Sesa capacita Agentes Indígenas de Cultivo para projeto Interculturalidade e Farmácias Vivas no SUS Ceará
28 de março de 2025 - 13:03 #Agentes indígenas #farmácias vivas #Interculturalidade #Sesa #SUS Ceará
Após o recebimento desse treinamento sobre o plantio, os agentes seguem para fazerem as plantações nas suas comunidades
A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) realizou mais uma etapa do projeto “Interculturalidade e Farmácias Vivas no SUS Ceará”. Os oito Agentes Indígenas de Cultivo (AIC) receberam, no Horto Estadual do Ceará, em Messejana, na capital cearense, instruções sobre o plantio das dez plantas medicinais selecionadas para a iniciativa. O treinamento ocorreu na última quinta-feira (27). Ao fim do dia, os agentes levaram as mudas das ervas para serem plantadas em suas comunidades.
De acordo com a coordenadora de Políticas de Assistência Farmacêutica e Tecnologias em Saúde (Copaf) da Sesa, Fernanda Cabral, esse foi um momento rico de aprendizado para os agentes e também para a equipe da Sesa envolvida no projeto. “Essa etapa de hoje é muito importante porque os agentes irão saber mais sobre o cultivo, a colheita e o transplantio, para gerar mais mudas. Nesse processo, ocorre uma rica troca de saberes, porque tanto eles aprendem sobre os métodos científicos, como nós aprendemos mais com a cultura e os saberes tradicionais dos povos indígenas”, destacou.
Os agentes são provenientes das etnias Tapeba, Tremembé, Pitaguary, Tabajara e Kalabaça e vivem nos municípios de Caucaia, Maracanaú, Poranga e Itapipoca, respectivamente
Segundo a gestora, os agentes são provenientes das etnias Tapeba, Tremembé, Pitaguary, Tabajara e Kalabaça e vivem nos municípios de Caucaia, Maracanaú, Poranga e Itapipoca, respectivamente. Após o recebimento desse treinamento sobre o plantio, eles seguem para fazerem as plantações nas suas comunidades e, posteriormente, trarão os insumos, conhecidos como massas verdes, para o preparo dos medicamentos fitoterápicos no Horto Estadual.
Uma das participantes do projeto é a estudante de Farmácia, Isabel Morais. Integrante da comunidade indígena Tapeba do Trilho, em Caucaia, ela diz que, com o conhecimento adquirido, pretende multiplicar o que está aprendendo. “Tenho uma tia que possui um terreno cheio de plantas medicinais. Espero que eu possa dar continuidade a esse trabalho dela com o que estou aprendendo, assim como ter o meu próprio terreno”, disse.
A autônoma Neta Bento, da etnia Pitaguari do Horto, em Maracanaú, relata ter aprendido bastante e notado benefícios na própria saúde. “Com esse trabalho, estou conseguindo dormir melhor, por trabalhar com a terra e estar em contato com mais pessoas. Tem me feito muito bem, além de contribuir com o sustento. Um dos aprendizados daqui é que não devemos misturar muitas ervas, porque cada uma tem sua propriedade”, pontuou.
Experiente no preparo de chás e garrafadas para sua família, a autônoma sempre utilizava ervas para potencializar o efeito dos medicamentos. “Quando mais jovem, me curei mais rápido de uma tuberculose ao aliar o tratamento com remédios e a água com mastruz. Tive câncer de intestino e a babosa me ajudou bastante para não ter muitas sequelas”.
Sobre o projeto
O projeto Interculturalidade e Farmácias Vivas no Sistema Único de Saúde (SUS) do Ceará foi selecionado pelo Ministério da Saúde (MS) para ser implementado em municípios que possuem comunidades indígenas em todo o estado. A iniciativa da Sesa, em parceria com entidades públicas e sociedade civil, contempla a distribuição de medicamentos fitoterápicos nos locais selecionados e a construção de hortos para o cultivo de plantas medicinais.
A iniciativa é resultado de uma parceria das secretarias da Saúde (Sesa), dos Povos Indígenas (Sepince) e de Desenvolvimento Agrário (SDA) do Ceará e do Conselho Estadual de Saúde (Cesau-CE), com o Distrito Sanitário Indígena do Ceará (Dsei/CE) e a Universidade Federal do Ceará (UFC), entre outras entidades ligadas ao movimento indígena.