Adolescente brilha em show de encerramento da 14ª Bienal do Livro

21 de novembro de 2022 - 17:42 # # # #

Marconi Alves - Ascom Seas Texto
George Braga - Ascom Seas Fotos

Um adolescente em cumprimento de medida socioeducativa fez história no encerramento da 14ª Bienal Internacional do Livro, na noite deste domingo (20), no Centro de Eventos do Ceará. Brilho nos olhos e poesia apurada na alma. A solenidade foi prestigiada pela governadora Izolda Cela e secretários de Estado.

Diante de um público seleto, o jovem conseguiu emocionar a todos com os seus versos e sua versatilidade no palco. Ele foi um dos destaques do show do grupo Bandu, com a coordenação geral de Helena Barbosa e produção de palco de Carlos Lima. Participaram desse momento: Perímetro Urbano, Ma Dame, Emocionar, Nandi, Mutante e Blecaute. Nego Gallo assinou a direção artística.

Em sua participação, o adolescente descreveu o seu momento em privação de liberdade e o sonho de vencer na vida em busca da cidadania. E ser um artista reconhecido. “A minha história escrita em branco, minha vida sem estrela, a minha sombra perdida, aprendi a amar sem coração, um museu sem raridade e o meu chão sem convidados. O preconceito desenhando a minha história na pele, mas sou leão quebrando as correntes e venci a guerra sem gastar nenhuma munição”.

Em cumprimento de medida do Centro Socioeducativo Patativa do Assaré, o adolescente faz parte do Programa de Residências e Intercâmbios do Centro Cultural Porto Dragão e recebeu o convite para participar do show de encerramento da Bienal.

O jovem cita o artista Carlos Eduardo ou Eduardo Africano, assessor do eixo arte e cultura da Seas, como seu incentivador e professor. “O Africano tem infuência não só na minha vida, mas no dia a dia de muitos jovens do sistema. Temos muito respeito aos seus ensinamentos”, comentou. Ele ainda cantou uma música de sua autoria que fez a plateia dançar.

O Mova

 

Nada disso aconteceria, se não fosse, também, a força do Mova, movimento de arte que surgiu da experiência no socioeducativo por parte de Eduardo Africano e Fill. O grupo tem como inspiração a história de vida do rapper Dexter, idealizador do grupo 509-E. Ele produziu seu primeiro álbum, quando cumpria pena no Carandiru.

Desta forma, Eduardo e Fill entenderam que os jovens dentro do sistema socioeducativo poderiam ter um acompanhamento mais direcionado para o mercado fonográfico, resultando em uma perspectiva de vida e uma ressocialização digna e real.

Jovens na Bienal

 

Jovens, técnicos e socioeducadores dos centros socioeducativos Aldaci Barbosa (unidade feminina), Antônio Bezerra, Canindezinho, Centro de Semiliberdade Mártir Francisca, São Francisco, Dom Bosco, São Miguel, CSCal e Patativa do Assaré participaram da 14ª Bienal Internacional do Livro. Foram visitas guiadas e com impacto na vida dos jovens e adolescentes do sistema, que tiveram a oportunidade adquirir exemplares de autores renomados. Socioeducandos do Centro Socioeducativo Antônio Bezerra receberam um cupom de 50 reais para comprar suas obras preferidas.

De acordo com a assessora de arte, cultura, esporte e lazer, Savanya Shell, a Bienal do livro é a oportunidade dos adolescentes terem acesso à exposição de livros e debates literários. “É a partir do contato com outras narrativas e perspectivas que as mudanças por meio da leitura ocorrem, trazendo
possibilidades desses jovens traçarem novas rotas de vida”, pontua Shell.