Mulheres cientistas falam de suas trajetórias na Segurança Pública do Ceará

11 de fevereiro de 2022 - 10:33 # # # # # #

Ascom SSPDS

Neste especial conheça as histórias de mulheres que escolheram a trajetória da inovação e da ciência e atuam na Segurança Pública do Estado.

As mulheres têm sim espaço na Segurança Pública. Determinação, superação e conhecimento são características encontradas em todas elas, que atuam na Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS-CE) e suas vinculadas. No Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, muitas delas que fazem parte das Forças de Segurança do Estado se dedicam inteiramente ao trabalho de servir e proteger os cearenses. São profissionais que estão lotadas na Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce), na Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp) e em outros órgãos vinculados, que a SSPDS homenageia neste 11 de fevereiro, data estabelecida por resolução da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) de 2015.

O conhecimento científico e a dedicação dessas profissionais podem ser vistos das mais diferenciadas formas, seja em investigações para a elucidação de crimes, colhendo dados e evidências a partir do campo da perícia forense ou do desenvolvimento de ferramentas de inteligência da polícia. Em todas essas funções, a dedicação dessas mulheres faz uma grande diferença na proteção aos cidadãos cearenses e no fortalecimento da Segurança Pública.

Inovação e tecnologia

A cientista chefe da SSPDS, Emanuele Santos, é Graduada em Ciências da Computação pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Ela estudou cinco anos nos Estados Unidos, onde concluiu doutorado em Computação pela University of Utah.

“As mulheres não podem desistir, é importante ter paciência, procurar grupos de apoio e partilhar experiências da sua área de atuação e não se deixar abater. Estudar e se aperfeiçoar a todo instante. E quando o resultado vem é muito gratificante. Se você tiver a oportunidade de ir para outro país, se dedicar, você tem acesso a outras possibilidades também. Durante o doutorado me dediquei bastante e fiz vários cursos em paralelo que auxiliaram na minha carreira de cientista”, explica Emanuele.

Emanuele conduz o desenvolvimento de ferramentas da Segurança Pública do Ceará. Desde 2015, atua na SSPDS no desenvolvimento de ferramentas como o Status e o Big Data Cerebrum. Ela é doutora em Computação pela University of Utah e ingressou em projetos chancelados pela pasta cearense desde 2014, a partir do desenvolvimento da ferramenta Status, com a compilação de dados espaciais, manchas criminais com bordas vermelhas, que visualizam a evolução temporal a partir do horário do dia, entre outras características que auxiliam as ações policiais. Além do Status, em 2018, a cientista também atuou no Projeto Segurança Pública Integrada (SPI), desenvolvido pela SSPDS com apoio da Universidade Federal do Ceará (UFC). À época, a tecnologia possibilitou o mapeamento de condutas delitivas em infinitos cenários, facilitando a gestão eficiente dos recursos de policiamento, investigação e inteligência da Segurança Pública. Ela também desenvolveu outra ferramenta, dessa vez de busca, com o Cerebrum. Agora, a cientista desenvolve uma nova de visualização de trajetórias a partir da mobilidade e de coordenadas geográficas.

“Os projetos na Segurança Pública têm o apoio do Projeto Cientista da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), programa que tem como objetivo unir o meio acadêmico e a gestão pública. Por meio dele, equipes de pesquisadores trabalham nas secretarias ou órgãos mais estratégicos do Governo do Estado para identificar soluções no campo da ciência, tecnologia e inovação que possam ser implantadas para melhorar os serviços. A partir da Lei Estadual 17.378, de 4 de janeiro de 2021, o programa teve mais relevância. Porém, a implantação do Cientista Chefe já existe desde 2018 na SSPDS. Para mim, é muito gratificante atuar no conhecimento científico desenvolvendo ferramentas que auxiliam o bem-estar da sociedade”, conta Emanuele.

Elucidação de crimes

Danielle Magalhães também é cientista na Segurança Pública e atua como perita legista no Núcleo de Toxicologia Forense (Nutof) da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce). Seu trabalho está ligado à análise laboratorial de substâncias para diagnósticos de crimes violentos, que chegam ao laboratório da Coordenadoria de Análises Laboratoriais Forenses.

A farmacêutica é graduada pela Universidade Federal do Ceará (UFC) desde 2011 e mestre em Toxicologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Danielle trabalha no campo da toxicologia forense a partir de amostras biológicas. Ela estuda para desenvolver um novo método de cromatografia gasosa–espectrometria de massa, ou espectrometria de massa por cromatografia em fase gasosa. Esse método analítico combina os recursos de cromatografia em fase gasosa e espectrometria de massa para identificar diferentes substâncias em uma amostra de teste. Os termos são complicados para o entendimento geral da população, mas a própria profissional explica para o que servirá esse novo método.

“Com esse novo método podemos detectar mais drogas e sermos mais rápidos nas liberações dos laudos. A toxicologia é muito complexa, devido todos os dias surgirem novos tipos de drogas, além das drogas puras que já existem. Por isso, estudo muito para aperfeiçoar ainda mais os meus laudos”, explica Danielle.

A cientista conta que há seis anos trabalha como perita legista. Na Pefoce, ela tem contato direto com a medicina legal quando chegam casos de ocorrências de trânsito, acidentes de trabalho, crimes sexuais e homicídios. A partir da toxicologia forense, Danielle tem como identificar e quantificar substâncias que causaram a morte de um indivíduo, e assim, auxiliar os trabalhos policiais para elucidação de diversos casos que chegam à Pefoce.

“Nosso trabalho é multidisciplinar, pois temos acesso ao local de crime recebendo amostras e vestígios e também apoiamos os trabalhos do médico legista auxiliando o laudo da causa da morte”, ressalta.

Como cientista forense, Danielle estabelece o foco na causa da morte, com exames de alcoolemia, que é a dosagem de álcool no sangue, dosagem de drogas no sangue e na urina, a identificação de substâncias tóxicas e aquelas que também podem ser encontradas em vísceras humanas colhidas a partir do trabalho do médico legista. Todas as análises passam por várias etapas até chegar ao laudo conclusivo.

“Leio muito, procuro as melhores extrações a partir da triagem e do uso das tecnologias laboratoriais de ponta que a Pefoce conta, como o Cromatógrafo Gasoso, equipamento que detecta substâncias. Todas as tecnologias laboratoriais utilizadas nos dão suporte para identificar as substâncias e chegar ao máximo de precisão”, explica.

A cientista ressalta que as mulheres têm espaços na Segurança e na Ciência. “Trabalho com muito amor e doação. E acredito que isto inspira outras mulheres a atuarem na Segurança Pública, na área da perícia forense. Quando temos sonhos e sabemos o que queremos nada pode nos limitar. Para mim é gratificante elucidar crimes e ajudar ao máximo famílias que estão em sofrimento dando o alívio que elas precisam”, finaliza Danielle.

Mulheres na ciência

A questão de gênero tem sido cada vez mais relevante nos debates da Organização das Nações Unidas (ONU), que em sua agenda até 2030, relaciona a igualdade de gênero e a redução das desigualdades como objetivo do desenvolvimento sustentável. O estabelecimento de uma data específica para se comemorar a inclusão de mulheres e de meninas na ciência, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) – agência especializada da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura – constitui uma oportunidade para a promoção do acesso à ciência, bem como para o tratamento equânime para a participação da mulher em diretrizes de igualdade de gênero.

Na mesma linha, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) já fomentou discursões com o objetivo de estimular a formação de mulheres nessas áreas e despertar o interesse vocacional de estudantes do sexo feminino da educação básica e do ensino superior para essas profissões e para a pesquisa científica e tecnológica.

Apesar de os números de mulheres com bolsas de iniciação científica e também as com mestrado e com doutorado serem superiores aos homens, as mulheres representam cerca de 33% do total de bolsistas em pesquisa do CNPq. Segundo dados da Unesco, estima-se que 30% dos cientistas do mundo sejam mulheres.

“Mesmo com todas as dificuldades, as mulheres se destacam em suas atuações como pesquisadores, cientistas e suas contribuições têm recebido, cada vez mais, reconhecimento. A mulher pode atuar onde ela quiser. E ela vai se inserindo em espaços onde ela pode mudar a cultura acolhedora do ambiente de trabalho, e essa abertura encontrei na Computação e na Segurança Pública”, revela Emanuele.