SAP recebe empresas interessadas em contratar internas e internos capacitados no sistema penitenciário

7 de dezembro de 2023 - 16:19 # # #

Natasha RIbeiro - Ascom SAP - Texto
Pablo Pedraza - Fotos

A Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização (SAP) recebeu, nesta quarta-feira (6), uma comitiva empresarial interessada em contratar mão de obra qualificada entre as pessoas privadas de liberdade do Ceará. Com mais de 23 mil certificações em diversas áreas profissionais, a parceria entre SAP e Senai transformou a vida de milhares de internos e internas, abriu novas possibilidades e proporcionou o firmamento de parcerias com a iniciativa privada.

Hoje, já são oito empresas instaladas nas unidades prisionais do Ceará em áreas diferentes como gráfica, confecção e artesanato. Um ganho pleno e coletivo, onde os empresários aumentam a eficiência da sua produtividade, os familiares dos internos recebem parte do salário dos internos trabalhadores, os internos recebem trabalho, remição de pena e poupança futura e a sociedade recebe o retorno de pessoas que ganham a liberdade com um projeto benevolente de convivência social.

Essa experiência rendeu frutos, fez chegar a mensagem ao setor produtivo e atraiu empresários e empresárias para conhecerem esse modelo profissional e exitoso de empreendedorismo e responsabilidade social. Instalado há 3 anos no sistema prisional do Ceará. o empresário Wilson Junior, da Gráfica WJ, comentou sobre seu investimento no sistema prisional do Ceará. “Em poucos meses eu tive que remodelar todo o meu planejamento de produção e entrega. Os internos trabalhadores dão um show de rapidez, concentração e qualidade do produto final. Ampliei as metas, contratei mais internos, trouxe meu grosso de produção para o presídio e obtive resultados espetaculares. Responsabilidade social e profissionalismo em altíssimo nível”, atesta.

Os empresários interessados em produzir no sistema prisional do Ceará foram acompanhados pelo titular da Pasta, Mauro Albuquerque, que apresentou o aspecto organizacional da secretaria e o modelo de gerenciamento das unidades prisionais que fez do sistema penitenciário do Ceará uma referência nacional. Na ocasião, a comitiva conheceu as empresas que fazem parte do projeto “Cadeias Produtivas”, onde oportuniza qualificação e trabalho para todos os internos que cumprem pena dentro do sistema penitenciário. Além disso, também mostrou a rotina de trabalhos implementados com os policiais penais e os projetos de reintegração social dos internos.

As visitas ocorreram na Unidade Prisional Vasco Damasceno Weyne (UP-Itaitinga5) e Unidade Prisional de Ensino, Capacitação e Trabalho de Itaitinga (UPECT-Itaitinga). O objetivo da visita é mostrar aos empresários que a empregabilidade de pessoas privadas de liberdade também pode ser uma alternativa possível e lucrativa, já que muitos desconhecem as inúmeras possibilidades de negócios que podem gerar emprego e renda dentro de um presídio.

O secretário da Administração Penitenciária e Ressocialização, Mauro Albuquerque, fala sobre a oportunidade de investimento dos empresários. “Com o remodelado sistema prisional, o ramo empresarial possui segurança suficiente para investir dentro dos presídios do Estado, gerando emprego, renda, remição de pena e ressocialização real entre os internos.Temos mão de obra qualificada, disponível e disposta ao trabalho. Os incentivos fiscais e trabalhistas são atraentes. Nosso propósito é conseguir mais parcerias, fortalecendo as ações de ressocialização, ajudando na parte social das empresas e principalmente na transformação de vida das pessoas privadas de liberdade”, atenta.

O funcionário da superintendência estadual do Banco Nordeste no Ceará, Severino Pires, fala sobre o objetivo da visita. “Nossa missão é trabalhar na área social e incluir o sistema prisional. Estamos realmente abraçando essa ideia, seja com a contratação e a destinação do percentual de vagas de contratados de terceirizados nas redes de agência do banco para os egressos, como também sensibilizar empresas, nossos clientes, para que possam apoiar o programa, trazendo o seu parque fabril para dentro dos presídios do sistema penitenciário. Sem dúvida, esse programa tem um grande destaque para o Brasil”, disse.

O empresário do segmento moda praia e fitness e dono da empresa “Use Paty”, Gilson Filho, está surpreso com a nova realidade do sistema prisional. “Está sendo uma grande surpresa presenciar essa evolução aqui no segmento da confecção dentro das unidades prisionais, pois lá fora estamos sofrendo muito com mão de obra profissional. Nós estamos passando por uma grande evolução no sistema carcerário. É muito gratificante ver essa reinclusão social dessas pessoas”, conclui.

A empresária do segmento moda feminina e dona da empresa “M.M Stilo”, Andréa Braga, está há 18 anos nesse ramo e se surpreende com a instalação das empresas nos presídios. “Eu estou impactada, porque é algo que pouquíssimas empresas dentro do Ceará conhecem essa oportunidade e realidade. Estamos falando de inclusão social, de uma chance dessas pessoas cuidarem de suas famílias de forma justa e honesta. Esses internos estão se redimindo e se tornando, de certa forma, exemplos para a sociedade de que recomeçar faz parte e errar é humano. Estou impressionada com a sustentabilidade, organização e a limpeza nas unidades. Tudo isso nos incentivou muito para pensar em futuras possibilidades”, afirma.

Cadeias Produtivas

A instalação de empresas dentro das unidades prisionais faz parte do projeto Cadeias Produtivas. Em dois anos, o programa já recebeu oito empresas.

As empresas instaladas são: Ypióca (confecção de camisas de palha, usadas para revestir a garrafa da cachaça), Prot Servis (confecção de roupas profissionais – fardamentos), Sky Beach (confecção de roupas), Mara Top London (confecção moda feminina), W.Jota Gráfica e Editora (prestação de serviços em gráfica), Lupo (confecção de peças de vestuário), ISM e CWM (Alimentação).

O objetivo é oportunizar qualificação e trabalho para todos os internos que cumpram pena dentro do sistema penal. Atualmente, 500 internos estão trabalhando nas empresas instaladas.

Neste projeto, os internos trabalham 40 horas semanais e recebem remição de pena a cada três dias trabalhados. A metade do salário é enviada a família, 25% entra como depósito judicial para benefício futuro do interno em liberdade e os outros 25% retornam ao sistema prisional para investimento em melhoria.

Contato

Empresários ou industriais interessados podem entrar em contato com a Coordenadoria de Inclusão Social do Preso e do Egresso no telefone 3101-7714 ou através do e-mail cispe@sap.ce.gov.br