Dia da Policial Militar Feminina do Ceará: histórias de mulheres que utilizam da inteligência, força e coragem para servir à sociedade
26 de junho de 2024 - 11:52 #inteligência #mulheres #Policial Militar Feminina #sociedade
Adriely Viana - Ascom SSPDS - Texto
Cicero Oliveira - Ascom SSPDS - Fotos
Ser mulher é ser um exemplo de resiliência, força e coragem. Quando essas mulheres decidem atuar como policiais militares, todas essas características e qualidades são fortificadas para trazer mais segurança e inspiração para toda a sociedade cearense. Atuando em diversos quadros da Polícia Militar do Ceará (PMCE), essas profissionais destacam-se pela competência, qualidade e comprometimento. Em homenagem ao Dia da Policial Militar Feminina do Ceará, celebrado no dia 26 de junho, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) apresenta a história de algumas policiais militares femininas que fazem a diferença na corporação e na sociedade.
Vencendo as adversidades, não apenas da profissão mas também dos estigmas da sociedade, as mulheres que fazem parte das corporações da PMCE são exemplos de coragem e de enfrentamento aos desafios. Fazendo parte da instituição desde 1994, muitas delas são pioneiras que seguem inspirando outras inúmeras mulheres que sonham em integrar a Polícia Militar do Ceará PMCE.
Pioneirismo feminino
Um desses exemplos é a coronel PM Asmenha Cruz, que atua como diretora de Planejamento e Gestão Interna da Academia Estadual de Segurança Pública (Aesp). Ela ingressou na Polícia Militar do Ceará (PMCE) em 1994. “Pertenço a turma de oficiais pioneiras. Somos aquelas que chegaram primeiro, que desbravaram um universo até então masculino. Aquelas que quebraram paradigmas e enfrentaram preconceitos. Aquelas que abriram caminho para as gerações futuras. Como pioneira, sinto-me responsável em ser exemplo de disciplina e profissionalismo, bem como em garantir o espaço das gerações que virão depois”.
“A chegada da mulher nas fileiras da Corporação em 1994 teve como objetivo completar uma lacuna que existia dentro da Polícia Militar do Ceará, haja vista a lei de criação da Companhia de Polícia Feminina existir desde o ano de 1985. Passados nove anos, o comandante geral à época, Coronel Damasceno, em uma decisão visionária e acima de tudo corajosa, implantou a Companhia Feminina na PMCE. E assim chegamos na caserna”, comenta.
A coronel explica que a presença feminina nas fileiras da PMCE veio com o propósito de sensibilização, acolhimento, humanização e maior aproximação junto à sociedade. “E, gradativamente, nós mulheres fomos conquistando nosso espaço dentro da Instituição através da competência, do profissionalismo e da eficiência. Não tive dificuldade em me adaptar à vida militar, muito pelo contrário, absorvi com facilidade os ensinamentos, normas e regulamentos emanados pela Instituição. Trabalhei na área administrativa como também na área operacional, participando de diversas operações tal e qual o efetivo masculino, sem restrição a quaisquer tipos de serviço”, indica.
Dentro da corporação, a coronel exerceu funções, como coordenadora de Desenvolvimento Institucional na Coordenadoria de Desenvolvimento Institucional (Codip), comandante do 1° Colégio da Polícia Militar Gen Edgard Facó (por duas vezes), chefe de gabinete do Subcomando Geral da PMCE, assessora de comunicação social da Academia de Polícia Militar Gen Edgard Facó (APMGE), subcomandante da Companhia de Polícia Feminina (CIA PMFEM), secretária da Seção de Ensino e Instrução do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP). Dentre os quartéis citados, os últimos três já foram extintos.
Conquistas profissionais que viram inspirações para as novas gerações
A comandante do 1º Esquadrão do Regimento de Polícia Montada (RPMont) da PMCE, capitã Nara Fernandes, entrou na PMCE no ano de 2006, quando tinha apenas 19 anos. Depois de um período trabalhando em algumas unidades da PMCE e em coordenadorias de inteligência e operacionais, ela ingressou no Esquadrão do Regimento de Polícia Montada (RPMont) da PMCE.
“Há 12 anos no RPMont, a capitã Nara destaca que a dedicação garantiu que conquistasse as posições almejadas na profissão. Desde que entrei na polícia, meu objetivo era fazer parte da cavalaria. Lembro que, quando criança, assisti a um desfile de Sete de Setembro e fiquei encantada. Quando entrei para a corporação, trabalhei em várias funções e hoje sou comandante do 1º Esquadrão do Regimento de Polícia Montada (RPMont). Até então, nunca uma mulher tinha comandado um esquadrão aqui na cavalaria. Conquistar isso é uma realização profissional muito grande para mim”, conta a capitã.
Para além de uma excelente profissional, a capitã também exerce o papel de mãe dedicada, protetora e que inspira os filhos. “Sou mãe de dois filhos e vejo que sou um exemplo muito importante para eles. Em especial para minha filha, de cinco anos. Acredito que, apesar de ela ainda não ter essa noção ainda, minha filha irá crescer sem o estereótipo de que determinadas profissões são apenas masculinas. E, mesmo ela pequenininha, ela já diz que quer ser policial quando crescer. Isso mostra que ela já entende que tem a oportunidade de ocupar esse espaço porque já tem referências femininas na área”.
Admiração e honra em fazer parte da instituição
A cabo Arlândia, lotada na guarda do Quartel Comando Geral (QCG) da Polícia Militar do Ceará, entrou para a instituição em 10 de junho de 2014. “Na época, já admirava a profissão, e após vivenciar o trabalho da Polícia Militar, vejo o quão digno e honroso é vestir esta farda, ainda que sacrificante”, conta.
“A sociedade, de um modo geral, ainda traz no seu imaginário a figura policial como a de um homem que demonstre força em seu porte físico. Mas, com o ingresso da figura feminina na instituição, foi possível humanizar mais a instituição no contato dia a dia com a sociedade, o que proporcionou uma maior leveza sem perder de vista a seriedade e a força. A valorização dos direitos de igualdade entre homens e mulheres, também foi de extrema importância para a inserção do sexo feminino em profissões antes exercidas apenas pelo masculino. Na PMCE, pude realizar diversos sonhos, além da independência financeira e da realização profissional. O efetivo feminino de policiais militares reforça a segurança da população e, por isso, sinto-me agraciada em fazer parte deste grupo”, finaliza.
Profissionais que vencem desafios e conquistam o protagonismo
A soldado Brenda, que integra a Assessoria de Comunicação da Polícia Militar do Ceará (PMCE), entrou para a corporação em dezembro de 2017. Na época, o foco era ser servidora pública, sem buscar uma carreira em específico. “Não tinha familiares ou amigos que fossem policiais militares, então foi realmente no Curso de Formação Profissional (CFP) que conheci a profissão e me identifiquei. Desde o CFP posso dizer que me considero vocacionada e feliz com o meu ofício, que também possui seus desafios como qualquer outra profissão”.
“Sou muito grata a cada uma das policiais femininas que vieram antes de mim e enfrentaram desafios ainda maiores quanto ao espaço da mulher em um órgão ocupado ainda na maioria por homens. As mulheres, infelizmente, ainda precisam enfrentar, na sociedade como um todo, diversas barreiras. A estrada é longa e tortuosa, mas foi e segue sendo pavimentada pela inteligência, força e coragem das mulheres. Felizmente, temos muitas mulheres escolhendo ingressar nas corporações policiais, e espero que esses números aumentem. Algumas mulheres, ao ingressarem na polícia militar, descobrem o quanto são fortes e capazes de superar qualquer desafio no trabalho, na sociedade e na vida”, conclui.
Lotada na 3ª Companhia do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque), a soldado Nicolle, faz parte da instituição desde 2022 e, apesar de ainda estar no início da sua trajetória na instituição, sabe da importância da profissão e como o protagonismo feminino tem aumentado cada vez mais. “Hoje somos protagonistas das nossas próprias lutas, vencendo preconceitos e ocupando espaço em todas as áreas. Estamos na terra, no céu e no mar. No operacional e no administrativo. Superando os obstáculos e exercendo com coragem, sacrifício e abnegação as missões que nos são confiadas. Tenho muito orgulho em pertencer a esta instituição e poder servir e proteger a população cearense”.
Breve Histórico
O policiamento feminino na Polícia Militar do Ceará teve início com a criação da Companhia de Polícia Militar Feminina da PMCE nos termos dos artigos 154 e 155 da Constituição Estadual e pela Lei nº 11.035, de 23 de maio de 1985. Porém, sua implantação se deu somente em 1994 com a publicação do edital nº 011/94 da Diretoria de Ensino da Corporação que deu início ao processo de seleção através de concurso público, para recrutamento, seleção, matrícula e admissão aos Cursos de Formação de Oficiais, Sargentos e Soldados femininos.
O coronel PM Manoel Damasceno de Sousa, comandante-geral da PMCE à época, solicitou ao comandante-geral da PM do Distrito Federal (Brasília) a cessão de policiais militares femininas daquela instituição para que fosse iniciada assim a formação profissional das novas policiais haja vista que a PMCE não dispunha em seus quadros ainda de tal efetivo.
A missão coube às policiais: capitão QOPMF/PMDF Solange da Silva Rezende, 2º tenente QOPMF/PMDF Priscila Riederer Rocha e a 2º sargento QPPMF/PMDF Vânia Ferreira Sabino, que em 26 de junho de 1994, iniciaram a formação de dez oficiais, vinte sargentos, cem soldados combatentes e quatorze musicistas, na Academia de Polícia Militar General Edgard Facó, comandada inicialmente pelo coronel PM Celso Augusto Medeiros e posteriormente pelo tenente-coronel PM Francisco Célio de Freitas.
Os primeiros comandante e subcomandante da Companhia PMFem, respectivamente, foram, na época, major PM Francisco Carlos Francelino Mendonça e a 2º Tenente PM Cléa Pontes Medeiros Beltrão.