“Tintas Terapêuticas”: projeto incentiva atividades artísticas, ambientais e esportivas a pacientes do HSM
18 de novembro de 2022 - 13:48 #arteterapia #HSM #Tintas Terapêuticas #tratamento
Milena Fernandes - Ascom HSM - Texto
HSM - Fotos
Iniciativa busca tornar os espaços mais humanizados, proporcionando alento às angústias de pacientes e acompanhantes
“Estou gostando muito de pintar. Pode me chamar todos os dias, viu? Que horas vamos começar amanhã?”. A fala é de C.J.A*, de 42 anos, internado no Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). “Aqui ficou muito bonito, agradável. Eu tinha receio de entrar na internação, mas agora, tudo bem colorido, e vendo os pacientes, com animação, usando pincéis e tintas é gratificante para quem tem um familiar internado”, afirmou o acompanhante M.A.B*, de 38 anos.
O projeto Tintas Terapêuticas, desenvolvido nas unidades de internação psiquiátrica do HSM desde agosto de 2017, já está em fase final. A iniciativa é da psicóloga Ré Campos, especialista em musicoterapia e terapias integrativas e complementares. “Este projeto surgiu de uma inquietação ao perceber que as paredes das quatro unidades tinham o branco e o cinza como tons predominantes. Pensei em deixar o ambiente colorido, tornando os espaços mais leves, harmoniosos, humanizados, proporcionando maior alento às angústias dos pacientes”, explica a profissional.
No HSM, das quatro unidades de internação, duas são masculinas e duas, femininas. Com o projeto, as paredes ganharam tons alegres. “No início, pintamos as janelas e os cobogós com as cores vermelha e amarela, de forma alternada, por sugestão dos pacientes. Eles, inclusive, pediram para participar das pinturas. Em seguida, foram pintadas as colunas dos refeitórios, cada uma com uma cor diferente: verde-claro, amarela, branca, lilás e azul”, detalha Campos.
Projeto incentiva a participação de pacientes na requalificação do ambiente onde estão internados
As paredes dos pátios, os pisos, os refeitórios, as rampas e o campinho terapêutico da Unidade 1 (masculina) também foram requalificados. “É neste espaço que os pacientes gostam de ficar no fim da tarde, conversando, apreciando a natureza, e onde realizo as atividades lúdicas e terapêuticas”, continua a psicóloga.
Nessa mistura de cores, diversos aspectos são trabalhados com os pacientes. “Por meio da arte e do lúdico podemos contribuir com a promoção do bem-estar e da saúde mental no espaço de internação psiquiátrica. No instante do desenvolvimento das atividades, foi possível identificar o quanto a dinâmica era benéfica para pacientes, por tirá-los da ociosidade, deixá-los orgulhosos, ativos e potentes em poder transformar o espaço onde estão realizando tratamento especializado”, enfatiza Ré Campos.
Depois de alguns dias colocando a mão na massa, o paciente N.S.G*, de 27 anos, elogiou o resultado. “Gostei muito dessa cor de jerimum, da cor azul do céu, mas a que eu achei mais bonita foi essa de azeitona (referindo-se à cor violeta)”.
O atendimento humanizado é uma das premissas do HSM. A arteterapia faz parte do dia a dia de pacientes internados, contribuindo para a evolução significativa do tratamento.
Campinho, quadra e canteiro
Além do projeto Tintas Terapêuticas, Ré Campos mobilizou funcionários e pacientes para a implantação de outras atividades. Uma delas foi a construção da quadra terapêutica, com utilização de materiais recicláveis, promovendo o esporte dentro da unidade de internação.
Os pacientes receberam doações de camisas, bola, shorts e meias do Ceará Sporting Club. “Eles gostam de jogar bola com frequência no fim de tarde e nós, como profissionais, temos de incentivar essa atividade para aliviar a tensão e promover a sociabilização”, diz a psicóloga.
Foram construídos, ainda, um campinho e um canteiro terapêutico, onde os pacientes plantaram flores com os colaboradores do hospital. “O contato com a natureza nos torna mais receptivos ao diálogo. A beleza das flores tranquiliza nossa alma e o cuidado com a terra é uma tarefa prazerosa que pode melhorar a saúde mental de todos”, avalia Campos.
*Pacientes e acompanhantes entrevistados para esta matéria não autorizaram suas identificações