Da análise em locais de crime à identificação de pessoas desconhecidas: conheça a atuação dos papiloscopistas da Pefoce

7 de fevereiro de 2022 - 09:18 # # # # # #

Ascom Pefoce - Texto e fotos

Uma atividade pouco conhecida pela sociedade, mas de grande importância para a segurança pública e para serviços essenciais de identificação e cidadania. Assim é a Papiloscopia. Em comemoração ao dia do papiloscopista, marco no último sábado (5), a Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) parabeniza a atividade e apresenta um pouco da aplicação dessa ciência e como os servidores desempenham suas atividades.

Papiloscopia é a ciência que trata da identificação humana através das linhas papilares presentes nas palmas da mão. Na Pefoce, a aplicação dessa ciência é extensa. Os servidores responsáveis pelas análises papiloscópicas, lotados na Coordenadoria de Identificação Humana e Perícias Biométricas (CIHPB), realizam a coleta, levantamento, análise de vestígios e organização de toda base civil e criminal de impressões digitais do Estado.

O trabalho não se restringe apenas às impressões digitais para fins de investigação de crimes, mas a toda identificação humana, incluindo pacientes que dão entrada em hospitais e abrigos públicos sem documentos, além da identificação ainda dos corpos que dão entrada na Pefoce. A atividade dos papiloscópicos é de suma importância para o Poder Judiciário no esclarecimento de crimes.

Uma perícia de excelência tem o poder de respaldar a autoridade policial de provas para solucionar um crime. “A atividade da papiloscopia é um trabalho conjunto a todas as especialidades da perícia. Ela auxilia nas investigações de forma a identificar algum suspeito’’, relata o auxiliar de perícia Farnésio Vieira que atua no Laboratório de Impressão Papiloscópica (LIP).

Na CIHPB, os profissionais são responsáveis pela identificação de pessoas por meio da análise das impressões digitais, além de atuar em locais de crimes, identificação civil entre outras atribuições, sempre mantendo em comum o método científico da extração e análise das impressões digitais para a identificação humana.

Laboratórios

Atualmente, a Pefoce possui três laboratórios que integram a Coordenadoria de Identificação Humana e Perícias Biométricas (CIHPB) e auxiliam na identificação humana. São eles, o Laboratório de Impressão Papiloscópica (LIP), o Laboratório de Identificação Necropapiloscópica (LIN) e o Laboratório de Identificação de Desaparecidos (LID).

O Laboratório de Impressão Papiloscópica (LIP) é responsável por coletar as impressões digitais de objetos e locais de crime para a identificação de suspeitos. Já o Laboratório de Identificação Necropapiloscópica (LIN) realiza a identificação dos corpos que dão entrada na Coordenadoria de Medicina Legal (Comel). O método científico é responsável pela identificação de cerca de 90% dos corpos que chegam à Pefoce.

O terceiro e último laboratório a fazer parte da CIHPB, é o Laboratório de Identificação de Desaparecidos (LID). Quando hospitais públicos e abrigos possuem pessoas sem o documento de identificação, um servidor da Pefoce é solicitado para realizar a coleta das impressões digitais do indivíduo que se busca descobrir os dados e verifica as informações junto ao banco de dados da Pefoce. As informações obtidas ajudam a identificar a pessoa e, em muitos casos, auxilia na localização da família.

Identificação civil e criminal

Outra atividade papiloscópica realizada pelos auxiliares de perícia da CIHPB é a análise das impressões digitais para emissão das carteiras de identidade de 1ª e 2ª via. A análise papiloscópica para a confecção dos documentos é uma importante atividade que evita fraudes e previne o Estado de sofrer golpes. A análise das impressões digitais é capaz de verificar se os padrões das impressões fornecidas e apresentadas são de uma mesma pessoa, pois cada uma possui um único padrão em suas digitais.

Tecnologia

Além da identificação civil, os profissionais da CIHPB também são responsáveis pela identificação criminal, outra atividade de extrema importância para a segurança pública. Com a base de dados da Pefoce, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) desenvolveu o aplicativo Portal de Comando Avançado (PCA), que auxilia na identificação de pessoas por meio de uma pesquisa biométrica.

Relação com a física

O auxiliar de perícia, Farnésio Vieira, que está na Pefoce desde 2008, é doutorando em física e relaciona a formação profissional com a atividade exercida no Laboratório de Impressão Papiloscópica. “O trabalho no laboratório de papiloscopia é muito disciplinar e é composto por várias áreas, seja química ou física. Utilizamos alguns métodos físicos e químicos que auxiliam muito na revelação de uma impressão latente. Para conseguir sucesso na operação, aplicamos uma série de técnicas, como a luz forense, contraste, filtro, reagente químico, entre outros. Toda essa multidisciplinaridade é extremamente eficaz para o êxito na revelação, obtendo uma impressão de qualidade, sendo suficiente para usar numa comparação. Quando se tem conhecimento de determinada área, principalmente física e química, o trabalho é facilitado, colaborando para um resultado excelente”, explicou.

Lado social

Por se tratar de uma ciência em construção, a papiloscopia é envolta de possibilidades. A todo momento surgem situações diferentes, que exigem do profissional mais dedicação e motivação. Além da parte criminal, a papiloscopia trabalha também com o lado humano e social. Essa parte mais sensível do trabalho é de grande importância para sociedade, seja na identificação de desaparecidos, ou nas identificações que são realizadas nos hospitais. O auxiliar de perícia e assessor técnico do Laboratório de Identificação de Desaparecidos (LID), Humberto Quezado, que se diz apaixonado pela papiloscopia, relata seu fascínio pela profissão. “Minha relação com a papiloscopia é, primeiramente científica, e, em segundo lugar, funcional. Sou pesquisador e vejo o mundo com a ótica da ciência na maioria das vezes. Assim, a papiloscopia tem sido uma ciência que, aliada às outras áreas da Medicina Legal, tem me encantado demais, pois, a cada dia eu posso me sentir deslumbrado com as coisas boas que ela pode proporcionar à vida das pessoas, desde dignidade até justiça e o reencontro com família”.

Em janeiro de 2021, Humberto Quezado participou da identificação de um homem que, após sofrer um mal súbito em via pública, deu entrada em uma unidade hospitalar de Fortaleza sem qualquer documento e foi reconhecido por meio de impressão digital. No caso, a equipe do LID atendeu ao pedido do hospital e, no momento do atendimento, utilizou o aplicativo Portal de Comando Avançado (PCA). A confirmação da identidade do paciente foi realizada após a análise do LID e, em seguida, a família do paciente, que já estava à procura do parente, foi contatada.

Para Humberto, é de grande importância essa identificação no hospital, antes mesmo que as famílias comecem as procuras. “Pensando nos benefícios dessa ciência para a sociedade, criei um protocolo (que está em análise e em breve poderá ser aprovado em um ambiente científico), e busco identificar essas pessoas, para os fins mais diversos, desde transplantes, realização de exames, reajuste do tratamento de saúde, até aplicação da justiça criminal. Hoje vejo que é a parte do meu salário que não é em dinheiro”, destacou.

A perícia papiloscópica é um dos meios de provas mais eficazes que existe, tanto para a indicação de autoria de crimes, como na busca de pessoas desaparecidas. Possui grande relevância para o inquérito policial, auxiliando nas investigações nos locais de crime e na identificação humana. Diante disso, a Pefoce parabeniza todos os profissionais que empregam a ciência da papiloscopia, nossos servidores que orgulham a instituição e toda a sociedade cearense pela qualificação e resultados obtidos na busca da verdade real. Nosso intuito sempre será promover a Justiça e reduzir a impunidade.