Icterícia pode causar danos irreversíveis em recém-nascidos se não tratada adequadamente

10 de março de 2022 - 15:27 # # # # #

Diana Vasconcelos e Teresa Fernandes - Ascom HMJMA e HRN Texto e Fotos

A icterícia, normalmente, manifesta-se entre o terceiro e quinto dia de vida do recém-nascido

A icterícia é um dos problemas mais comuns nos recém-nascidos, sendo caracterizada pela coloração amarelada da pele, olhos e mucosa. Seu tratamento, se iniciado já nos primeiros sintomas, é eficaz. Entretanto, a demora no diagnóstico pode ocasionar danos irreversíveis, inclusive, cerebrais.

“O importante é, assim que a mãe notar [o tom amarelado], procurar auxílio médico”, alerta a pediatra neonatologista Ana Larissa de Melo Bezerra, do Hospital e Maternidade José Martiniano de Alencar (HMJMA), unidade da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa).

Segundo a especialista, a doença é causada pelo excesso de uma substância produzida pelo fígado, a bilirrubina, que torna a pele amarelada e precisa ser dosada e é detectada por meio de exame de sangue.

A pediatra neonatologista do HMJMA, Ana Larissa de Melo, explica que a icterícia é causada pelo excesso de bilirrubina no organismo

“A dosagem é importante porque existem dois tipos de icterícia: a fisiológica, em que o tratamento não é necessário e é a mais comum; e a patológica, quando o bebê precisa de fototerapia, pois traz riscos a saúde”, esclarece a médica.

A icterícia, normalmente, manifesta-se entre o terceiro e quinto dia de vida do recém-nascido, mas também pode acontecer já no primeiro dia, sendo classificada como precoce. Independentemente do tempo, a assistência médica é fundamental. “A bilirrubina não se deposita só na pele e nos olhos, podendo aparecer no cérebro e causar neurotoxicidade. Então, pode ser danosa e causar até retardo mental no bebê, com alterações irreversíveis”, destaca Bezerra.

Tratamento

A fototerapia é realizada por meio de um equipamento que emite uma luz capaz de quebrar o excesso de bilirrubina presente na corrente sanguínea, de forma que ela seja eliminada mais rapidamente pelo organismo. Geralmente, os bebês precisam se submeter ao procedimento por algumas horas. Entretanto, a terapia só deve ser finalizada quando o nível de bilirrubina alcançar um nível considerado seguro.

Nascida no último dia 3 de março, no HMJMA, e diagnosticada com síndrome de Down, a pequena Elisama necessitou permanecer internada na neonatologia de médio risco. Já no terceiro dia de vida, a recém-nascida revelou os primeiros sintomas de icterícia e iniciou a fototerapia. “Estou feliz porque ela está bem, está melhorando e aprendendo a mamar. Ainda bem que estávamos aqui [na maternidade], porque ela fez logo o procedimento”, declara a dona de casa Telivânia Silva de Holanda Santos, 41, mãe de Elisama.

A pequena Maria Clara recebe fototerapia no Hospital Regional Norte

O tratamento é ministrado nas unidades da Rede Sesa que possuem neonatologia, como o Hospital Regional Norte (HRN), em Sobral, onde nasceu Maria Clara, no dia 4 de março. A pequena precisou de cuidados na Unidade de Cuidado Intermediário Convencional (Ucinco) do HRN para tratar uma doença congênita. Lá, também foi diagnosticada com icterícia e passou por sessões de fototerapia. A mãe da criança, a dona de casa Maria Amanda Rodrigues de Sousa, 23, elogia a assistência recebida. “É bom o atendimento aqui. Eles explicam direitinho o que está acontecendo com nossos filhos”, garante.

Além do HRN, a fototerapia também é realizada no Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC), no Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), no Hospital Geral de Fortaleza (HGF) e no Hospital Regional do Sertão Central (HRSC).

Causas

As causas da icterícia são diversas, entre elas, estão a prematuridade, a oferta inadequada de leite materno, diabetes materna, predisposição genética e a incompatibilidade sanguínea entre mãe e filho, quando um tem fator RH positivo e o outro negativo.