Reabilitação Cardíaca: qualidade de vida é garantida por exercícios assistidos
28 de julho de 2023 - 13:51 #Atividade física #Doenças cardiovasculares #HM #reabilitação cardíaca
Jessica Fortes -Ascom HM - Texto
Priscila Lima - Arte grtáfica
A prática regular de exercícios é uma das principais aliadas na prevenção de doenças cardiovasculares. Capaz de controlar fatores de risco modificáveis como hipertensão arterial, diabetes, colesterol e obesidade, o exercício físico também é indicado aos pacientes submetidos às cirurgias cardíacas, após infarto agudo do miocárdio, transplantes e insuficiência cardíaca.
No Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (HM), equipamento da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), o Programa de Reabilitação Cardíaca, auxilia os pacientes a conquistarem a saúde física, reintegrando-os à vida pessoal e socioprofissional.
Durante as atividades monitoradas os pacientes têm a saturação e a pressão verificada pelo fisioterapeuta
O técnico em eletrônica, Isandro Paulo Monte tem 40 anos e há três meses foi submetido a um transplante cardíaco. Estável e com as medicações ajustadas, ele foi liberado pelos médicos e há 15 dias iniciou a reabilitação. Ele comemora as evoluções alcançadas.
“Sou de Teresina e quando cheguei aqui no Hospital de Messejana minha fração de ejeção [força do coração] estava em 16%. Eu mal conseguia andar, ficava muito cansado e sem ar. Me ver hoje, conseguindo fazer 35 minutos de esteira tranquilamente, é uma grande vitória”, reforça.
Outro paciente que comemora os resultados dos novos hábitos, é o técnico em manutenção, Cícero Américo da Silveira, 39. Ele conta que desde maio, quando iniciou o acompanhamento, ganhou uma nova rotina.
“Em 2011 eu sofri um infarto, passei um mês internado, mas continuei sedentário. Este ano fui reprovado na seleção de uma nova empresa, por estar com a pressão muito alterada. Voltei ao ambulatório [do HM], ajustei os remédios e fui encaminhado para a reabilitação cardíaca. São quase três meses de vida nova”, adianta.
Para ingressar no programa de reabilitação, o paciente precisa estar estável, com as medicações ajustadas e ter liberação médica
Cícero está controlando o sobrepeso, mas conta que esta não é a única mudança positiva. “Eu já eliminei 15 quilos. Não ficar cansado com qualquer esforço é muito bom. Minha resistência está muito melhor. Vivia com dor de cabeça e não aguentava andar 100 metros sem ficar exausto. Agora é muito diferente, estou ganhando qualidade de vida”, complementa.
Academia especializada
A reabilitação cardíaca é um programa que funciona como uma espécie de academia monitorada e controlada por equipe especializada. Os exercícios aeróbicos e de resistência são utilizados como ferramenta terapêutica, com foco no condicionamento físico, no combate aos fatores de risco e na melhoria da qualidade de vida, funcional e retorno laboral. Aliados aos movimentos, outros componentes essenciais à reabilitação também são ofertados.
Os pacientes são encaminhados ao programa através dos ambulatórios, ou após internações e cirurgias, realizadas na própria unidade. Eles passam por avaliações nas quais um planejamento individual é estruturado, conforme a situação clínica e a complexidade do caso.
“Após isso, passam a ser acompanhados por uma equipe multiprofissional, composta por fisioterapeuta, nutricionista, psicólogo e cardiologista”, descreve a fisioterapeuta e coordenadora do Programa de Reabilitação Cardíaca do HM, Socorro Quintino.
Geralmente o paciente particpa do programa de duas a três vezes por semana. Os treinos monitorados duram em torno de uma hora, onde são executados exercícios em esteiras, bicicletas, com pesos livres, tornozeleiras, entre outros. O programa dura em média 20 semanas e atualmente assiste 52 pacientes.
Eles também participam de momentos de educação em saúde, fundamentais para a adoção e aderência ao tratamento farmacológico e adoção de hábitos saudáveis, com mudanças no estilo de vida.
“Depois das 20 semanas presenciais o paciente recebe um formulário de acompanhamento e a prescrição de atividades que serão executadas em casa. Eles são orientados a fazer um automonitoramento e mensalmente retornam com as anotações para serem reavaliados pela equipe”, detalha Quintino.
Registro internacional
Atualmente, o Programa de Reabilitação Cardíaca do HM está integrando o Registro Internacional de Reabilitação Cardíaca, projeto científico desenvolvido em países de baixa e média renda, apoiado pelo International Council of Cardiovascular Prevention and Rehabilitation (ICCPR) e pelas Universidades do Qatar and York (Canadá).
No Brasil, apenas dois serviços de reabilitação – Hospital de Messejana e a Associação Beneficente Síria – Hospital do Coração (Hcor) – fazem parte desta iniciativa, que está comprometida em desenvolver ações multidisciplinares utilizando ferramentas de baixo custo como coadjuvantes no tratamento das doenças cardiovasculares. O sevriço também se compromete com a defesa e estabelecimento da prevenção e reabilitação cardiovascular como obrigatório e não opcional.
O registro avalia o fornecimento do serviço e permite a melhoria constante da qualidade e dos resultados dos pacientes. “Os dados compartilhados internacionalmente também são utilizados para fins de pesquisa”, acrescenta a fisioterapeuta.
A reabilitação cardíaca do HM iniciou suas atividades em 2009, como um projeto-piloto, com foco na reabilitação de pacientes transplantados cardíacos. Os resultados positivos fortaleceram a proposta de expandir o programa para outras categorias de pacientes, tais como: pacientes com insuficiência cardíaca, doença arterial coronariana, valvopatias, cardiopatias congênitas, entre outras.