Mês da mulher: pioneirismo e determinação marcam trajetória de cirurgiãs torácicas do Hospital de Messejana
21 de março de 2025 - 16:42 #HM #Hospital de Messejana #Mês da Mulher #residência
Texto e fotos: Jessica Fortes / Ascom HM
A residência em cirurgia torácica do HM formou 26 cirurgiões ao longo de sua existência. Contudo, até 2024, nenhuma mulher havia concluído essa especialização no estado
Algumas especialidades médicas sempre foram predominantemente masculinas. No entanto, com coragem, determinação e amor pela profissão, mulheres vêm rompendo barreiras e conquistando cada vez mais espaço. Esse é o caso de Nathália Souza e Silva e Larissa Cavalcante Amora, as primeiras mulheres a concluírem a residência em cirurgia torácica do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (HM), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).
Criada em 2003, a residência em cirurgia torácica do HM, em parceria com a Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE), formou 26 cirurgiões ao longo de sua existência. Contudo, até 2024, nenhuma mulher havia concluído essa especialização no estado. Nathália e Larissa mudaram essa realidade ao se formarem em 2024 e 2025, respectivamente, abrindo caminho para outras mulheres que sonham em seguir essa carreira.
A trajetória das duas médicas foi marcada por desafios. O ambiente predominantemente masculino, as altas exigências acadêmicas e a carga emocional envolvida na cirurgia torácica não foram suficientes para desmotivá-las.
Amor pelo tórax
“A cirurgia era um sonho antigo, veio antes mesmo da medicina. Em 2019, fui a primeira residente de cirurgia geral do Hospital e Maternidade José Martiniano de Alencar (HMJMA). Durante os rodízios, passei pelo HM e me encantei pela cirurgia torácica. Em 2022, após a pandemia de covid-19, comecei a residência”, conta Nathália Souza.
Sua jornada foi repleta de desafios, pausas e retomadas, mas sempre marcada pela superação. No início da residência, Nathália descobriu que estava grávida e precisou se afastar das atividades por seis meses.
“Antes de fazer medicina eu já queria ser cirurgiã”, lembra, Nathália Souza
“Trabalhei até poucos dias antes do parto, mas precisei interromper a residência durante a licença-maternidade. Voltar foi desafiador, parecia estar começando do zero. Precisei me dedicar ainda mais. Conciliar residência e maternidade também não foi uma tarefa fácil, mas, apesar da distância de casa e dos meus filhos, nunca pensei em desistir. Tive uma rede de apoio fundamental nesse processo e faria tudo de novo”, relembra emocionada.
Sem saber, Nathália estava abrindo portas para sua colega Larissa e para outras mulheres que desejam trilhar o mesmo caminho. As duas se conheceram durante a residência de cirurgia geral e logo criaram um forte laço de amizade. “Ela sempre foi uma fonte de inspiração para mim. Me ensinou os primeiros passos da cirurgia geral, pegou literalmente na minha mão, e criamos um laço muito forte de união”, destaca Larissa Cavalcante.
A médica também sempre se interessou por cirurgia e buscava uma subespecialidade que proporcionasse uma ampla gama de atuações, desde consultas e exames até grandes cirurgias. “Passei um mês acompanhando o serviço de cirurgia torácica em Messejana e me encantei. Encontrei nela todos os quesitos que procurava e prometi voltar como residente. Assim fiz, em 2023, com a permissão de Deus”, afirma.
“O maior desafio com certeza foi conhecer essa especialidade tão rica. Lembro bem, quando estava na segunda semana de residência, me sentei no chão do quarto e pensei: será que vou dar conta? Deu tudo certo”, lembra, Larissa Amora sobre a residência
Durante a residência em cirurgia torácica, a parceria entre as duas se fortaleceu ainda mais. “Estávamos sempre juntas, apoiando uma à outra. Foi essencial ter essa companhia ao longo da caminhada”, reforça Larissa Amora.
A especialidade requer muita dedicação e preparo técnico, por abranger procedimentos relacionados as vias respiratórias, pulmões e parede torácica, sendo fundamental para o tratamento de doenças como câncer de pulmão, enfisemas, malformações torácicas e transplante.
“Foram dois anos desafiadores. A cirurgia torácica é um mundo e para aprender tem que participar das cirurgias, tem que ver, tem que ter prática, não queremos perder nenhuma caso. É cansativo, mas é uma satisfação pessoal. Participamos de muitos procedimentos juntas e sempre foram momentos muito ricos”, descreve Nathália sobre a especialidade e a parceria com a amiga.
Inspiração
As cirurgiãs reconhecem a importância da conquista e a responsabilidade que é inspirar outras mulheres.
“Cada uma de nós tem sua trajetória, seu caminho e uma realidade diferente. Então, o principal conselho que posso dar é: não se compare! Faça suas escolhas, lute suas lutas, siga seu sonho e seja determinada. Estou aqui para mostrar que é possível, que dá certo, apesar de tudo. Acho que com dedicação tudo é possível”, incentiva, Nathália.
Para Larissa, a conquista transcende o aspecto pessoal: “ser mulher não é um fator limitante e eu quero muito que todas entendam isso. Para mim, essa conquista de finalizar residência será ainda maior, se alguma acadêmica de medicina for inspirada e escolher seguir seus sonhos”, descreve.