Comitiva empresarial conhece potencial econômico e empregabilidade em unidades prisionais do Ceará

25 de julho de 2024 - 11:31 # # # #

Natasha Ribeiro Bezerra - Ascom SAP - texto
Pablo Pedraza - fotos

A Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização recebeu, nesta quarta-feira (24), uma comitiva de empresários interessados em instalar seus negócios dentro das unidades prisionais e empregar internos e internas qualificados do sistema prisional do Ceará.

Os empresários foram recebidos pelo secretário da SAP, Mauro Albuquerque, que apresentou o aspecto organizacional da Secretaria e o modelo de gerenciamento das unidades prisionais que fez do sistema penitenciário do Ceará uma referência nacional. Além disso, também mostrou a rotina de trabalhos implementados com os policiais penais e os projetos de reintegração social dos internos.

Atualmente, oito empresas já operam nos estabelecimentos penitenciários do Estado, abrangendo setores como gráfica, confecção e artesanato, como parte do projeto “Cadeias Produtivas”. Durante a visita na Unidade Prisional de Ensino, Capacitação e Trabalho de Itaitinga (UPECT-Itaitinga), a comitiva pôde conhecer de perto as instalações das empresas e a funcionalidade do projeto, que não apenas oferece capacitação profissional, mas também integra atividades laborais à rotina dos internos.

O objetivo principal da visita foi demonstrar aos empresários as vastas oportunidades de negócios dentro do sistema penitenciário, enfatizando que a empregabilidade de pessoas privadas de liberdade não apenas é viável, mas também lucrativa. Muitos dos visitantes desconheciam as possibilidades de negócios que podem gerar emprego e renda dentro de um ambiente prisional, revelando um potencial ainda não explorado pelo setor privado.

O secretário da administração penitenciária e ressocialização, Mauro Albuquerque, fala sobre a visita dos empresários. “Ao conhecerem a realidade atual do sistema e suas oportunidades, os empresários não terão apenas novos caminhos para o crescimento de suas empresas, mas também poderão desempenhar um papel crucial na ressocialização das pessoas privadas de liberdade. Os benefícios são mútuos: para os empresários, há a possibilidade de acesso a uma mão de obra dedicada e qualificada. Já para os internos, essa oportunidade significa uma chance real de reintegração social, redução da reincidência criminal e uma perspectiva de futuro mais promissora. Ao investir na capacitação e emprego dessas pessoas, contribuímos para a criação de uma sociedade mais justa e segura. Esse engajamento empresarial ajuda a construir uma ponte entre o presente e o futuro, transformando vidas e fortalecendo nossa economia de forma sustentável e inclusiva”, disse.

O empresário e dono da empresa, Revid Pijamas, Felipe Henrique, fala sobre o projeto. “Quando conheci o projeto “cadeias produtivas”, comentei para os meus funcionários e acabei descobrindo que um deles havia passado pelo sistema e tinha aprendido tudo que sabe hoje sobre costura dentro de uma das empresas que operam na unidade prisional. Surpreendentemente ele é o meu melhor funcionário e hoje é o supervisor de produção na minha fábrica. Então estou com uma prova viva dentro da minha empresa que tudo isso aqui funciona e vale a pena quando a pessoa quer mudar de vida e de realidade. Hoje em dia, além dele ser meu supervisor, ele virou empreendedor e montou sua própria confecção em casa. O projeto é de grande importância, pois ele faz um trabalho social fundamental na vida dessas pessoas.  As empresas que não conheceram ainda, se tiverem a oportunidade, vão se surpreender com a capacidade que esse investimento aqui tem na sua empresa e na ressocialização das pessoas privadas de liberdade”, afirma.

O empresário e dono da empresa La Rose Lingerie, Luiz Gonzaga, se sente impactado com a experiência de conhecer a empresa. “Aceitamos o convite e viemos com uma visão social para conhecer o projeto. Confesso que fiquei muito feliz e impactado com o que presenciei porque, tanto a apresentação do secretário Mauro, como toda a equipe responsável,  mostrou que aqui está o “melhor dos mundos”. Nosso objetivo é fazer uma ação social, que é muito válida e necessária, para ajudar na realidade dessas pessoas privadas de liberdade, mas também como setor privado temos uma oportunidade iminente de negócio e crescimento dentro das unidades prisionais e lucrar com isso”, atenta.

O empresário e dono da empresa Up Jeans, Clóvis Lopes, fala sobre a visita. “Vim conhecer o sistema  e fiquei muito surpreso e esperançoso com o país, viu? Porque o que eu conheci hoje são ações que não sabia que existiam e que aconteciam dentro do sistema prisional do Ceará. A estrutura e as instalações tem realmente potencial econômico e também de empregabilidade qualificada para essas pessoas. O que mais me chamou a atenção foi a ressocialização dos internos. É muito importante para o empresário vir conhecer esse universo. Venham, conheçam, vejam, pensem e analisem.  Além de estarmos dando chance dessas pessoas entrarem no mercado de trabalho, também vamos ter mão de obra barata, produtiva e qualificada para a nossa empresa”, afirma.

Investimento Privado, Capacitação e Ressocialização: benefícios para empresários e internos

A crescente valorização do investimento privado como um meio eficaz de ressocialização de internos é enfatizada pela visita dos empresários. A disciplina e segurança atualmente implementadas permitem aos empresários investir recursos e projetos no sistema prisional, resultando em geração de empregos, aumento de renda, remição de pena e uma verdadeira reintegração social entre os internos.

A parceria entre SAP e Senai já resultou em mais de 23 mil certificações em diversas áreas profissionais, transformando a vida de milhares de internos e internas. Esta iniciativa não apenas abriu novas possibilidades para as pessoas privadas de liberdade, mas também facilitou parcerias com o setor privado.

A oportunidade de trabalho durante o período de encarceramento desempenha um papel fundamental na redução da reincidência criminal. Ao desenvolver habilidades profissionais e manter uma ocupação estável, os internos significativamente diminuem as chances de cometer novos delitos após sua reintegração à sociedade. Esse processo de ressocialização não só promove a segurança pública, mas também facilita a bem-sucedida reintegração social dos indivíduos, trazendo benefícios tanto para eles quanto para os empresários que investem nesse modelo.

Cadeias Produtivas

A instalação de empresas dentro das unidades prisionais faz parte do projeto Cadeias Produtivas. Em 2 anos, o programa já recebeu 8 empresas. As empresas instaladas são: Ypióca (confecção de camisas de palha, usadas para revestir a garrafa da cachaça), Prot Servis (confecção de roupas profissionais – fardamentos), Sky Beach (confecção de roupas), Mara Top London (confecção moda feminina), W.Jota Gráfica e Editora (prestação de serviços em gráfica), Lupo (confecção de peças de vestuário), ISM e CWM (Alimentação).

O objetivo é oportunizar qualificação e trabalho para todos os internos que cumpram pena dentro do sistema penal. Atualmente, 500 internos estão trabalhando nas empresas instaladas.Neste projeto, os internos trabalham 40 horas semanais e recebem remição de pena a cada três dias trabalhados. A metade do salário é enviada a família, 25% entra como depósito judicial para benefício futuro do interno em liberdade e os outros 25% retornam ao sistema prisional para investimento em melhoria.

Contato

Empresários ou industriais interessados podem entrar em contato com a Coordenadoria de Inclusão Social do Preso e do Egresso no telefone 3101.7718 ou através do e-mail coispe@sap.ce.gov.br.