Estudantes de Pedra Branca são premiadas em feira científica nos Estados Unidos
25 de maio de 2023 - 11:34 #estudantes #feira internacional Regeneron ISEF 2023 #Pedra Branca #rede estadual #SEDUC
Bruno Mota - Ascom Seduc
As estudantes Kalyne Pereira e Lauanda Lima, da Escola Estadual de Educação Profissional (EEEP) Antonio Rodrigues de Oliveira, em Pedra Branca, foram premiadas na Regeneron International Science and Engineering Fair (ISEF), evento científico realizado nos Estados Unidos, entre os dias 14 e 19 deste mês. As jovens estiveram em Dallas, no estado americano do Texas, expondo o projeto “Filtro ecológico de baixo custo para o tratamento de água, feito à base de carvão ativado proveniente da biomassa da jurema preta (Mimosa hostilis)”.
A iniciativa, que já havia ficado em 1º lugar na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) 2023, agora recebe reconhecimento internacional, obtendo destaque no Special Award, cerimônia em que honrarias são concedidas por dezenas de sociedades científicas, universidades, empresas e outras entidades. As alunas cearenses obtiveram a 1ª colocação no prêmio oferecido pela United States Agency for International Development (USAID), na categoria Climate and Environmental Protection, e receberam 5 mil dólares. Além disso, ambas foram finalistas gerais da ISEF na categoria Environmental Engineering.
Lauanda é aluna da 3ª série do curso técnico em Enfermagem na EEEP de Pedra Branca. Apesar de acreditar no potencial transformador do projeto que desenvolveu junto com a colega, a jovem não esperava que a iniciativa iria conquistar tamanha projeção. “É uma experiência diferente de tudo que eu já imaginei viver, é surreal pensar que a gente cresceu tanto e chegou nesse momento internacional. Tenho apenas 17 anos e ter passado por tudo isso vai mudar toda a minha trajetória e a minha percepção sobre a vida”, comemora.
Na visão de Kalyne, que também cursa a 3ª série do Ensino Médio técnico em Enfermagem, a viagem serviu para “abrir a mente” e ter a certeza de que a iniciação científica na escola pode gerar grandes oportunidades. “Esse era um sonho muito distante, e quando o atingimos foi inacreditável. A experiência internacional foi indescritível, conhecemos novas culturas, costumes, aprendemos coisas novas, foi tudo incrível”, comenta.
Fator social
O projeto apresentado pelas estudantes tem o objetivo de aumentar o acesso à água potável em localidades onde o recurso natural é escasso. O trabalho, conforme Kalyne, aponta uma alternativa barata e fácil para o tratamento da água.
“Eu sempre tive essa paixão por pesquisar e descobrir coisas novas, e quando vi a necessidade de uma pesquisa de tratamento de água na minha cidade, me vi na missão de desenvolver algo que melhorasse o meio em que vivo”, pontua.
Lauanda defende que o consumo de água pura impacta diretamente na qualidade de vida da população. “Observo muito a situação da cidade em que resido, que vinha sofrendo durante anos com problemas relacionados à água. O nosso projeto tem a capacidade de mudar a vida de várias pessoas, principalmente as de baixo poder aquisitivo, e esse é nosso principal intuito. A escola nos incentivou, apoiando a nossa ideia e nos dando total suporte para a pesquisa”, explica.
Na viagem aos Estados Unidos, a programação das cearenses contou com passeios a museus, palestras e momentos de interação com estudantes de outros países, além da oportunidade de apresentar o trabalho em estande de exposição.
O professor orientador do trabalho, Renato Moreira, considera que o incentivo à pesquisa está diretamente relacionado ao desenvolvimento do senso crítico nos alunos. “Tentamos mostrar que a ciência não é algo de filme de ficção, mas sim algo do nosso cotidiano, que tem o objetivo de solucionar problemas reais, com os recursos que temos disponíveis. Nesse projeto, nós amenizamos a escassez de água com a utilização de uma planta que é frequentemente descartada de maneira inadequada, gerando lixo ambiental. Então, solucionamos dois problemas ao mesmo tempo”, enfatiza.
O professor salienta que os ganhos obtidos com o trabalho transcendem os próprios resultados alcançados e se convertem em experiências de vida. “O contato com a iniciação científica possibilita aos estudantes ganhos interpessoais, bagagem laboratorial e metodológica, além de capacidade de argumentação, que serão diferenciais ao longo da sua trajetória. Não se trata apenas de aprender um conteúdo de química ou biologia, mas de aprender a analisar dados quantitativos e qualitativos, investigar aspectos históricos, além de observar a sociedade, convertendo-se em um conhecimento interdisciplinar, reforçado em várias vertentes”, ressalta.