Comissária da Organização dos Estados Americanos conhece boas práticas em Unidade Prisional no Ceará

22 de setembro de 2023 - 11:22 # # # #

Natasha Ribeiro - Ascom SAP - Texto e fotos

A Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes (UP-Imelda) recebeu, na última quarta-feira (20), a comissária da Organização dos Estados Americanos (OEA) e relatora para os Direitos das Pessoas LGBTI+ da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Roberta Clarke, para apresentar as ações realizadas voltadas à população LGBTI+ do sistema prisional no Ceará.

Na ocasião, o grupo de teatro “Portugays” fez várias apresentações de dança e teatro que abordavam diversos temas inerentes à população LGBT e ao racismo. Além disso, o grupo Acordes para Recordar, formado por cantores e músicos internos do sistema prisional do Ceará, fez uma apresentação musical. Após as apresentações, a comitiva realizou uma visita institucional pela unidade, onde conheceram a estrutura e os projetos de ressocialização.

A diretora da Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes (UP-Imelda), Ilana Ferro, falou da importância de outras organizações conhecerem as ações desenvolvidas para o público LGBTI. “Nosso trabalho é ressocializar. São pessoas privadas de liberdade e não privadas dos seus direitos. Estamos procurando incentivar e fortalecer o talento de cada um, seja na arte, na cultura ou na música. Acredito que essas ações transformam vidas e os tornam pessoas melhores para retornar a sociedade”, afirma.

A comissária da Organização dos Estados Americanos (OEA) e relatora para os Direitos das Pessoas LGBTI+ na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Roberta Clarke, comentou sobre a visita. “Não consigo expressar a gratidão por este momento e por vocês internos. A atuação, a dança, o canto. Vocês nos deram um presente e sairemos daqui renovado. Como já dizia o cantor Bob Marley: Emancipem-se da escravidão mental. Ninguém além de nós mesmos pode libertar nossas mentes. E eu acredito que é exatamente isso que todos vocês estão fazendo através dessa expressão criativa. Todos nós precisamos de luz para crescer. Nós, seres humanos, não crescemos no silêncio ou na escuridão. Utilizar essa voz para dar visibilidade e solidariedade é tão importante. E fazer isso com amor, vontade e aceitação. A regra da Comissão Interamericana de Direitos Humanos é promover direitos humanos. Nos preocupa todas as formas de discriminação, seja contra pessoas LGBTI, povos indígenas, pessoas com deficiência, pessoas idosas, mulheres e crianças”, disse.

A secretária da Diversidade do Ceará, Mitchelle Meira, comenta sobre o reconhecimento do Ceará no que desrespeita as políticas públicas voltadas para o público LGBTI. “O Ceará precisa mostrar as ações positivas que o Estado tem feito, inclusive reconhecido nacionalmente, que são ações de humanização dentro do sistema prisional, principalmente com a população LGBTI+. Nossas secretarias estão trabalhando em parceria por acreditar que todo ser humano deve e merece ter uma segunda chance para se tornar melhor e se transformar. Promover visitas de entidades internacionais é de extrema importância para que conheçam nosso trabalho, fortalecendo ainda mais a integração dessa política e a vida dessas pessoas no Estado”, atenta.

A interna da Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes (UP-Imelda), Ana Carla, agradece as oportunidades dentro da unidade. “Quando cheguei na unidade, jamais imaginei que fosse me transformar como pessoa. Foi através do teatro que me encontrei. Lá fora nunca tive acesso a arte e cultura. Minha vida era totalmente diferente da realidade que tenho atualmente dentro do sistema prisional. Hoje posso afirmar que sou uma interna ressocializada. Receber visitas de pessoas de outros lugares é mostrar que nosso esforço está sendo reconhecido”, conclui.

Além da autoridade internacional, o encontro contou com a presença da secretária nacional de Direitos das Pessoas LGBTQIA+, Symmy Larrat, da secretária da Diversidade, Mitchelle Meira, do secretário executivo da Diversidade, Narciso Júnior, da coordenadora do Centro Estadual de Referência LGBT+ Thina Rodrigues, Samilla Aires, do coordenador da Sessão de Monitoramento de Direitos Humanos, Miguel Mesquita, e da oficial sênior do Programa LGBTI do Instituto Internacional sobre Raça, Igualdade e Direitos Humanos, Zuleika Rivera.