“Transfabuladores”: estudantes da Escola Iracema das Artes lançam coletivo de escrita
14 de fevereiro de 2022 - 12:43 #criação #criatividade #diálogo #Escrita #Percurso Transfabulações #Porto Iracema #Programa de Formação Básica #transformação
Ascom Porto Iracema - Texto e foto
Grupo reúne participantes do Percurso Transfabulações – Experiências Ficcionais, do Programa de Formação Básica, realizado entre os meses de outubro de 2021 e janeiro deste ano
Reunir experiências criativas plurais, da capital e do interior, por meio do diálogo entre quem entende a escrita como ato de transformação. É com essa perspectiva que nasce o Coletivo Transfabuladores. A iniciativa é composta por participantes do percurso “Transfabulações – Experiências ficcionais”, realizado entre os meses de outubro de 2021 a janeiro deste ano na Escola Porto Iracema das Artes — instituição da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult) gerida pelo Instituto Dragão do Mar (IDM).
Formado por 16 autores, o grupo é diverso e reúne escritores cearenses com experiência e iniciantes. Os participantes têm formações em diversas áreas, como filosofia, antropologia, história, arquivologia, cinema, fotografia, educação, comunicação e meio ambiente.
O percurso “Transfabulações — experiências ficcionais” integra o Programa de Formação Básica da Porto Iracema. A formação é uma experiência ampliada da oficina “Fábulas de Janeiro”, ministrada pelo escritor Joca Terron e realizada tradicionalmente no período de férias. Com curadoria de Joca, a primeira edição do percurso contou com escritores renomados da literatura contemporânea brasileira.
Paulo Scott, escritor e um dos orientadores do Percurso, destaca o engajamento dos participantes em seus projetos literários. Para ele, iniciativas coletivas como o Transfabuladores fortalecem a cena local de arte e literatura. “Sem isso não se faz uma cena – e sem uma cena forte a produção de uma geração [de um local] não ganha o mundo da forma que ganharia se houvesse uma cena forte/fortalecida”, avalia.
Rede de afetos e de criação
Mara Beatriz, jornalista e integrante do Transfabuladores, ressalta que a ideia de formar um coletivo surgiu a partir da formação na Escola. “Foi durante a aula de um dos módulos. Os professores pediam para que nós lêssemos os nossos textos e assim fomos criando uma amizade, a partir da escrevivência de cada um”, conta.
A abordagem temática, assim como o coletivo, é plural, percorrendo temas da realidade à ficção. “A proposta é se jogar no mundo mesmo com diversos gêneros [literários]. A gente pegou o mote que veio de não ter nenhum tipo de restrição em relação à estrutura, forma, ao conteúdo e nem ao objeto que é trabalhado”, explica Mara.
Como coletivo, esses artistas pretendem dar continuidade à criação literária por meio da produção, leitura e curadoria coletiva de textos. Além de concorrer a publicações via editais, concursos literários e realizar oficinas e palestras em espaços culturais públicos.
Produtora cultural e integrante do coletivo, Carliane Capitu, fala sobre o impacto da organização coletiva para a produção cultural no Ceará. “É importante pra gente descobrir esses novos territórios que podemos ocupar na nossa cidade e no interior”, comenta.
ewa niara, multiartista e pesquisadora, fala da importância de compor o Transfabulações. “Hoje se tornou mesmo uma rede de apoio, sabe? E eu vejo que, assim, enquanto uma travesti preta, favelada, que vem realmente de outras lógicas fora das estruturas de arte padrão, é muito [importante] para mim e para o meu trabalho”, avalia.
Sobre o Transfabulações
O percurso “Transfabulações – Experiências ficcionais” foi dividido em seis módulos: “Literatura desfazendo gêneros”, “Tradução como procedimento de escrita”, “Poesia e visualidade”, “Imaginar a memória: antropologia e criação literária”, “É preciso falar, não é preciso calar” e “Narrativas públicas”, além de ciclos de orientações de escrita intercalados em cada módulo. Teve a participação de Ronaldo Correia de Brito, Ingrid Fagundez, Paulo Scott, Amara Moira, Stephanie Borges, Julia Debasse, Diego Vinhas e Marco Severo.
Totalmente on-line e gratuito, o ciclo formativo aconteceu de outubro de 2021 a janeiro de 2022, com a oferta de 30 vagas e a adoção de políticas afirmativas, destinando metade das vagas para residentes do interior do Ceará e pessoas autodeclaradas pretas, pardas, indígenas, quilombolas, com deficiência, travestis, transexuais e transgêneros.
Sobre a Escola
A Porto Iracema das Artes é a escola de formação e criação do Governo do Ceará, instituição da Secretaria da Cultura (Secult) gerida pelo Instituto Dragão do Mar (IDM). Criada em 29 de agosto de 2013, há oito anos desenvolve processos formativos nas áreas de Música, Dança, Artes Visuais, Cinema e Teatro, com a oferta de Cursos Básicos e Técnicos, além de Laboratórios de Criação. Todas as ações oferecidas são gratuitas.