“Passado, Presente e Futuro”: a trajetória dos sonhos de futuros profissionais da Segurança Pública

13 de outubro de 2024 - 08:11 # # # # #

Edmundo Clarindo / Leandro Freire - Ascom SSPDS - Texto
Leandro Freire - Foto

A cidade de Juazeiro do Norte, localizada na região do Cariri, no Ceará, é amplamente reconhecida como a Capital da Fé, devido à influência de figuras como Padre Cícero e a Beata Maria de Araújo. No entanto, essa cidade também é o berço de outros personagens que perpetuam a resiliência e a força de seu povo. Entre essas figuras, destaca-se Plácido, um aluno-soldado do segundo pelotão da Turma 2 do Curso de Formação de Soldados da Polícia Militar do Ceará (PMCE). A história de vida de Plácido é um testemunho de determinação e de um indomável desejo de superar desafios. Nascido em Juazeiro do Norte, ele é um dos gêmeos de uma família profundamente unida, mas que ficou ainda mais conectada por conta da Polícia Militar do Ceará.

Passado

Desde cedo, Plácido teve que trabalhar para ajudar no sustento da família. “Durante a nossa infância, a gente sempre teve que ralar muito por conta da dificuldade. Era só meu pai que trabalhava, trabalhou em várias indústrias, em supermercado, e sempre foi complicado porque eram várias pessoas dentro de casa, seis pessoas, mas só uma pessoa trabalhando. Então, a gente sempre teve que se virar, desde cedo. Com os meus 15 anos, eu já fui atrás de emprego para poder ter as coisas, ter uma roupa. Eu sempre corri atrás”, relembra.

A separação dos pais quando ele e seus irmãos atingiram a maioridade trouxe mais desafios, mas a união familiar foi fundamental. “Minha família sempre foi unida. Teve a separação dos meus pais, mas nossa família permaneceu unida”, ele explica.

Foi estudando em um Colégio Militar que Plácido começou a se interessar pela área de segurança. Ele e seu irmão gêmeo começaram a preparação para concursos públicos. “Quando saiu o edital em 2018, a gente começou a estudar do zero sem saber nada, começando a estudar do jeito que podia, sempre era eu e meu irmão, um apoiando o outro nos estudos, foi quando a gente pegou o gosto mesmo. Decidimos que era o que a gente queria para nossa vida”, expõe.

O momento mais difícil para Plácido e seu irmão foi em 2021, quando, após tentar vários concursos em outros estados (Minas Gerais, Pará e Amapá), não conseguiram passar no concurso do Ceará. “A gente pensou até em desistir, parar, que isso não era pra gente “, admite.

A fé e o apoio incondicional da família foram a motivação necessária para reengajarem-se nos estudos. Além disso, o sonho não concretizado de seu pai serviu como um catalisador para o seu próprio empenho.  “Meu pai, quando mais novo, tentou duas vezes o concurso para a Polícia Militar do Ceará, mas não conseguiu. Ele sempre falava que queria ter passado, e quando eu fiquei sabendo, aí foi que eu tive mais gosto mesmo de estudar e ser um policial militar. Então, já que meu pai não realizou o sonho dele, a gente vai realizar”, afirma.

A trajetória de Plácido serve como um testemunho poderoso de como a perseverança e o comprometimento com os estudos podem transformar sonhos em realidade. Ele desempenhou diversos trabalhos, como entregador de comida, auxiliar de mecânico, pintor, e jardineiro, sempre com o objetivo de contribuir para o sustento familiar. Ao mesmo tempo, o aluno-soldado encontrava espaço para se dedicar aos estudos, demonstrando uma incrível capacidade de equilíbrio e determinação. “Eu trabalhava como entregador de comida delivery e ao mesmo tempo estudava. Tinha que conciliar, era muito complicado”, recorda.

A aprovação no último concurso da PMCE foi o ápice de uma jornada de batalhas e redefiniu o significado de alegria e realização. Eles foram selecionados para a turma 1 e a turma 2, respectivamente, e a sensação de ver o sonho se concretizar foi um momento inesquecível. “A sensação foi inexplicável, tipo um sonho se tornando realidade. Vários anos se dedicando à sua vida, conciliando, abdicando de muitas coisas e quando você vê que deu certo mesmo, é uma sensação que não tem como explicar, acho que seria algo tipo ganhar na mega-sena”, compartilhou.

Presente

A chegada na Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará (Aesp/CE) e a adaptação em Fortaleza foram facilitadas pela amizade dos colegas de turma e pelo apoio mútuo dentro do pelotão. “Aqui na Aesp/CE a gente encontra várias pessoas que são de outras cidades e até de outros estados. A gente fez muitos amigos e foi até o que ajudou na adaptação aqui na capital. A união facilita tudo, porque a nossa família está distante e quem se torna a nossa família é o próprio pelotão”, ele observa.

O ensino na Aesp/CE é amplamente elogiado por Plácido, proporcionando uma capacitação essencial para os futuros policiais militares. “O ensino da Aesp/CE é muito bom mesmo e amplo, porque a gente encontra vários profissionais aqui repassando o conhecimento, tanto da Polícia Civil, da Polícia Militar, da Pefoce, dos Bombeiros, além de outras especializadas, cada uma sempre tem algo importante para passar, então o aluno é bem capacitado mesmo. O que cada profissional nos proporciona aqui na Academia é essencial”, ele destaca.

Futuro

Como ex-motoboy, Plácido sempre admirou o trabalho do Comando de Policiamento de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas (CRaio) da PMCE e sempre sonhou em fazer parte dele. “O trabalho do CPRaio sempre me chamou atenção, sempre admirei. Quando estava fazendo as entregas como motoboy e uma composição do Raio passava por mim, eu já materializava na minha vida que um dia estaria ali. vou ficar nesse lugar também, é uma admiração grande”, confessa.

Para o futuro, Plácido planeja cursar direito e tentar o oficialato, continuando sua carreira como militar. Uma frase marcante que Plácido recorda é de quando ele e seu irmão pensavam em desistir. “No ano de 2015, teve um pelotão do CFSD PM em formação na nossa cidade (Juazeiro do Norte). A gente sempre ficava vendo os alunos passando, fardados com essa mesma farda da Aesp/CE, que estou usando hoje. Eu dizia: ‘Eu queria estar aí, eu queria estar nesse mesmo local, vestindo essa farda e fazendo esse curso.’ Eu falava para o meu irmão: ‘Mas o que nos impede? Se ele conseguiu, a gente também pode conseguir, independente da condição financeira; tudo é possível.’ Sempre tem aquele pessoal que quer te desmotivar, mas é aí que eu digo o contrário: é aí que vem a motivação. Eu provo o contrário, que eu vou conseguir e prover”, ele conclui.

Atualmente, o soldado PMCE Plácido serve na 2ª Companhia do 24º Batalhão da Polícia Militar do Ceará, destacado no município de Pacatuba. Já o aluno-soldado Plácido, segue em pleno processo de formação na Turma 2 do Curso de Formação de Soldados da PMCE. Logo, ambos estarão juntos no teatro operacional para proteger a sociedade cearense, unindo o vínculo familiar ao compromisso profissional.

A história de Plácido é mais um testemunho de que, com fé, determinação e apoio incondicional, é possível superar os mais complicados obstáculos e transformar nossos sonhos em realidade.