o cozimento da massa, junto com 25g de amido, 20ml de vinagre, 10ml de glicerina e 150ml de chá de canela, que serve como antifúngico natural e aumenta a durabilidade do material”, detalha Isabelly.

Letícia de Alencar, também componente do grupo, leva em conta a aplicação de produtos biológicos na composição do objeto. “O bioplástico é mais vantajoso devido à utilização de materiais renováveis, que diminuem a poluição causada pela degradação do plástico petrolífero, reduzindo também a exalação de gases que causam o efeito estufa, além de contribuir para a geração de emprego com a produção de polímeros biodegradáveis”, considera.

Instrumento didático

A aprendizagem da Matemática, disciplina por vezes considerada de difícil compreensão, pode ser facilitada com o uso de ferramentas interativas. A estudante Cibelly Clemente, da EEMTI Alda Férrer Augusto Dutra, em Lavras da Mangabeira, percebeu esta necessidade e criou o projeto Matec – Matemática e Tecnologia, junto com outros colegas e o apoio da professora Daguimar Ferreira. A iniciativa utiliza a informática como recurso pedagógico e favorece o desenvolvimento de aspectos cognitivos, como explica a jovem.

“Nosso aplicativo nasceu com o intuito de ajudar os alunos a memorizar fórmulas. Através do método da repetição, é possível aprender desde fórmulas mais simples, até mais complexas, como a do tronco do cone. Ao digitarmos os valores, a plataforma traz todos os cálculos necessários”, explica. Atualmente, o mecanismo trabalha com quatro assuntos: cilindro, geometria analítica, equações de 2º grau e triângulo retângulo.

“Nosso aplicativo é muito eficiente, principalmente, nesse momento de pandemia, pois funciona como um ponto de apoio, que não necessita de internet e ocupa apenas o espaço de uma foto na memória do celular. Contribui muito para nos aprofundarmos na Matemática, estudando a disciplina de forma mais lúdica e prazerosa”, indica Cibelly.

Encerramento

Nesta sexta (10), a partir das 17h, terá início a cerimônia de encerramento do Ceará Científico Digital, com a palestra “Importância das feiras científicas e iniciação científica para alunos de Ensino Médio”, proferida pela professora Roseli de Deus Lopes, do Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EP-USP).

Logo após, haverá a solenidade de premiação dos trabalhos vencedores desta edição, em cada uma das categorias.

O Ceará Científico Digital 2021 é promovido pela Seduc, em parceria com a Seara da Ciência, entidade vinculada à Universidade Federal do Ceará (UFC); o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI); e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

A ação faz parte do Programa Ceará Educa Mais, desenvolvido pelo Governo do Ceará, por meio desta Secretaria, com o objetivo de elevar o desempenho acadêmico e aprimorar as competências socioemocionais dos estudantes da rede pública estadual de ensino.