Dia Nacional da Poesia: SSPDS presta homenagens aos profissionais da segurança que enveredam por esse gênero literário

21 de março de 2022 - 12:21 # # # #

Ascom SSPDS

“Salvar eu salvei sem nenhum temor…/Dei provas não contestes do ardor/que assaz movimenta assim minh’alma, /sendo luz duma dor que clama calma./ Se sou senhor supremo sem sermão./ Se não me busca sempre n’aflição./ Outra mão que não a minha você sente:/ mão estendida, firme, num repente…” O trecho do soneto “Salvaguardar” do tenente-coronel Nijair Araújo Pinto exprime o lado poético desse oficial do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBMCE) que dedica sua vida no serviço à sociedade, sem deixar de lado o lirismo impregnando na escrita de seus versos. É nesse contexto, que a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS-CE) homenageia, nesta segunda-feira, 21 de março, Dia Mundial da Poesia, os representantes de suas vinculadas que também têm destinado suas vidas enveredando pelo mundo da poesia.

O Dia Mundial da Poesia foi o dia escolhido na 30ª Conferência Geral da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), em 1999, para homenagear esse gênero literário, promover a diversidade das línguas e intensificar os intercâmbios entre culturas. É também uma oportunidade para que leitores conheçam a poesia de novos autores, além de reverenciar os grandes nomes da poesia mundial, como: Arthur Rimbaud, Carlos Drummond de Andrade,Federico García Lorca,, entre tantos outros

Aqui no Ceará, destacamos, na data de hoje, quatro profissionais que exercem suas funções em instituições que compõem as Forças da Segurança e verbalizam, por meio desse gênero literário, suas mais diversas emoções. Além do tenente-coronel do CBMCE, Nijar Pinto, conheça um pouco do fazer poético do subtenente da Polícia Militar do Ceará, Eliésio Alves da Silva, do tenente-coronel do CBMCE Ricardo Catanho, atualmente assessor da Diretoria de Estratégia de Segurança Pública (Diesp) da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp), e do auxiliar de perícia da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce), David Pinho.

Legado imaterial

Atual comandante do 4° Batalhão de Bombeiro Militar, com sede em Iguatu (CE), o tenente-coronel Nijair Pinto (50 anos) conta que desde criança tem paixão pela escrita versada influenciado por seu avô, Vicente Pereira, que também era poeta. No mundo das letras, já publicou 13 livros entre contos, romances, crônicas, temáticas ligadas à educação e os que versam sobre poesia ‘Deusa Lua’, ‘Cais de sonetos’, ‘Descompondo’, ‘A Carne – Versos Baquistas’. “Tenho vários outros livros no prelo, aguardando o momento oportuno para saírem da gaveta. Atualmente, trabalho no projeto, em que todos os poemas são baseados em textos do filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900), da obra ‘A Gaia Ciência’”, informou.

Em 2011, o coronel Nijair Pinto participou de muitos concursos literários, sendo premiado em alguns deles. “De todas as premiações, a que reputo como a mais significativa foi o 1° lugar obtido no XXI Concurso Nacional de Poesias Augusto dos Anjos, em Leopoldina (Minas Gerais). Para mim, foi uma honra ter vencido o concurso que faz alusão a um dos maiores poetas brasileiros, o homenageado Augusto dos Anjos”, destacou. O ‘Metade Doutra Sombra’ foi o poema campeão deste concurso. Segue trecho do poema. Poema completo conferir em: https://www.recantodasletras.com.br/poesias/3987310

“Metade doutra sombra” (trecho do poema)

…Do seu tempo até o meu, Augusto, há vários novos túmulos!

Mas, também houve novas melodias de pesadas nuvens cúmulos…

E a vida, entre o calor e o frio; entre o Sol e a Lua e as nuvens.

Ressurge a cada nova aurora, sem nada nos perguntar a nós!

Se estamos em grupos, gregários, ou se estaremos a sós,

O importante é que estejamos bem, reluzentes, cheios de lúmens!

 

Ah, querido Augusto, como ainda existem as plebeias!

As desilusões da cama, quando pulsam as sedentas artérias,

Não se tornaram inférteis – apesar da evolução humana.

Os corpos ainda se buscam e agora, de modo mais profano,

Multidões de acéfalos se destemperam nesse mundo insano,

Caçando o prazer alhures, movidos pela maldita trama!

O acervo literário de coronel Nijair pode ser conferido nos sites Recanto das Letras e Kd Frases e também no Youtube. “Tenho quase três mil textos e pensamentos publicados nesses sites. E no Youtube há uma miscelânea, onde se encontram aulas de Matemática e Física, poemas, alguns improvisos que faço no violão e na guitarra. A arte funciona como terapia, extravasamento de energias e, acima de tudo, uma forma de me comunicar com amigos e estranhos, na tentativa de deixar um legado imaterial, que transcende a finitude da existência”, informou.

Filosofando poesias

O subtenente da Polícia Militar do Ceará, Eliesio Alves da Silva (49 anos), lotado na 2ª Companhia do Batalhão de Policiamento de Guarda Externa dos Presídios (2ª Cia/BPGEP), antes de enveredar pelas letras versadas, era desenhista criando histórias em quadrinho como passatempo. “Isso foi até os meus 15 anos. A partir dos 16 anos, resolvi mudar para a literatura. De lá para cá escrevi centenas de poesias e reflexões ao longo de mais de 33 anos de dedicação”, lembra.

Em sua trajetória como poeta, o subtenente Eliesio escreveu seis livros, três deles publicados: ‘Meditando nas Reflexões Poéticas’ (2005), ‘Meditando nas Reflexões Poéticas – vol. 2’ (2010) e ‘A Poesia em Sonetos – Sentimentos na Timidez’ (2020), uma coletânea de 120 sonetos. “Provavelmente este ano devo lançar o volume 2 de A Poesia em Sonetos – Sentimos na Ousadia. Atualmente estou trabalhando em um livro de Filosofia, ‘O Domínio da Morte’. Nesse livro, procuro explicar a imortalidade nesta vida”.

Como poeta e filósofo, o militar aconselha as pessoas a nunca desistirem de seus projetos de vida. “Devemos acreditar no sonho. Por mais difícil que seja, é o começo para tudo que nos dediquemos. E nunca devemos perder a esperança, mesmo que não haja expectativa alguma”. A seguir, uma poesia do livro e ‘A poesia em Sonetos – Sentimentos na Timidez’:

Criando um modo ser feliz

Dezenas de invernos passei nesta vida,

Relembrando os fatos jamais voltados;

Refazendo outra vez no meu dia a dia,

Novas recordações ficadas no passado.

 

Criando alternativas que fossem diferentes.

Fantasiando acontecimentos contrários,

A realidade na qual estive presenciando

Mas, em seu lugar, nos meus sonhos…

 

Lembranças felizes sem as devidas existências;

Pelas quais, ficaram nas realidades ou fantasias,

Ocultadas e todos os meus segredos pessoais.

 

Com isto recriei muitas condições de ser feliz

Por mais vividos ou simplesmente imaginadas,

Juntos às mudanças ocorridas nos pensamentos.

Poesia e política

Atual assessor da Diretoria de Estratégia de Segurança Pública (Diesp) da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp), o tenente-coronel CBMCE, Ricardo Catanho, destaca que em virtude do hábito da leitura de diversos temas, a escrita poética foi apresentada em sua vida ainda na infância. “Tive vários textos em tempos esparsos e nunca expostos, até alguns deles serem descobertos durante a minha licenciatura em Língua Portuguesa, na Universidade Estadual do Ceará (Uece) e posteriormente levados à publicação do meu primeiro livro de poesia, no ano de 2004, intitulado ‘Rascunhos Poéticos’. Já meu segundo livro na seara poética foi publicado em 2014, sendo esse denominado de ‘Desenhos Poéticos’.” O escritor chegou a ser indicado ao Prêmio Jabuti de Literatura em 2004, obteve o 1º lugar em um concurso de um shopping em Fortaleza e o 2º lugar geral em um concurso de poesias, em 2018, entre todos os servidores públicos do Ceará.

Além dessas publicações, o tenente-coronel Ricardo Catanho, que é doutor e mestre em Planejamento e Políticas Públicas, tem livros editados em várias áreas como defesa civil, direito e em segurança pública. “Aconselho a prática de leitura e escrita não limitada à esfera romântica, haja vista que a poesia pode e deve abordar todos os temas, desde política até crenças religiosas, desde ciências até segurança pública, dentre outros”, ressalta. A seguir a poesia Política do livro ‘Desenho Poéticos’’:

A política,

Em sua essência e rítmica,

É sujeita a toda crítica;

 

Contudo,

Me aprofundo,

E não confundo

Com a “politicalha”

Esta, mais que falha,

Chega a ser canalha;

 

A verídica política

Em sentido amplo

Causa espanto

Desde sua antiga ideia

Dos tempos

De sua grega “politeia”

Até nossa atual colmeia;

 

Sendo o homem,

Aristotelicamente,

Um animal político

É mais que típico

Seu exercício

No particular

E no ofício;

 

Ainda que sem saber

Mesmo sem querer

A humanidade respira

A política

Não há como ser

Apolítica.

 

Musa inspiradora

O auxiliar de perícia Antônio David Ramos de Pinho (39 anos), lotado na Coordenadoria de Análises Laboratoriais Forenses (Calf) da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce), tem em seu avô materno a inspiração pelas paixões por livros e por Literatura. “Eu tinha uma admiração muito grande por ele. Ele era autodidata, tendo estudado somente até a antiga segunda série do primeiro grau. Ele era poliglota e poeta, escrevia e recitava versos como ninguém. Havia uma biblioteca na casa dele que tinha uns 15 metros quadrados, cheia de estantes lotadas de livros, de preciosidades. Então, quando eu via a porta daquela biblioteca aberta eu ficava lá maravilhado olhando para aqueles livros. Sempre fui apaixonado por livros, por leitura e, consequentemente, por escrita. Esses episódios na casa do meu avô, me deram bastante gosto e eu sempre tive uma queda pela poesia, chegando a escrever alguns versos quando adolescente”, relembra.

No entanto, essa verve literária despertou ainda mais quando, nos últimos anos, David Pinho conheceu a sua musa inspiradora que ativou o seu modo poeta novamente. O motivo desse primeiro passo foi a sua esposa Lídia Pinho. “Comecei a escrever alguns versos para ela em algumas datas, momentos especiais e cada vez mais escrevendo, até que atualmente conto com a quantidade de 70 poemas escritos que estão todos registrados em um perfil do Instagram (@ocontadordepoemas)”. David e Lídia Pinho estão casados

Essas poesias culminaram, em agosto de 2021, no lançamento do seu primeiro livro de poesias a partir de uma coletânea de 27 poemas escolhidos, intitulado ‘Poesia Lírica, Poesia Lídica’. “O nome foi escolhido em homenagem à minha esposa. Os meus versos estão sempre ligados ao romantismo, ao amor, à paixão. São poemas românticos daqueles que você dedica à pessoa amada”, destaca.

O eterno apaixonado elegeu essa poesia para demonstrar essa expressão maior de seus sentimentos por meio das palavras:

Na correria do dia a dia

É que se encontra a calmaria

em tom, cantando a melodia

de se viver sem agonia.

 

Em ti eu vejo a alegria

que me carrega a bateria

manhã ou noite, ou meio-dia,

em qualquer hora, em qualquer dia.

 

Não existisse, inventaria

a gente junto, eu buscaria,

a eternidade que se inicia,

no amanhecer de cada dia.

Sobre o modo de fazer poesia, David Pinho ressalta: “A poesia é um mundo muito interessante e gigante, onde cabem diversas formas de escrita, com rima, sem rima, romântica, nostálgica, com métrica, sem métrica, regional e por aí vai. Portanto, tem espaço para todo mundo que queira enveredar para esse tipo de escrita”. No entanto, David destaca que é preciso gostar muito de ler. E para começar a escrever, segundo o poeta, não tem muito segredo: “Caneta e papel, ou um aparelho eletrônico para escrever, e mãos à obra. Deixa o pensamento fluir e vai ajustando a escrita, modificando palavras e deixando o poema da forma que você quer. Mas, antes de tudo, o mais importante é gostar de poesia, é gostar de escrever para deixar uma mensagem com um acabamento poético, com aquele encanto, aquela atmosfera da poesia”, orientou.