“Observo mulheres amadurecendo, apropriando-se da sua independência e galgando espaço”, analisa Lúcia Bezerra, servidora do HSJ

8 de março de 2022 - 11:34 # # # # # # #

Letícia Maia - Ascom Sesa - Texto
Diego Sombra/HSJ - Fotos

As histórias da servidora Lúcia Bezerra e do Hospital São José, equipamento com 52 anos de assistência à população, foram construídas de maneira simultânea e complementar

Nesta terça-feira, 8 de março, celebra-se o Dia Internacional da Mulher. A ascensão do protagonismo feminino, aliada à quebra de paradigmas ultrapassados, vem, irreversivelmente, ganhando visibilidade ao longo do tempo.

Dos 68 anos de vida de Lúcia Bezerra, 51 vêm sendo profissionalmente dedicados ao Hospital São José (HSJ). O equipamento, vinculado à Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), iniciou as suas atividades em 1970, apenas um ano antes da contratação da servidora. Ambas as histórias, focadas no cuidado ao próximo, foram construídas de maneira simultânea e complementar.

Ao atingir a maioridade, motivada pelo sonho da autorrealização e da independência financeira, Lúcia cruzava, pela primeira vez, o portão da unidade hospitalar, localizada no bairro Parquelândia, em Fortaleza. Munida da experiência laboral precoce adquirida ao longo da infância pautada por dificuldades econômicas, sua trajetória de sucesso foi iniciada.

“Eu precisei começar a trabalhar muito cedo. Sempre acreditei em dias melhores e, desde criança, sempre quis crescer. Antes de entrar no HSJ, eu passei por restaurantes, lojas e repartições. Assim, aprendi sobre boa comunicação, liderança e senso de justiça. Coisas que trago para a vida. A partir disso, entendi que iria vencer”, lembra.

Revisitando memórias, a hoje supervisora de Serviços Gerais elenca, com carinho, os setores do HSJ dos quais já fez parte ao longo das últimas décadas. “Comecei na portaria, atendendo os pacientes que chegavam para internamento. Depois, passei pela contabilidade e pelas contas médicas. Daí, em 1986, o então diretor, Dr. Anastácio de Queiroz [ex-secretário da Saúde entre 1995 e 2002], convidou-me para o cargo que honro e ocupo há 36 anos. Faça as contas. Já faz muito tempo”, diz, bem-humorada.

A vocação, baseada no acolhimento, foi aprimorada em virtude da característica da unidade, que cuida de pacientes acometidos por doenças infecciosas.

“Desde que entrei, testemunhei atendimentos a casos de raiva, tétano, meningite, hepatite, poliomielite, HIV/aids. Com a pandemia de covid-19, um novo desafio se impôs. O bem-estar do paciente é a razão de ser deste hospital. Sinto-me representada pelo propósito”
Fortalecida ao longo do tempo, a certeza da força feminina alçou Lúcia a novos patamares. “Em 2002, com mais de 50 anos de idade, concluí o ensino superior e conquistei o título de pedagoga. Observo as mulheres amadurecendo, apropriando-se da sua independência e galgando esse espaço, tanto profissional quanto socialmente”, analisa.

Novos aprendizados, mesma disposição

Os esforços, no entanto, não foram poucos. “Busquei, lutei, dava plantão, estudava à noite, mas nada era um sacrifício. Sempre encarei como algo saudável. Temos que seguir buscando novos aprendizados, com humildade, para vencer e trazer benefícios para nós mesmas e para o mundo”, completa.

A satisfação pessoal vem preservando, no decorrer das quase sete décadas de vida, a mesma disposição experimentada na juventude. “Acordo às 4h30 da manhã com a mesma vontade e empolgação de quando eu era mais jovem. Não perco o ânimo e gosto de contagiar positivamente as pessoas. Meu maior legado é continuar presente no Hospital São José, coordenando a minha equipe com humanização, oferecendo bons exemplos, sentindo-me realizada e respeitada ao longo de todas as gestões”, assegura.

Lúcia Bezerra ocupa o cargo de supervisora de Serviços Gerais no HSJ, mas já passou pelos setores de contabilidade e de contas médicas, além da portaria

Neste Dia da Mulher, Lúcia compartilha sua experiência, sobretudo, com as novas gerações. “Meu conselho é de que a mulher nunca desista, busque se respeitar e seguir firme na direção dos seus objetivos. Sempre temos o que aprender, tanto do ponto de vista profissional quanto sentimental. Parabenizo cada uma de nós, que somos lindas, batalhadoras e guerreiras. Vamos em frente”, vibra.