Internas e internos do sistema prisional cearense recebem identidade profissional de artesãos
14 de dezembro de 2021 - 14:28 #Arte em Cadeia #Ceart #IPF
Ascom SAP
A Secretaria da Administração Penitenciária, em parceria com a Central de Artesanato do Ceará (CeArt), entregou nessa segunda-feira (13) a identidade profissional de artesãos para internos e internas participantes do projeto “Arte em Cadeia”.
A entrega do documento ocorreu no Instituto Penal Feminino Auri Moura Costa (IPF), sendo 42 internas desta unidade e 50 internos da Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes. Atualmente são 265 artesãos beneficiados pelo projeto, em sete unidades prisionais da Região Metropolitana de Fortaleza.
Com o cadastro de identidade artesanal, os internos artesãos poderão ter direitos a benefícios fiscais, como a isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no Ceará, a realização de cursos com a CeArt e o direito à hospedagem na Casa do Artesão.
Bordado, vagonite, ponto cruz, crochê, macramê, renda tenerife e fuxico são as técnicas ensinadas pelos profissionais artesãos que trabalham no programa. Peças como bolsas, almofadas, panos de prato, caminho de mesa, jogo americano, tapetes, toalhas de bandeja, dentre outros artigos são produzidas diariamente pelas mãos habilidosas dos apenados. No projeto Arte em Cadeia são confeccionadas 500 peças por mês e distribuídas nos dois pontos de vendas: Emcetur e Feirinha da Beira Mar. A renda arrecadada é revertida em prol do projeto, para a aquisição de mais materiais para a continuidade dos trabalhos.
Além disso, os internos que participam do projeto recebem como benefício a remição de pena de um dia para cada três dias trabalhados na produção. A capacitação, além de preencher de forma funcional o tempo de reclusão, é uma oportunidade de reinserção social.
A coordenadora de Inclusão Social do Preso e do Egresso, Cristiane Gadelha, comemora a vitória dos novos profissionais. “A Secretaria da Administração Penitenciária está muito feliz por desenvolver o projeto “Arte em Cadeia” e poder entregar para 92 internos a identidade artesanal. Esse programa foca na produção de artesanatos de qualidade, valorizando essa profissão para que eles possam, na liberdade, terem um novo caminho de vida. A CeArt está conosco do nosso lado todo este ciclo, expedindo essas identidades estabelecendo que a partir de hoje eles são profissionais, com técnicas que eles desenvolveram por um longo processo de capacitação. A comemoração é de todos para essa nova etapa”, disse.
A gerente de produção da CeArt, Ticianne Gomes, ressalta a importância do programa para os internos que participam e para a sociedade. “A Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS), através da CeArt, tem um programa de desenvolvimento do artesanato o qual identifica, cadastra, capacita, os artesãos. Esses são os primeiros benefícios que estamos entregando para essas pessoas privadas de liberdade, além da identidade artesanal. Possivelmente, quando saírem das unidades, poderão ingressar no mercado de trabalho. É um programa de geração de renda, não só para eles, mas para todos os artesãos cadastrados. Mesmo após a capacitação, damos todo o suporte e isso ajuda para que cada vez mais pessoas conheçam o nosso artesanato cearense”, atenta.
Para o interno e artesão, José Maria Pinheiro, da Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes, a carteira é a esperança para uma nova realidade de vida. “Esse projeto é muito importante para nós, pois nos faz sentir úteis, aproveitamos mais nosso tempo e temos uma integração com os nossos colegas de forma mais saudável e proveitosa. Quando sair daqui irei ter uma profissão digna e tenho certeza que serei um profissional que agregarei valores lá fora. Essa carteira de identidade artesanal nos deixa muito felizes, pois sabemos que o que estão fazendo por nós está dando bons resultados e tenho certeza que o comércio vai nos aceitar muito bem”, comemora.
A interna e artesã do projeto, Francisca Lúcia, do Instituto Penal Feminino Auri Moura Costa (IPF), agradece a oportunidade de conquistar uma profissão. “Aprendi muitas técnicas e pretendo abrir uma ONG para resgatar pessoas através do trabalho e do artesanato. Estou muito feliz e ansiosa para começar a comercializar nas feirinhas ou em qualquer lugar, pois sei que nosso trabalho será muito bem-vindo. Só tenho que agradecer a todos os envolvidos por essa chance. Atualmente dou conta de 20 alunas, ensino tudo que aprendi para que elas também possam virar profissionais”, conclui.
O secretário da Administração Penitenciária, Mauro Albuquerque, agradece o empenho de todos os internos de acreditarem em si para trilharem um caminho diferente. “Vocês estão tendo uma oportunidade. Essa é a nossa obrigação, mas vocês precisam aproveitar. Nossa missão é servir e servir é um ato nobre. E a missão de vocês é voltarem para a sociedade transformados. Gostaria de agradecer também a todos os parceiros que ajudam a buscar um futuro decente para essas pessoas que precisam da gente. Então, sigam em paz, aproveitem para aprender ao máximo”, finaliza.