Projeto do CBMCE auxilia inclusão de pessoas com síndrome de Down

21 de março de 2023 - 16:09 # # #

Ascom CBMCE - Texto e foto

A síndrome de Down é uma condição genética que não impede que a pessoa viva de forma autônoma e seja incluída nas atividades sociais, direito à educação e ao mercado de trabalho. Em 2012, o Dia Internacional da Síndrome de Down foi oficialmente reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU). Em alusão à data, celebrada neste 21 de março, conheceremos um projeto realizado por equipes do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará, da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), que oferece um atendimento multidisciplinar e humanizado através de terapias educacionais e ocupacionais.

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A data escolhida representa exatamente a trissomia do 21º cromossomo, que apresenta a condição, mas não impede que a pessoa seja independente e tenha autonomia no seu dia a dia. Buscando melhorias voltadas para esse público, o Corpo de Bombeiros, há quase 12 anos, realiza o Atendimento Educacional Especializado, o “AEE”. O projeto atende mais de 320 crianças e jovens com deficiência. Entre elas pessoas com síndrome de Down, que participam de atividades acompanhadas por professores.

Inclusão

Para alcançar a qualidade de vida, é preciso que a pessoa com síndrome de Down esteja inserida na sociedade, aprendendo a lidar com desafios e adquirindo autonomia para executar suas tarefas diárias. É dessa forma que a professora e psicopedagoga do AEE, Silvia Helena Duarte, explica a importância do projeto no desenvolvimento das pessoas atendidas no projeto.

“Aqui, os pequenos desenvolvem cognitivamente, além de terem acesso a atividades espacial e temporal, atividades de integração, socialização e inclusão. Criamos um vínculo de amizade para que eles sejam compreendidos e inclusos. E essa inclusão seja feita com responsabilidade. Há crianças que chegam aqui e não conseguem comer sozinha ou escovar os dentes, mas depois que são estimuladas para atividades de inclusão e acessibilidade, elas ficam preparadas para as atividades do dia a dia”.

A educadora também falou sobre a gratidão de acompanhar todo o trabalho que vem sendo realizado por ela e outras professoras, durante os atendimentos voltados para os alunos, com o intuito de estimulá-los e proporcioná-los mais qualidade de vida. Ela ressaltou o carinho que tem por um dos alunos que atende, o Luís Gomes Neto, de 11 anos.

“A gente sente um orgulho muito grande ao ver o comportamento dessas crianças com o desenvolvimento comportamental, da leitura e da escrita. É muito gratificante. O Luís, por exemplo, há um ano e meio apenas soletrava. Hoje, ele já lê e forma frases. A gente percebe também que essa parceria entre a família e o professor ajuda na evolução da criança. Ele é observado em casa e aqui”, finalizou ela.

CãoTerapia

Uma das atividades inclusivas é realizada por meio do uso de cães da Companhia de Busca com Cães (CBCães) do Batalhão de Busca e Salvamento do CBMCE. A iniciativa, também chamada de Intervenção Assistida por Animais (IAA), utiliza o animal como mediador e facilitador no desenvolvimento dos pacientes atendidos. O adestramento é diário, seja na hora da alimentação, nas brincadeiras e até nas caminhadas. O contato com esses cães proporcionam momentos de diversão, aprendizado e melhoria da qualidade de vida das crianças e jovens atendidos no CBMCE.

Os cães bombeiros Nala, Inês, Max, Zeus, Flash, Ozie, Zix, Gaia e Iara participam das sessões de terapia com crianças e adolescentes. Uma vez por semana, às quintas-feiras pela manhã, eles interagem em atividades que promovem o desenvolvimentos dos meninos e meninas atendidos. A sessão é acompanhada pela educadora que já acompanha a criança, um cão e um bombeiro militar.

“Os cães terapeutas são treinados diariamente. Para que nunca, durante sua vida, ocorra nenhum episódio de agressão. Todos os cães são dóceis. Por isso, eles têm contato com as crianças. Eles são cães que ficam calmos em qualquer situação. Durante a terapia eles não latem para não assustar as crianças e mantê-las calmas durante a atividade de estimulação do AEE”, garante o comandante do CBCães, o capitão Eliomar Alves.

Gratidão

A mãe do pequeno Luís, Leyliane Perote, conta a importância que o atendimento teve para o desenvolvimento cognitivo do seu filho. “O Luís é o meu milagre. Eu vejo que esses dois anos de acompanhamento do meu filho mudou nossas vidas. Ele era uma criança muito tímida quando veio para cá. O AEE mudou o processo de socialização dele com a família e os coleguinhas na escola. Em casa, ele é mais obediente e menos hiperativo. A evolução dele nesses anos foi imensa. Tenho muito orgulho de ter trazido meu filho para ser atendido aqui e ver nas pequenas atividades diárias o quanto ele mudou”, explica Leyliane.

A terapia com os cães foi um dos fatores determinantes para o desenvolvimento e a evolução nas atividades motoras e cognitivas do Luís. Leyliane ressaltou que aprender a ler, escrever, e adquirir conhecimento em diversos segmentos, além de brincar e interagir com outras crianças, através desse contato, foi fundamental para o seu desenvolvimento. Ela também destacou que as pessoas com essa síndrome podem realizar todas as atividades, estar em sociedade e levar uma vida com qualidade, além de frisar a importância de informar e conscientizar toda a sociedade para que haja mais políticas públicas de inclusão, garantia de direitos sociais e respeito a essas pessoas.

“O meu filho é uma criança como qualquer outra. Ele tem um cromossomo a mais que outras crianças, mas ele se desenvolve, estuda e terá uma ótima vida. Aqui, Eu enfretei e enfrento muita discriminação ainda, de pessoas que não sabem o que é uma criança com síndrome de Down. No atendimento do AEE, além da mudança comportamental, é trabalhada a acessibilidade e a inclusão dele. Meu filho é como qualquer criança. Eu sei que ele vai se desenvolver, vai estudar, vai trabalhar, vai ter uma vida. Ele não será um adulto limitado, ele vai ter o direito de fazer suas próprias escolhas”, finaliza a mãe.

Sobre o Projeto

As crianças e jovens podem entrar no AEE a partir dos dois anos de idade. Os atendimentos acontecem de segunda a quinta-feira, na sede do Colégio Militar do Corpo de Bombeiros Escritora Rachel de Queiroz (CMCB), localizado no bairro Jacarecanga, em Fortaleza. As crianças e os jovens são atendidos individualmente por cerca de 40 minutos pelas educadoras com formação em psicopedagogia.

Algumas delas, já são atendidas em grupo com acompanhamento de uma hora e trinta minutos em cada aula. Excepcionalmente, todas às sextas-feiras, os educadores do centro participam de planejamentos e estudos, não ocorrendo atendimento nesse dia da semana. Ao todo, 15 educadores trabalham no AEE realizando trabalhos de estimulação voltados para inclusão social.

“Além da socialização, por meio de sua inserção nas mais variadas práticas sociais, sem descriminação, o projeto proporciona ainda o direito aos atendimentos e aos cuidados essenciais que preservem suas vidas e valorizem suas identidades”, reforçou a coordenadora pedagógica do AEE do CBMCE, Ana Cristina Moraes de Aguiar.