Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência: o protagonismo feminino na Sema

11 de fevereiro de 2025 - 11:04 # # #

Ascom Sema - Texto e Fotos

No dia 11 de fevereiro, celebra-se o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. A data foi instituída pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015 e tem como objetivo reconhecer o papel fundamental desempenhado por mulheres e meninas na ciência e na tecnologia.

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), a participação média de mulheres pesquisadoras no mundo é de 33,3%, enquanto apenas 35% dos estudantes nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM, na sigla em inglês) são do sexo feminino. Esses dados revelam a persistência de obstáculos e a baixa representatividade das mulheres e meninas, especialmente em campos tradicionalmente dominados por homens.

Além de ser um momento de celebração, essa data também visa motivar a participação feminina em áreas onde sua presença ainda é limitada. Para incentivar e inspirar outras mulheres e meninas a se envolverem no universo científico, as profissionais da Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema) compartilham suas trajetórias e experiências, destacando os desafios que superaram e as conquistas que marcaram suas carreiras.

De bolsista a protagonista

Mestra em Geografia pela Universidade Federal do Ceará, (UFC) e especialista em Geoprocessamento Aplicado à Análise Ambiental e aos Recursos Hídricos pela Universidade Estadual do Ceará (Uece), Vanessa Alencar entrou na Sema em 2021 como bolsista do Programa Cientista Chefe Meio Ambiente (Sema/Funcap) e hoje, integra o quadro técnico da Coordenadoria de Biodiversidade (Cobio) na área de geoprocessamento e mapeamento temático.

Ela conta que o interesse pela ciência surgiu na graduação, quando começou a ter contato com os laboratórios e lembra com gratidão sua passagem pelo Programa Cientista Chefe. “Foi uma experiência fantástica! Como bolsista, pude expandir meus horizontes acadêmicos e profissionais, especialmente ao entrar em contato com publicações técnicas. Até então, só havia trabalhado com publicações mais acadêmicas”, explicou.

Dentre as diversas atividades que desempenha na Sema, Vanessa é responsável pela gestão da Plataforma Estadual de Dados Espaciais Ambientais do Ceará (PEDEA-CE) – ferramenta que possibilita a consulta, o armazenamento e o compartilhamento de dados georreferenciados sobre o território cearense, e que ela ajudou a desenvolver e implantar no Estado, quando ainda era bolsista do Programa Cientista Chefe.

Para a geógrafa ver a plataforma consolidada e em plena atividade é a concretização de um sonho. “É muito gratificante trabalhar em algo desde sua concepção e agora perceber que ela já funciona como um suporte tanto para academias, universidades, alunos e escolas, quanto para empreendedores… E estar responsável por ela na Secretaria, é algo muito legal!”, revelou.

Vanessa destaca a importância de celebrarmos o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. “Esse dia traz visibilidade às figuras femininas na ciência, nos mostra que somos capazes e vira motivação para as futuras gerações de pesquisadoras, para quem está no mercado e quer ascender profissionalmente, tecnicamente ou academicamente. Isso nos mostra que nós mulheres somos de fato capazes e que merecemos esse protagonismo que durante muito tempo nos foi negado”, finalizou.

Caminhos na Ciência

Para a doutora em Ecologia, Anna Abrahão, a jornada na pesquisa científica começou em Brasília, sua terra natal, com a graduação em Ciências Biológicas. Ela percorreu o mundo com mestrado e doutorado, que foram realizados entre Campinas (SP), Austrália e Alemanha, até chegar a Fortaleza, cidade onde fixou residência em 2022, após ser aprovada no concurso para docente da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Ela conta que foi preciso sair da zona de conforto para estudar no exterior e destaca que, na pesquisa, é essencial fazer colaborações internacionais, além de estar sempre atualizada sobre as tendências globais no campo científico. “Os maiores desafios da carreira são, sem dúvida, essa necessidade constante de me mudar, de ter que arrancar minhas raízes da terra. Às vezes, o substrato não é tão favorável para o plantio, mas, quando aprendemos a lidar com as condições do solo, conseguimos perceber que, no final das contas, vale a pena. Isso nos proporciona uma visão de mundo muito mais ampla, o que é bem legal”, revelou Anna.

Atualmente, além de ser professora no Departamento de Biologia da UFC, Anna coordena o projeto RestauraCocó. Desenvolvido no âmbito do Programa Cientista Chefe Meio Ambiente (Sema/Funcap), a iniciativa visa a restauração ecológica de uma área de quase 18 hectares do Parque Estadual do Cocó, afetada por um incêndio em janeiro de 2024.

Sobre a representatividade feminina na ciência, a professora afirma ser um ponto fundamental. “Na minha carreira, sempre tive orientadores homens e só no doutorado tive uma co-orientadora mulher. Foi essencial para mim ver como ela equilibrava a carreira com a vida familiar; ela se tornou um grande exemplo de sucesso. Ter exemplos de sucesso é fundamental, pois, se tivermos apenas modelos masculinos, acreditamos que só os homens podem alcançar papéis importantes na ciência. Por isso, é crucial que as mulheres se destaquem e alcancem poder na ciência”, pontuou.

Ciência além das fronteiras

Roberta da Rocha Miranda é mestra em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal do Ceará e há sete anos trabalha no Parque Estadual Botânico do Ceará, uma Unidade de Conservação (UC) estadual de proteção integral, gerida pela Sema. Como técnica responsável pelo Viveiro de Mudas da UC, ela tem como desafio a operacionalização do primeiro banco estadual de germoplasma de espécies nativas, além de assessorar tecnicamente o Gestor das das Áreas de Proteção Ambiental (APAs) do Estuário do Rio Ceará e do Rio Maranguapinho.

Durante toda sua vida escolar e acadêmica, Roberta foi estudante do ensino público e aproveitou todas as oportunidades para adquirir conhecimento e enriquecer seu currículo. Ela conta que estudou um ano na Austrália, por meio do programa Ciência sem Fronteiras – iniciativa do Governo Federal de mobilidade estudantil que visa incentivar a formação acadêmica no exterior, oferecendo bolsas de iniciação científica e apoiando projetos em universidades de excelência.

“Fui bolsista da Capes para estudar Inglês na ICTE – Universidade de Queensland (Austrália), e me tornei fluente no inglês britânico, o que me ajudou bastante na universalização do conhecimento gerado no Brasil”, afirmou.

Para a bióloga, apaixonada pela profissão, celebrar o dia 11 de fevereiro é uma forma de promover a igualdade de gênero e o empoderamento feminino nas áreas científicas. “Historicamente, a mulher foi sub-representada e marginalizada nas ciências. Comemorar o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência é quebrar um paradigma patriarcal, é reconhecer que as mulheres tiveram e têm um papel essencial nas ciências”, concluiu.

Roberta deixou um recado para as meninas: “Não deixem que te digam que você não é capaz de alcançar o que almeja , seja persistente e resiliente. O estudo é transformador ! Mas como já dizia Leonardo Boff “Ninguém vale pelo que sabe , mas sim pelo que faz com aquilo que sabe.”Então faça e faça bem feito!”, finalizou.