Crianças em hospital infantil recebem bonecas produzidas por internas do sistema prisional

19 de fevereiro de 2025 - 11:03 # # # # # #

Natasha Ribeiro Bezerra - Ascom SAP - Texto
Pablo Pedraza - SAP - Foto

A Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização (SAP), por meio da Coordenadoria de Inclusão Social do Preso e do Egresso, entregou 192 bonecas de pano confeccionadas pelas internas do projeto “Arte em Cadeia”, oficina de costura da Unidade Prisional Feminina Desembargadora Auri Moura Costa (UPF). As bonecas foram entregues ao Sopai – Hospital Infantil Filantrópico, como parte do projeto “À Flor da Pele”.

A entrega contou com a presença do secretário executivo de Planejamento e Gestão Interna da SAP, Álvaro Maciel, da coordenadora do núcleo de Fortaleza do projeto “À Flor da Pele”, Madalena Fontenele, e de uma interna da unidade prisional feminina, cuja participação foi autorizada judicialmente. Ela atua como monitora na oficina de confecção das bonecas e esteve presente para expressar sua gratidão pelo trabalho e pelo amor envolvidos no projeto, representando todas as internas que, com dedicação, participam da confecção das bonecas.

O Projeto “À Flor da Pele”, criado na cidade de São José dos Campos (SP), por Terezinha Bevilaqua, borda e costura bonecas com o apoio de voluntárias, que são doadas a crianças internadas em hospitais de alta complexidade e a idosos com Alzheimer em casas de repouso, promovendo bem-estar e conforto.

Mais de 500 bonecas produzidas por pessoas privadas de liberdade do sistema prisional cearense já foram doadas pelo projeto com o objetivo de proporcionar carinho e apoio a quem precisa, ao mesmo tempo em que promove a inclusão social das mulheres privadas de liberdade. O trabalho artesanal realizado pelas internas é orientado por tutoras especializadas, oferecendo a elas uma nova oportunidade de ressignificação e empoderamento. A confecção das bonecas envolve 20 internas dedicadas à costura e outras 70 responsáveis pelo bordado, todas sob a orientação das tutoras. A iniciativa visa, além de promover a inclusão social, proporcionar um novo significado à vida dessas mulheres por meio do trabalho artesanal.

O secretário executivo de planejamento e gestão interna, Álvaro Maciel, fala sobre o projeto. “O projeto está sendo realizado na nossa unidade prisional feminina, com a participação de 90 internas. Esse projeto tem grande significado para todos: para a Secretaria, para as internas e para o hospital, pois, ao produzir as bonecas, as internas transmitem o carinho que sentem por essas crianças, muitas vezes em situações crônicas. Além disso, é uma oportunidade de ressignificação e ressocialização, que são metas essenciais da nossa Secretaria. Nosso objetivo é reintegrar à sociedade pessoas transformadas e mais preparadas. É um verdadeiro recomeço”, afirma.

O diretor técnico do hospital, Ricardo Sidou, expressa gratidão pela ação. “Nós, aqui no hospital, que abraçamos tantos, hoje estamos sendo abraçados pela Secretaria. Agradeço o secretário Maciel, agradeço a Madalena, que vocês levem nosso abraço a todas que estão confeccionando esse trabalho tão bonito. A relação da criança com o brinquedo transcende uma relação só de posse. Tanto ela possui, como também ela é possuída pela magia do brinquedo. Esse projeto é um projeto muito importante, toca profundamente a todos que fazemos no Sopai. Nosso trabalho é duro e árduo, mas é extremamente prazeroso. Nós estamos emocionados e gratificados, e eu só tenho a agradecer.”, disse.

A coordenadora do núcleo de Fortaleza do projeto “À Flor da Pele”, Madalena Fontenelle, se emociona com mais uma entrega. “O objetivo é levar um alento para as crianças que estão em situação hospitalar, oferecendo uma companhia que facilite a interação delas. Cada boneca conta uma história, com dez narrativas diferentes, e essa história acompanha o brinquedo. O acompanhante pode recontá-la quantas vezes forem necessárias. A criança encontrará elementos dessa história bordados na boneca, que se torna uma verdadeira companhia lúdica. É isso que buscamos: proporcionar conforto e companhia para as crianças no hospital. Em relação a este momento no Sopai, é uma grande alegria, muita alegria, pois somos abraçados pelo sistema penitenciário, que acreditou no nosso projeto”, atenta.

A interna da Unidade Prisional Feminina Desembargadora Auri Moura Costa (UPF) e participante do projeto, Tamyres Cavalcante, comemora a oportunidade. “ Estou honrada de representar as fadinhas da privação de liberdade. Sei que elas ficariam muito felizes de estar aqui, entregando as bonequinhas para as crianças. Foi uma grande surpresa ser escolhida para participar. A confecção das bonequinhas é uma experiência emocionante, cada uma tem uma história diferente, e a gente se identifica com cada uma delas. Aprendi muito com a Dona Madalena e a Dona Cláudia, que ensinam pontos novos toda quarta-feira. A cada dia, a gente aprende mais e consegue passar mais amor através das bonequinhas”, concluiu.