Familiares de crianças e adolescentes com transtornos mentais recebem acompanhamento multiprofissional no HSM

11 de março de 2022 - 15:43 # # # #

Milena Fernandes - Ascom HSM

A aposentada Francisca Maia, 72, tem um filho de 15 anos que faz tratamento no Núcleo de Atenção à Infância e Adolescência (Naia) do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Ela conta que há dez anos, o adolescente é acompanhado por ser diagnosticado com deficiência mental e intelectual. Com o tratamento realizado, o jovem tem apresentado um quadro estável, porém, recentemente, ela se desestabilizou emocionalmente e também precisou de acompanhamento no mesmo local onde o filho é atendido.

“Cuidar de um adolescente com transtorno mental não é fácil e precisa de muita paciência, orientação e equilíbrio. Com tanta dedicação a ele, eu não cuidava de mim e vinha me sentindo muito nervosa, com insônia, não conseguia nem me alimentar direito, tinha tontura, dores de cabeça constantes e tremores no corpo. Comecei a ser atendida aqui no ambulatório da família e, atualmente, sinto-me bem melhor”, afirma.

O Ambulatório de Famílias do Naia é direcionado a pais e responsáveis dos pacientes acompanhados pelo hospital. “Nós realizamos o atendimento e tratamento das crianças e adolescentes, e percebemos a necessidade de receber os familiares, pois a partir do momento em que atendemos o cuidador, também estamos cuidando melhor dos jovens, pois eles estão dentro de uma rede de relação complexa”, explica o psiquiatra Vicente Linhares.

“A partir do momento em que atendemos o cuidador, também estamos cuidando melhor dos jovens, pois eles estão dentro de uma rede de relação complexa”, explica o psiquiatra Vicente Linhares.

No momento, os atendimentos são realizados individualmente, porém devem ficar restritos aos familiares de pacientes com transtornos mentais mais graves. “Também queremos direcionar o foco do nosso cuidado para atendimentos em grupo. Dessa forma, vamos trabalhar várias questões relacionadas ao cuidado e ao que pode ser melhorado em casa com a criança, pois sabemos o quanto é difícil fornecer essa atenção”, pontua Linhares.

O Ambulatório tem como perfil o atendimento aos familiares que acabaram desenvolvendo crises de ansiedade e depressão. No entanto, demandas ligadas à educação parental, com abordagem no relacionamento e no acompanhamento dos pacientes com transtorno mental também são trabalhadas.

O serviço conta com uma equipe multiprofissional, formada por psiquiatra, psicólogo e assistente social, que atua em conjunto para garantir uma rede de suporte aos cuidadores assistidos no Ambulatório.

“Fazemos também o acompanhamento dos familiares que moram mais distante, mantendo contato com profissionais de postos de saúde e revendo questões do local onde o paciente está inserido, pois entendemos que existem questões complexas. Por isso, pensamos em diversas alternativas terapêuticas para cuidar das pessoas que estão passando por sofrimento mental”, afirma o psiquiatra.