Doador de medula óssea e paciente se encontram pela primeira vez; Hemoce celebra dez anos de serviço no Ceará
20 de dezembro de 2022 - 15:16 #doação #Hemoce #medula óssea #Sesa
Natássya Cybelly e Emmanuel Denizard - Ascom Hemoce Texto
Roberto Melo Arte gráfica
Letícia Nascimento irá conhecer Guilherme Navarro. Ele a salvou por meio da doação de medula óssea, em 2019. Nesta quarta-feira (21), ambos se encontrarão no Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce). Na ocasião, o equipamento também vai celebrar dez anos do serviço de coleta do tecido líquido para transplante alogênico não aparentado – quando doador e receptor não são familiares. A solenidade será realizada na sede da unidade vinculada à Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), no bairro Rodolfo Teófilo, em Fortaleza, a partir das 10h.
Há três anos, depois do diagnóstico de leucemia, Letícia passou por um transplante de medula óssea. Guilherme, de 35 anos, havia realizado, em 2010, o cadastro para ser um doador voluntário. O paranaense foi a pessoa compatível com a cearense, hoje com 26 anos.
Ele descreve a felicidade por ajudar não só uma paciente, mas toda uma família. “Sou muito grato pela oportunidade que vocês e Deus me deram de fazer a diferença com a minha vida. É muito gratificante ver a Letícia bem e correndo atrás dos seus sonhos”, afirma.
A jovem encontrou na solidariedade a esperança. “Sou imensamente grata todos os dias por ele ser luz no mundo e ser responsável pelos dois dias mais felizes da minha vida. Nem se eu escrevesse todas as palavras conseguiria descrever a gratidão que sinto”, emociona-se.
Se antes Letícia aguardava uma doação, agora ela está na expectativa de conhecer quem fez o gesto altruísta. “Esse ato de amor me permitiu estar aqui contemplando a vida e seguindo na busca da realização dos meus sonhos. Um deles é conhecê-lo pessoalmente. Espero ansiosamente pelo dia que irei dar um abraço no irmão que Deus me presenteou”, destaca.
Quebra de sigilo
Segundo o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), somente após um ano e oito meses do transplante é possível ter a quebra de sigilo de identidade entre doador e receptor. “Para iniciar o processo, independentemente de quem tenha manifestado o interesse, é necessário que ambas as partes estejam de acordo e que o paciente esteja bem clinicamente, além de ter indicação médica atestando a aptidão para conhecer o seu doador”, detalha a coordenadora do Núcleo de Medula Óssea, Francisca Rodrigues.
O primeiro passo, ela indica, é entrar em contato com o Redome informando a data da coleta ou do transplante. “Com os dois envolvidos de acordo, assinam um termo de consentimento para revelação e aguardam o retorno do Registro para o sigilo ser quebrado”, continua.
Dez anos do serviço
O Hemoce realiza, desde 2012, procedimentos de avaliação, mobilização, coleta e processamento de células de doadores não aparentados, selecionados pelo Redome, para transplante alogênico de medula óssea.
Até o momento, 98 coletas foram registradas, sendo 58 para transplantes de medulas em outros estados e 40 para outros países – como Argentina, Estados Unidos, Canadá, Itália, França, Portugal, Holanda, Alemanha, Espanha, Inglaterra, Turquia e Israel.
“O serviço permite que pacientes sem doador na família e residentes em qualquer lugar do mundo tenham acesso ao tratamento curativo do transplante de medula óssea a partir das células-tronco coletadas pelo Hemoce de doadores voluntários e anônimos”, explica Luany Mesquita, diretora de Hematologia do equipamento.
Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea
A Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea ocorre de 14 a 21 de dezembro. Hemocentros de todo o País celebram o período incentivando o cadastro de medula no Redome. No Ceará, o Hemoce irá parabenizar e homenagear os doadores de 2022.
Parceria com o HUWC
Desde 2008, o Hemoce, em parceria com o Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), faz o transplante autólogo, no qual o paciente recebe células sadias da própria medula. Posteriormente, a colaboração foi ampliada para a realização de transplante alogênico aparentado e não aparentado. A cooperação já soma mais de 700 procedimentos.
Cadastro
Para se cadastrar, o voluntário precisa ter de 18 a 35 anos, estar saudável, não ter sido diagnosticado com câncer e apresentar um documento de identificação oficial com foto. O doador também preenche uma ficha com dados pessoais e tem coletada uma amostra de 5 ml de sangue. As pessoas já cadastrados devem ficar atentas para o caso de serem convocadas e atualizar os dados quando houver mudança de endereço e telefone.
Locais de cadastro no Ceará (Fortaleza e Interior)
– Sede do Hemoce (Av. José Bastos, 3390 – Rodolfo Teófilo)
– Shopping Del Paseo (Av. Santos Dumont, 3131 – Aldeota)
– Instituto Dr. José Frota (IJF) (Rua Barão do Rio Branco, 1816 – Centro)
No interior cearense, os interessados podem fazer o cadastro nos hemocentros regionais de Sobral, Quixadá, Iguatu, Crato e no hemonúcleo de Juazeiro do Norte.