Ciência de dados e estatística a serviço da segurança pública

26 de abril de 2022 - 16:36 # # # #

Ascom SSPDS

Poucas pessoas sabem, mas durante a segunda guerra mundial foram feitos vários estudos através da estatística e, entre eles, alguns para entender a configuração ideal de lançamentos de bombas pelos aviões aliados e para prevenir que os aviões fossem abatidos ao serem atacados. Ao longo do século XX, os métodos estatísticos utilizando ciência, tecnologia e lógica foram aperfeiçoados para a investigação e a solução de problemas em várias áreas do conhecimento humano. No caso do combate à criminalidade, seu uso é essencial por parte dos governos e das forças policiais. Dados estatísticos, análises criminais, mapas, séries temporais, dashboards, entre outros, integram a rotina de profissionais da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp) que trabalham na Gerência de Estatística e Geoprocessamento (Geesp).

Na terceira reportagem da série comemorativa ao quarto ano de aniversário da Supesp, vinculada da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS-CE), conheceremos mais sobre esse setor responsável não apenas pela geração dos dados, mas, sobretudo, por sua leitura detalhada e científica, o que possibilita uma compreensão mais precisa para tomada de decisão dos gestores e da elaboração de políticas públicas para a segurança pública no Ceará.

Em parceria com as vinculadas e coordenadorias da SSPDS, em 2018, nasceu a Supesp, mantida como única instância oficial para a compilação e divulgação de dados estatísticos da SSPDS/CE. A partir daí, estava ampliado o escopo do que já era realizado no âmbito da segurança pública.

Nesta entrevista com o gerente de estatística Franklin Martins, conheceremos mais sobre a funcionalidade desse setor estratégico para a segurança pública. Graduado em Estatística, com Mestrado em Administração e Controladoria, ambos pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Franklin Torres, 41, é atualmente o gerente da Gerência de Estatística e Geoprocessamento (Geesp) da Supesp. Foi membro pesquisador mestre do Observatório do Federalismo Brasileiro (OFB), vinculado à Secretaria do Planejamento e Gestão do Ceará (Seplag-CE), e diretor de Estatística do Instituto Ampla Pesquisa e Opinião.

Ascom/Supesp – Você participou dessa fase inicial, quando o setor de estatística ainda não era uma gerência e nem existia a Supesp. Como o setor funcionava?

Franklin Torres – Em 2009, quando começamos com a estatística, primeiro conhecemos a base de dados e os sistemas utilizados eram poucos e o acesso era muito difícil. A partir daí, vieram os treinamentos e a aquisição de softwares. Passamos, então, a compilar os dados e tratar os dados com mais precisão para a elaboração de estratégias internas pelos gestores e posteriormente externas pelas forças de segurança.

Ascom/Supesp – Como a tecnologia ampliou o alcance da estatística? De forma prática, como os sistemas avançaram e como contribuem para uma melhor análise de dados para serem aplicados à segurança pública?

Franklin Torres – Os sistemas avançaram bastante no sentido de alcance. O Sistema de Informação Policial (SIP) da PC-CE, por exemplo, era restrito à cidade de Fortaleza e aos grandes municípios e, em seguida, foi universalizado para os municípios menores com a versão 3W em 2014. Com isso, foram homogeneizadas as versões do sistema. A cada mudança, automaticamente, já há a implementação em todas as delegacias. Com o desenvolvimento da tecnologia e ampliação desse trabalho, conseguimos informações estruturadas e homogêneas. Dessa forma, evoluímos bastante na questão do georreferenciamento, que nos possibilita a apresentação das manchas criminais. Hoje, temos o sistema Status (Sistema Tecnológico para Acompanhamento de Unidades de Segurança), que nos fornece dados de forma rápida e intuitiva.

Ascom/Supesp – Como as capacitações promovidas pela Geesp junto às forças policiais surtem efeito na prática, no dia a dia nas ruas?

Franklin Torres – As capacitações proporcionam que a gente dê mais autonomia às forças vinculadas da SSPDS-CE. Ao invés de depender do fornecimento de dados da Geesp, as próprias forças de segurança conseguem gerar seus dados, mapas, manchas criminais, de forma rápida e autônoma. Só precisa das atualizações. Isso é uma via de mão dupla, que gera benefícios para ambas as partes. Os agentes têm um acesso mais rápido e nós ficamos com mais tempo pra trabalhar em outras atividades, no aprimoramento das bases de dados, no desenvolvimento de novas estatísticas e análises, dando assim maior capilaridade em termos de estatísticas.

Ascom/Supesp – Como os sistemas Status, SPWeb, Painel Dinâmico, ajudam aos agentes de segurança na formulação de estratégias de segurança e combate à criminalidade?

Franklin Torres – Os sistemas ajudam na formulação de estratégias, quando eles acompanham os números de cada localidade de sua área no painel dinâmico. Com os sistemas, identificamos quais áreas são mais críticas e a polícia consegue atuar de forma mais planejada, quais os horários das ocorrências, quais os dias da semana, qual a distribuição e mapeamento, etc. Como toda estrutura funciona agora de forma homogênea, temos a unificação informações e de modo rápido e preciso.

Ascom/Supesp – A Geesp é formada por quantos profissionais e quais áreas de formação ou especialização?

Franklin Torres – A Geesp conta atualmente com oito profissionais, quase todos formados em estatística, sete, e um bacharel em administração, além de terem especialização em áreas variadas que contribuem com trabalhos diversos. Alguns têm mestrado em administração e de controladoria, em gestão de projetos, sistemas de tecnologias da informação até ciência de dados,
para complementar esses conhecimentos aplicados aos sistemas de segurança pública.

Ascom/Supesp – Como são disponibilizados os dados estatísticos no site da Supesp e como isso fortalece o princípio da transparência da informação para o cidadão?

Franklin Torres – Mensalmente, no caso das estatísticas consolidadas, tanto no site da Supesp por meio do painel dinâmico, quanto no site da SSPDS, onde o sistema já é alimentado pelo setor da estatística no formato de PDF e Xls, com os dados abertos para pesquisadores, jornalistas e o público em geral.