Especialistas do HSM alertam sobre os perigos do uso excessivo de telas por crianças e adolescentes

6 de junho de 2022 - 14:50 # # # # # #

Milena Fernandes - Ascom HSM Texto
Brauliana Barbosa Artes gráficas

A pandemia de covid-19 acentuou diversos problemas relacionados à exposição exagerada à tecnologia. Em virtude do distanciamento social imposto pelas autoridades sanitárias, crianças e adolescentes passaram a ter aulas on-line, aumentando o contato com as telas dos computadores, dos smartphones e dos tablets.

E agora? Qual o desafio pós-pandemia? Alguns estudos sugerem associações entre o hábito instalado e o surgimento de sintomas relacionados à saúde mental, conforme explica Letícia Coelho Cavalcante, psiquiatra da infância e da adolescência do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), equipamento vinculado à Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).

Conforme a especialista, o prejuízo é iniciado em virtude do expressivo tempo dedicado à frente dos dispositivos, prática capaz de alterar o humor e comprometer as atividades escolares e sociais.

“Dentre os principais comprometimentos, observamos irritabilidade, ansiedade, depressão, déficit de atenção e hiperatividade, alterações do sono, mudanças alimentares, dependência digital, uso problemático das mídias interativas, sedentarismo, baixa autoestima, prejuízo escolar e bullying”, destaca.

 

Em âmbito nacional, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) atualizou as recomendações sobre a saúde de crianças e adolescentes na era digital. O intuito da proposta é auxiliar pais, responsáveis, educadores e profissionais a evitar problemas secundários na utilização inadequada das tecnologias.

As orientações incluem o estabelecimento de regras saudáveis, a começar pela busca por atividades esportivas ao ar livre, além do acesso a brincadeiras educativas e à leitura.

Desconexão

Até o segundo ano de vida, os pequenos devem ser mantidos distantes das telas. Entre dois e cinco anos de idade, a utilização dos dispositivos deve ocorrer, mediante supervisão, durante o prazo máximo de uma hora diária. Já em relação às crianças entre seis e dez anos, o tempo dedicado às telas e aos jogos de videogame não deve ultrapassar 180 minutos por dia. Em ambos os casos, uma hora antes de dormir, é necessária a desconexão de qualquer exposição nesse sentido.

A médica reforça que é importante estimular estratégias que garantam a manutenção da saúde mental. “A redução do contato tecnológico deve acontecer de maneira saudável. Se necessário, não hesite em buscar a ajuda de um especialista, que pode ser um(a) psiquiatra ou um(a) psicólogo(a)”, orienta.

Repercussões físicas, cognitivas e comportamentais

A neuropsicóloga do Núcleo de Atenção à Infância e à Adolescência (Naia) do HSM, Marleide Oliveira, ressalta que muitos pais têm relatado preocupação com os filhos diante dessa problemática em decorrência de possíveis repercussões físicas, cognitivas e comportamentais.

“Embora o desafio seja grande, há saídas que podem ser adotadas, como a negociação com as crianças de forma equilibrada, respeitando os sentimentos, priorizando o diálogo e prezando pelo cuidado na construção da relação saudável”, avalia.

Ainda segundo Oliveira, os limites devem estar alinhados às especificidades de cada faixa etária.