Educação para as relações étnico-raciais será marca do ano letivo de 2023

19 de janeiro de 2023 - 16:02 # # # #

Bruno Mota - Ascom Seduc - Texto
Thaíla Ferreira - Artes

O Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Educação (Seduc), reconhece a importância do debate em torno das relações étnico-raciais nos ambientes de ensino e aprendizagem, para a promoção da justiça social e da cultura antirracista. Com esta premissa, a temática será abordada ao longo de todo o ano letivo de 2023 nas escolas da rede pública estadual, perpassando tanto o currículo, como as interações pessoais em suas diversas formas.

Para fortalecer a pauta, a Secretaria Executiva de Ensino Médio e Profissional (Sexec-EMP) orientou todas as 20 Coordenadorias Regionais de Desenvolvimento da Educação (Crede) e Superintendência das Escolas Estaduais de Fortaleza (Sefor) a promoverem o assunto nos encontros pedagógicos que ocorrem a cada início de ano, envolvendo gestores escolares e professores.

A secretária executiva Jucineide Fernandes explica que a questão da equidade racial será tratada de forma interdisciplinar e transversal junto aos estudantes.

“Precisamos reconhecer a existência do racismo e desenvolver ações no sentido de promover o letramento racial. Gestores e professores precisam entender esse conceito, para que sejam impulsionadores dessas temáticas no cotidiano das escolas. A Lei 10.639, que incluiu no currículo oficial das redes de ensino o estudo sobre História e Cultura Afro-Brasileira, está completando 20 anos em 2023. Queremos reforçar a presença desse tema não apenas em momentos pontuais, mas no currículo e no dia a dia das escolas. Na perspectiva curricular, entendemos que é necessário superar a visão eurocêntrica no ensino da história, da arte e da literatura”, ressalta Jucineide.

Estruturação

A gestora lembra que a Seduc já tem avanços consolidados nesta área, possuindo inclusive uma equipe dedicada à causa das relações étnico-raciais. Além disso, o órgão já publicou e-books e promoveu curso direcionado a educadores, entre outras ações.

“Neste ano abordaremos o tema no Seminário Escola Espaço de Reflexão, um dos principais eventos anuais da Seduc, realizado com o propósito de mobilizar as unidades de ensino da rede estadual em torno do debate sobre a formação crítica e reflexiva dos estudantes”, anuncia a secretária executiva.

Ação permanente

O secretário executivo Helder Nogueira entende ser necessário um trabalho continuado em prol da equidade racial, que esteja incluído nas várias iniciativas pedagógicas promovidas nas escolas. Além disso, é preciso observar aspectos relativos à linguagem e aos costumes vivenciados no dia a dia da escola, com toda a comunidade, buscando evitar o uso de expressões enraizadas no cotidiano e que tenham cunho racista.

“Precisamos compreender as múltiplas desigualdades que existem na sociedade brasileira. Equidade significa tratar os desiguais considerando as suas desigualdades, para entender que eles têm pontos de partida e trajetórias distintas ao longo da vida. No aspecto étnico-racial, partindo do pressuposto que existe um racismo estrutural no Brasil, trabalhar a equidade é fundamental. E não quer dizer que estejamos dando evidência a uma minoria, mas a uma maioria, que infelizmente ainda encontra dificuldade de conseguir êxito na construção de seus projetos de vida”, aponta Helder.

Projeção cultural

Para tanto, conforme explica o secretário executivo, uma das estratégias é apresentar, durante as aulas, personagens negros que sejam referência em suas áreas de atuação, como ciência, cultura, política e educação, de modo que os estudantes possam construir suas identidades observando exemplos existentes.

“Na Física, a partir de uma questão que traga no enunciado uma corrida de Fórmula 1, é possível citar o piloto inglês Lewis Hamilton, que é negro e um dos principais referenciais do esporte”, demonstra Helder.

Outra projeção dos secretários executivos para o ano de 2023 é a realização de um grande encontro, durante a Semana da Consciência Negra, no mês de novembro, para avaliar e reconhecer o que a rede pública estadual cearense conseguiu avançar na pauta ao longo do período. Nesta oportunidade, serão destacadas as boas práticas desenvolvidas pelas escolas relacionadas ao debate étnico-racial, nas várias dimensões possíveis.