Porto Iracema das Artes recebe filósofo e professor Renato Noguera em masterclass gratuita e aberta ao público

28 de março de 2022 - 16:03 # # # # # # #

Raphaelle Batista - Ascom Escola Porto Iracema das Artes - Texto
Arquivo Pessoal - Foto

Evento marca lançamento das “Poéticas Afroindígenas”, operador poético das experiências formativas da Escola em 2022

No último ano letivo de 2021, as experiências formativas da Porto Iracema das Artes — instituição da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult) gerida pelo Instituto Dragão do Mar (IDM) — evidenciaram a recorrente emergência de questões relacionadas à nossa ancestralidade indígena e africana. A partir dessa interpelação, a Escola definiu como operador poético as “Poéticas Afroindígenas”, que mobilizará o ano letivo de 2022 com debates e processos criativos. No próximo dia 1º de abril, uma sexta-feira, o Porto Iracema inicia as programações com o professor e filósofo Renato Noguera em masterclass, a partir das 19h, no pátio interno da escola. Após a masterclass, Noguera lançará o livro “Por que amamos: o que os mitos e a filosofia têm a dizer sobre o amor”.

Com o título “Entre a Potência do Amor e o Poder do Ódio”, Noguera irá refletir sobre caminhos possíveis das sociedades em crise. Uma provocação mais do que relevante nos tempos atuais, como avalia a diretora de formação e criação do Instituto Dragão do Mar (IDM) e da Escola Porto Iracema, Bete Jaguaribe. “Os debates em torno do nosso operador poético anual são momentos de aprofundamento de questões que nossos processos nos indicam, num diálogo com a experiência social. Nesse cenário nacional de intolerâncias e brutalidades, nossa aproximação com nossas ancestralidades é um movimento precioso e urgente para fortalecer nossas travessias”, sublinha a professora.

A ideia das Poéticas Afroindígenas é aprofundar e avançar, ao longo de todo o ano, em debates sobre as relações de sensibilidade, conhecimento e práticas ancestrais que vêm emergindo na construção dos processos de formação em artes. Diversas são as pesquisas artísticas que passaram pelos Laboratórios de Criação nos últimos dois anos que acionaram referências, memórias e poéticas indígenas e africanas, bem como as muitas formas de desigualdade social e destruição dos recursos naturais do País. Projetos como Encantadas, de Eliana Amorim, que tem por base os saberes mágicos das mulheres curandeiras da Chapada do Araripe; Arqueologia de Luzes Negras, de David Felício e Jorge Silvestre, que recupera as lutas pela resistência e re-existência dos cearenses; e Comicidades e questões de gênero, do Coletivo Yabás, que se aprofunda no protagonismo feminino e LGBT+ da população de pessoas negras e periféricas em Fortaleza.

Além disso, a autoafirmação racial e étnica de artistas que ocupam a Escola em projetos de criação, na orientação teórico-metodológica de cursos e disciplinas e em eventos como palestras e apresentações artísticas também têm chamado atenção para a urgência da revisão profunda dos princípios e práticas que geram exclusões de toda ordem na realidade brasileira. Nesse contexto, as tradições africanas e indígenas têm sido um horizonte dessa análise.

Durante toda a semana, o filósofo Renato Noguera cumprirá uma agenda de visitas e conversas com o corpo de gestores das experiências de formação do Instituto Dragão do Mar, que inicia um processo de reflexão sobre as respectivas práticas pedagógicas, que ocorrerá em todo o ano 2022. “O encontro com o filósofo Renato Noguera é o primeiro de uma série de outros momentos que acontecerão neste ano, com os diversos públicos engajados nos projetos de formação do IDM: alunos, professores, parceiros”, observa Bete Jaguaribe.

Sobre Renato Noguera

Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), filósofo e escritor. Publicou, dentre outros livros, “Por que amamos: o que os mitos e a filosofia têm a dizer sobre o amor”, “Nana & Nilo na Cidade Verde” e “Ensino de Filosofia e a Lei 10639”.

Sobre o Operador Poético de 2022

A percepção de um movimento que emerge da experiência da Escola instigou a instauração do operador “Poéticas Afroindígenas”, por meio do qual se pretende avançar o debate, ao longo de 2022, sobre saberes e práticas ancestrais de nossa cultura e as implicações delas em processos de formação artística. Tradições indígenas e africanas são o horizonte da Porto Iracema para uma reflexão sobre a realidade de desigualdades e opressões da sociedade.

O operador poético do Porto Iracema das Artes é definido anualmente, com base nas interpelações indicadas pelo ano letivo, imediatamente anterior. Em 2016, o operador que orientou as ações formativas da Porto Iracema foi “Narrativas”; em 2017, foi a vez das “Utopias”; em 2018, destacamos as “Poéticas do Feminino”; no ano seguinte, 2019, vivenciamos as “Poéticas da Existência”; e, em 2020, refletimos sobre as “Poéticas de Coexistência”. Já em 2021, trouxemos as “Poéticas de Travessia”.

Sobre a Escola

A Porto Iracema das Artes é a escola de formação e criação em artes do Governo do Estado do Ceará, ligada à Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, sob gestão do Instituto Dragão do Mar (IDM). Criada em 29 de agosto de 2013, há oito anos desenvolve processos formativos nas áreas de Música, Dança, Artes Visuais, Cinema e Teatro, com a oferta de Cursos Básicos e Técnicos, além de Laboratórios de Criação. Todas as ações oferecidas são gratuitas.

Serviço

O quê: Masterclass “Entre a Potência do Amor e o Poder do Ódio”, com filósofo e professor Renato Noguera
Quando: Sexta-feira, 1 de abril, às 19 horas
Onde: Escola Porto Iracema das Artes (Rua Dragão do Mar, 160 – Praia de Iracema)
Gratuito e aberto ao público