Museu de Arte Contemporânea do Ceará abre nove exposições gratuitas de artistas cearenses
2 de maio de 2023 - 16:53 #artistas cearenses #exposições #museu de arte contemporânea
Ascom Dragão do Mar - Texto
Divulgação - Foto
A Mostra Cearense de Artes Visuais reúne trabalhos de artes visuais e fotografia selecionados na Temporada de Arte Cearense
Seguindo com a série de programações que celebram o seu aniversário de 24 anos, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC) abriu também novas exposições, no último sábado (29), às 17h. Na Mostra Cearense de Artes Visuais, o Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC-CE) destaca o talento de artistas do Ceará, com a apresentação de nove mostras, entre individuais e coletivas, nas categorias de artes visuais e fotografia. Os trabalhos são fruto de projetos selecionados na Temporada de Arte Cearense (TAC), ação da Rede Pública de Espaços e Equipamentos Culturais do Estado do Ceará (Rece) da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (Secult-CE) em parceria com o Instituto Dragão do Mar (IDM). As exposições poderão ser visitadas até 2 de julho, gratuitamente, de terça a sexta, das 9h às 18h, e aos sábados, domingos e feriados das 13h às 18h, sempre com acesso até as 17h30.
Estão em cartaz no MAC-CE: “Intradérmica”, de Bruna Acioly e Levi Banida; “Como desorganizar um organismo?” de Plantomorpho; “Cratera Lunar”, de Vivi Rocha; “Com quantas palavras se faz um corpo?”, de Anderson Morais; “Uma filomena”, de Léo Silva; “Elas chegam pelo mar”, de Marília Oliveira; “Amolde”, de M. Dias Preto e João Paulo Lima; “Revisitando os medos da infância”, de Wes Viana; e “São Pedro – presença e fabulação”, com produção de Felipe Camilo.
Segundo a gestora do MAC-CE, Cecília Bedê, o Museu tem sido um espaço fundamental para a experimentação e circulação dos artistas cearenses. “Ocupar completamente o MAC-CE com nove exposições neste momento de celebração reforça o nosso compromisso com o atendimento dessa demanda, contribuindo para os processos artísticos de cada artista e, ao mesmo tempo, mediando o contato com o público”, ressalta a gestora.
Sobre as exposições
“Cratera Lunar”, de Vivi Rocha Jones
A ressonância com os sons da natureza pode nos conectar com a corrente de som primordial, a essência de todo som, que vibra no universo. Nesse estado de vibração é possível atingir um estágio de expansão da consciência através desse campo sutil energético das frequências sonoras. Se somando a esse processo sonoro temos as imagens da lua, que se movimentam entre todas as suas fases e passa por um eclipse. A lua que rege as marés, que move todas as águas do nosso planeta. Nós, que somos 85% água. Frequências em 432 hertz que remexem toda a água do nosso corpo. Frequências que harmonizam as moléculas de água no nosso corpo. O nome cratera lunar remete a um processo de resistência. As crateras que avistamos nas imagens nada mais são do que cicatrizes de impactos cósmicos. Durante milhões de anos a lua foi bombardeada, por estar numa região de muita turbulência. E hoje avistamos e contemplamos essas crateras que remetem a esse tempo turbulento. Uma das maiores crateras, chamada copernicus, é um orifício de 100km de diâmetro.
“Com quantas palavras se faz um corpo?”, de Anderson Morais
(classificação: 12 anos)
A exposição “Com Quantas Palavras se faz um Corpo?” do artista sobralense Anderson Morais, com curadoria de Eduardo Bruno e Waldírio Castro, apresenta um recorte da produção do artista a partir das técnicas do desenho, da instalação, do bordado e da pintura. Nessa exposição, constituída por três ilhas instalativas, Anderson debruça-se sobre questões em torno do desejo, do encontro e do corpo homoerótico-afetivo para pensar como a circulação dessas imagens caminham tanto no campo da provocação às normas de gênero e sexualidade, ao passo que são espaço de afirmação de outros possíveis acerca do corpo e do que se fala dele. Nesse sentido, “Com Quantas Palavras se faz um Corpo?” é um convite ao universo homoerótico-afetivo por meio da hibridização de aspectos e elementos poéticos que tencionam o encontro entre imagens do desejo a elementos do cotidiano, construindo um ambiente imersivo a partir de visualidades-bixas de corpos-discurso que acionam questões de ruptura e afirmação no campo da sexualidade e do gênero.
“Amolde”, de M. Dias Preto e João Paulo Lima
(classificação sala: 16 anos e classificação vídeo 18 anos)
Acreditar que a arte pode provocar modificações sociais, por meio da imagem, da fala, escrita ou dança. A união dos artistas negros M.Dias Preto e João Paulo lima é um encontro de pessoas que buscam tencionar questões sociais em seus trabalhos. João, expõe, principalmente, suas questões acerca do seu corpo def e sua sexualidade pormeio da escrita e da dança. M.Dias, recria sua história de vida por meio de intervenções em fotografia de álbum de família, construindo uma nova história para si. Quando juntos, eles criam um universo, uma atmosfera de colaboração e criação de novas possibilidades de se fazer arte. Seria ARTEVISMO? Ambos acreditam que ao expor suas vivências estão convidando outros corpos dissidentes a se transformarem e a romper com as barreiras criadas pela colonialidade e pelos corpos hegemônicos;
“Elas chegam pelo mar”, de Marília Oliveira
Contam os mais velhos que em noites sem lua, quando o escuro toma tudo e até pescador perde a vista, as Incriadas aparecem. Têm esse nome porque o povo de praia acredita que é nessas aparições que elas se criam, sendo sem pai nem mãe, paridas de si próprias, do barulho e da explosão. Alguns escutam o som da chegada, outros escutam nada, mas a pele sente um calor estranho. Há quem esteja na praia e enxergue a hora em que elas surgem do clarão e começam a rastejar, pular e correr. E de uma formam-se duas, e da água mais delas começam a se levantar. Todos temem as Incriadas. As Incriadas não temem nada nem ninguém. Elas chegam pelo mar é uma exposição de Marília Oliveira que reúne fotografia, vídeo, texto e objetos que circunscrevem a pesquisa em torno da lenda das Incriadas, monstras que aparecem nas praias nordestinas e compõem a mitologia pessoal ficcional da artista.
“Intradérmica”, de Bruna Acioly e Levi Banida
(classificação: 12 anos)
Intradérmica sugere-se enquanto pesquisa multiplataforma em artes visuais/artes plásticas, que envolve as violências múltiplas sofridas por uma mulher, e uma pessoa não binária, debatendo a respeito de tantas violências de gênero que intercruzam uma postura insubordinada aos papéis sociais programados. A ideia é, por meio de pinturas, desenhos, performances, instalações, videoartes, entre outras uma linguagens, uma construção estética dialógica a respeito da violência de gênero e de suas ficcionalizações materiais de percepção, cura e combate. A perspectiva é entender o quanto corpos que se afastam de um ideal de masculinidade são taxados a partir de um marcador de violência, um alvo no corpo de quem o expresse, e como se dão as estratégias de elaborar e redistribuir essa violência.
“Como desorganizar um organismo?” de Plantomorpho
A exposição apresenta um recorte retrospectivo de obras do artista visual plantomorpho, a partir de trabalhos que evocam a afinidade com o universo da botânica, da biologia, da zoologia e da geologia; e que produzem ficções a partir da contaminação entre arte e ciência. A exposição desconstrói o mito do “organismo humano” a partir de uma imaginação vegetal e mineral, que fabrica imagens que apontam para outras formas de vida, que se desenvolvem no cruzamento entre espécies para além dos limites do organismo humano. Ao cruzar a fronteira que separava o humano e a natureza, a poética de plantomorpho atualiza a tradição cearense de desenhos e xilogravuras de seres híbridos, bestiários e multiespécies, renovando assim uma tradição a partir de um olhar contemporâneo sobre a intersecção fabular entre arte e ciência.
“Revisitando os medos da infância”, de Wes Viana
A exposição investiga medos que todos nós carregamos desde criança. Seu conceito reside no ato de lembrar da infância, que nem sempre é uma atividade fácil, especialmente para pessoas LGBT+, pois essas memórias costumam vir acompanhadas de lacunas, falhas, imperfeições. O escuro da exposição convida o espectador a mergulhar nesse espaço do desconhecido, onde as fotografias emergem como uma escrita com a luz, para ativar aquilo que escapa às palavras. Nesse sentido, revisitar memórias da infância convida cada um de nós a olhar para os medos que nos acompanham e acolher a criança que há em nós.
“São Pedro – presença e fabulação”, exposição coletiva de Felipe Camilo
É uma exposição coletiva que reúne obras de cinco fotógrafes e quatro escritores cearenses tendo como ponto de convergência o Ed. São Pedro (Plaza Hotel) em Fortaleza-CE. Mergulhado entre rastros e ruínas, álbuns, documentos e ausências, o projeto acontece com curadoria coletiva e imagens de Dayane Araújo, Felipe Camilo, Luana Diogo, Marília Oliveira e Rubens Venâncio, contando com os escritos de Glória Diógenes, Lara Denise, Leonardo Araújo e Roberta Bonfim. Nos últimos anos, o grupo frequentou, fotografou, coletou vestígios e debateu sobre o edifício e seus papéis diversos nas memórias de Fortaleza, pensando o gesto de carregá-lo em uma exposição. Dessa forma, suas ruínas ocupam o MAC em uma instalação de vestígios. As pesquisas fotográficas, digitais e analógicas, se misturam às imagens órfãs “dez por quinze”. As múltiplas presenças no interior da construção em ruínas atravessam as biografias das e dos artistas. É dessa mistura entre fotografias, palavras e tantas materialidades que a exposição se aproxima do São Pedro.
“Uma filomena”, de Léo Silva
“Uma Filomena: um olhar sobre a comunidade” de Santa Filomena reúne 45 fotografias da comunidade que compõe o Grande Jangurussu, com fotos que contaram com a curadoria do poeta e pesquisador Carlos Melo. A exposição traz um pequeno trajeto do olhar de Leo Silva que vem há um bom tempo fotografando e filmando em busca de fazer e criar um histórico de sua comunidade. “Uma Filomena” é um pontapé inicial do que o fotógrafo, escritor e cineasta vem construindo e materializando, através da sua pesquisa comunitária.
Serviço
Mostra Cearense de Artes Visuais
Em cartaz até 2 de julho de 2023
Local: Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC-CE), na Rua Dragão do Mar, 81 – Praia de Iracema
Acesso gratuito
Horários de visitação após a abertura: terça a sexta-feira, das 9h às 18h (com acesso até as 17h30), e, aos sábados, domingos e feriados, das 13h às 18h (com acesso até 17h30).
Mais informações: 85.3488.8624