Arte, cultura e culinária: conheça histórias de expositores apoiados pela SDA na 67ª Expoece

18 de novembro de 2023 - 11:12 # # #

Glauber Sobral - Ascom SDA - Texto
Gustavo Araújo | Elis Priscila | Marcel Bezerra | Rones Maciel - Foto

Coordenado pela Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Ceará (SDA), o Complexo da Agricultura Familiar da 67ª edição da Feira Agropecuária e Industrial do Ceará (Expoece) reúne expositores de todas as regiões cearenses. Alguns deles com histórias inspiradoras protagonizadas por agricultores familiares individuais, cooperativas, associações e empreendimentos de economia solidária.

O convite para conhecer as tendas da Praça do Artesanato salta aos olhos logo de quem chega na entrada principal do Parque de Exposições Governador César Cals, onde a Expoece acontece até domingo (19). De cocar, um dos tradicionais símbolos da cultura indígena, a artesã Edmir da Silva, da Associação das Comunidades dos Índios Tapeba de Caucaia (Acita), expõe com orgulho os acessórios produzidos por seus familiares e pelo povo da comunidade onde ela mora, na Região Metropolitana de Fortaleza.

Coordenado pela Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Ceará (SDA), o Complexo da Agricultura Familiar da 67ª edição da Feira Agropecuária e Industrial do Ceará (Expoece) reúne expositores de todas as regiões cearenses. Alguns deles com histórias inspiradoras protagonizadas por agricultores familiares individuais, cooperativas, associações e empreendimentos de economia solidária.

Arte indígena na Praça de Artesanato

“O trabalho representa a cultura do nosso povo. Eu trabalho com sementes que colho da natureza, da nossa terra. É palha de carnaúba, sementes de café não comestíveis, frutos da nossa aldeia. A gente trabalha também com penas de aves, da galinha e do capote. Olha essas coisas lindas”, aponta a artesã para os produtos expostos para o público.

Entre sabonetes, colares, pulseiras e outros acessórios indígenas, a alegria de Edmir em estar presente em mais uma Expoece é perceptível. “Eu fico muito feliz quando chega essa feira porque a gente pode expor o nosso trabalho. Até porque é disso que nós vivemos. Ter a oportunidade de apresentar os nossos produtos é muito bom para o nosso povo. O que a gente vende aqui é o conjunto do esforço de outros indígenas, junta de um e de outro. Está vendo essa mesa bem bonita com nosso artesanato?”, sorri a artesã.

Marcar presença na Expoece também é uma oportunidade de reafirmar a cultura do povo indígena de Caucaia, afirma Edmir da Silva. “A gente participa faz tempo da Expoece e é muito gratificante. O que a gente quer é espaço para expor nossos produtos. Os nossos planos são também de participar em outras feiras e eventos do Ceará como no Brasil todo. A gente quer conhecer outras culturas e levar nosso trabalho para outras entidades também. Para eles saberem quem é o povo Tapeba”, orgulha-se a representante da Acita.

A associação, instituída em 1985 com o apoio da Pastoral Indigenista, é atualmente a maior expressão de representação política do povo Tapeba, com articulação de indígenas de 17 comunidades.

Queijo premiado

De Quixeramobim, Edilson Ferreira, integrante da Cooperativa Regional dos Assentados e Assentadas da Reforma Agrária do Sertão Central (Cooperasc), convida quem passa pelo Complexo da Agricultura Familiar para conhecer os alimentos produzidos na Agroindústria de Laticínios Terra Conquistada. O jovem tem o dom da venda e indica para os clientes o queijo produzido no Sertão Central, agraciado com uma medalha de bronze em uma competição que elegeu o melhor laticínio nordestino.

Edilson é também um dos 80 expositores do Complexo da Agricultura Familiar da SDA. “Aqui um dos melhores queijos do Nordeste, que vem diretamente dos produtores do Sertão Central. Vendemos também nata, requeijão, entre outros laticínios, lá da nossa região. Tudo feito pelos nossos companheiros. A cooperativa recolhe a produção de leite dos assentados/cooperados e transforma a matéria-prima nesses belos produtos. Tudo do melhor”, garante o quixeramobinense.

Neste ano, a Agroindústria de Laticínios Terra Conquistada, comandada pela Cooperasc, foi entregue aos assentados da região. Considerado o maior projeto produtivo assistido pela terceira etapa do Projeto São José, o empreendimento recebeu investimento de mais de R$ 7 milhões e beneficia assentamentos ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). “O equipamento ajuda na nossa produção, agrega valor ao nosso trabalho e gera mais emprego para toda a região”, reconhece Edilson Ferreira.

A fábrica trabalha com produtores da região, sendo cooperados e pequenos agricultores familiares de 14 localidades em quatro comunidades rurais, nove assentamentos da reforma agrária e um acampamento. No total, a agroindústria entrega cerca de 4.600 litros de leite pasteurizado por dia para 15 municípios da região.

Já o quantitativo de leite restante é distribuído na produção de queijo, nata e requeijão, outros produtos feitos na Laticínios Terra Conquistada. Os produtos são comercializados em supermercados da região do Sertão Central do Ceará, na rede do Serviço Social do Comércio (Sesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) de todo o Ceará, para a Marinha e para uma empresa que produz refeições coletivas para universidades, hospitais, penitenciárias e outros.

Cultura do mel

Estreante na Expoece, Adão Sérvulo, da Associação de Apicultores de Crateús (Apicrat), conta a felicidade de mostrar seus produtos da cultura do mel. “A estreia aqui está sendo bem positiva. A gente se surpreendeu com a grandiosidade do complexo da Agricultura Familiar. Aqui, as vendas estão boas. A gente já tem participado de outras feiras e eventos aqui no Ceará. Recentemente, estivemos na PEC Nordeste, mas aqui é a primeira vez”, conta o apicultor, enquanto oferece mel com cachaça para degustação.

É do ouro do sertão, como o apicultor crateuense chama, que as famílias dos 40 associados à Apicrat tiram o sustento. “A gente comercializa a nossa matéria-prima, o mel, o extrato de própolis, e o mel composto, que vem com cachaça, entre outros produtos. Além do que a gente trouxe para cá, produzimos também a cera da abelha, os nossos próprios enxames e produzimos rainhas para serem distribuídas na região. A nossa ideia é expandir o nosso trabalho. Uma feira como essa é surpreendente porque mostra como o mercado é dinâmico”, destaca, entusiasmado.

A entidade em que Adão Sérvulo é uma das beneficiadas pelo Projeto São José (PSJ). “Nós temos o Projeto do São José, que foi a implantação de uma unidade de extração de mel, a Casa de Mel, e agora recentemente recebemos via PSJ uma assessoria técnica dentro desse espaço para ter um ‘olhar melhor’, como os cuidados, para dentro da unidade e garantir manutenção e a comercialização dos materiais produzidos lá”, detalha. A Casa de Mel está localizada no distrito de Queimadas, distante 25 km da sede de Crateús.

Apoio do Projeto São José

Dona Rejane, coordenadora do grupo de mulheres assentamento Bernardo Marinho II, de Russas, vende o “melhor da castanha”. “Requeijão, queijo cremoso, pasta. Tudo tem castanha. Somos certificadas e fizemos curso para a produção disso tudo e para levarmos o melhor para o público”, garante.

“É com muita satisfação que a gente produz esses derivados da castanha. Temos produtos para públicos diversos, para veganos, pessoas com problemas de colesterol, diabetes, pressão alta. Todos os nossos produtos podem ser levados à mesa”, recomenda Rejane. O apoio do Projeto São José, coordenado pela Secretaria do Desenvolvimento Agrário, incentivou a produção desenvolvida pelo grupo de oito mulheres cearenses, reafirma a expositora de Russas.

O PSJ tem como objetivo fortalecer a agricultura familiar no Ceará, aprimorando o acesso a mercados, com abordagens de resiliência climática e ampliando o acesso aos serviços de água e saneamento nas áreas rurais. São contemplados agricultores que desenvolvem atividades agrícolas e não-agrícolas em comunidades rurais e famílias rurais sem acesso à água potável e esgotamento sanitário, sendo todos representados por suas associações comunitárias, associações de produtores, cooperativas ou outros tipos de organizações legalmente constituídas.

A quarta fase do Projeto, lançada em 2020, beneficiará cerca de 440 mil pessoas direta e indiretamente até 2025, com investimento total de R$ 750 milhões. A iniciativa é resultado de acordo firmado pelo Governo do Ceará com o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD). A Associação Taboense de Apicultores, apoiada pelo PSJ e representada pelo produtor Antônio Lopes, é uma das entidades presentes na Expoece.

“A gente só tem a agradecer ao Projeto São José, que nos ajudou e continua nos dando suporte para estarmos aqui. Estamos expondo não só o nosso mel, como também outros produtos dos nossos apicultores de Monsenhor Tabosa. Temos favo de mel, doce de leite caseiro, sachê de mel com cachaça, entre tantas outras coisas. Venha para a Expoece”, convida Antonio Lopes.

SDA na Expoece

A 67ª edição da Expoece iniciou no dia 12 e vai até o dia 19 deste mês, em Fortaleza. Neste ano, a SDA conta com um estande institucional e organiza o Complexo da Agricultura Familiar, com cerca de 80 expositores. O evento é organizado pela Associação de Criadores do Ceará (ACC).

Tradição

Desde 1954, a Expoece faz parte do calendário de eventos tradicionais de Fortaleza. Mais do que uma oportunidade de networking para criadores do Ceará e de outros estados, a exposição reúne gerações de famílias que têm a oportunidade de entrar em contato com as raízes do campo sem sair da capital cearense. O evento é organizado pela Associação de Criadores do Ceará (ACC).

A 67ª edição da Expoece tem o apoio da Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Governo do Ceará, do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Ceará (Sebrae), da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, da Enel e do Banco do Nordeste.