No Vapt Vupt, mulheres trans têm o trabalho como lugar de conquista, independência e empoderamento
14 de março de 2024 - 15:21 #empoderamento #Proteção Social #trabalho #Vapt Vupt
Rafaela Leite - Ascom SPS - Texto
Beatriz Souza) - Fotos
Atendentes de unidades do Vapt Vupt, em Fortaleza, Yennefer Davina e Babi Aldebaran, contam sua relação com trabalho e perspectivas de crescimento profissional Mais que local físico, o espaço de trabalho se configura como lugar de luta, de conquista e de mudança social. Na vida de Yennefer Davina, 27 anos, ele é também um dos principais locais de transformação, empoderamento e possibilidades para o futuro.
Mulher trans, Yennefer atua como atendente no Vapt Vupt Antônio Bezerra, emitindo documentos de identificação. Ela foi contratada em 2021, no que é sua primeira experiência com emprego formal. “Foi uma das maiores conquistas que eu tive na minha vida. Ter um emprego formal foi uma vitória muito grande, porque hoje em dia é complicado. Infelizmente ainda é muito difícil você ver uma empresa grande contratando uma mulher trans. E hoje eu tô aqui contratada, tenho meu dinheiro, minha independência financeira”, relata.
Antes do Vapt Vupt, Yennefer trabalhou como modelo, fez diferentes bicos, mas nada definitivo. “Tentei outras coisas, mas não deu certo. Como você sabe, a vida de uma mulher trans é muito difícil, seja ela branca, preta, parda, passável ou não”, afirma. Por isso destaca também a importância de ter espaços de atendimento ocupados por mulheres trans. “Mostra que elas estão sendo acolhidas. Que temos locais de fala, que lugar de mulher trans é onde ela quiser, assim como a mulher cis, a mulher preta, a mulher indígena, a mulher PCD. Porque a gente é muito marginalizada, estereotipada”, completa.
Apesar dos percalços, Yennefer não se apega a rótulos ou se limita às possibilidades pré-definidas pela sociedade. Com foco no desenvolvimento pessoal e profissional, ela conta do desejo de cursar Libras e Inglês, e que, entre suas principais metas, está o sonho de cursar faculdade de Administração. “É algo que que eu me identifico e que me deixa apta para oportunidades que podem aparecer, seja aqui ou em outras empresas. Futuramente, meu sonho é ser dona de loja, empreender, uma loja grande e reconhecida”, enfatiza.
Já Babi Aldebaran, 48 anos, é atendente júnior no Vapt Vupt do Centro. As histórias se entrelaçam não só pelo equipamento, ou pela realidade como mulher trans. Conectam-se pelos objetivos para o futuro.
A entrada de Babi no Vapt Vupt se deu em 2022, através de um curso de Administração no Senac, que lhe direcionou para a vaga. “Eu comecei aqui como recepcionista e também com o Bolsa Família, atualização de cadastro, renovação. Agora eu estou no agendamento”, conta.
Sobre os planos a curto prazo, ela destaca a entrada para a faculdade, no curso de Administração. “Pretendo entrar no segundo semestre. Acredito que o curso me possibilita, futuramente, inclusive até cargos aqui dentro. Porque aqui tem um cargo chamado Atendente Líder, que exige ensino superior”, sinaliza.
Para Babi, o Dia da Mulher é sinônimo de evolução em todos os âmbitos, principalmente profissional. “As mulheres, hoje, alcançam cargos, espaços. Situações em que a mulher não podia nada no passado, e hoje ela pode tudo. Então isso é muito de encher os olhos. Você se sente muito motivada a tudo”, finaliza.
Vapt Vupts
Coordenados pela Secretaria da Proteção Social (SPS), os Vapt Vupts são centrais de serviços que concentram, em único local, atendimentos de órgãos como Cagece, Detran, Pefoce, Sine/IDT e Defensoria Pública. Atualmente, são seis unidades em todo o Estado: quatro em Fortaleza, nos bairros Antônio Bezerra, Centro, Papicu e Messejana; e outras duas no interior, em Juazeiro do Norte e Sobral. A equipe dos Vapts é composta majoritariamente por mulheres, totalizando 304 dos 453 funcionários. Elas são também maioria na gerência dos equipamentos, ocupando 19 dos 25 cargos de gestão.