Oficina ajuda famílias de crianças neurodivergentes a superarem desafios com a alimentação

8 de abril de 2025 - 08:37 #

Texto e fotos: Ascom SPS

Na casa da avó, o feijão carioca ganhou um novo significado para Larissa Meneses. Aos 12 anos, diagnosticada com autismo, TDAH e em investigação para Transtorno Opositivo Desafiador (TOD), ela sempre teve dificuldades com a alimentação. Mas foi nesse ambiente familiar que passou a aceitar um alimento que antes rejeitava.

A descoberta aconteceu aos poucos, como conta sua mãe, Gilmara Meneses. “Ela não gostava do cheiro, da cor, da textura. Mas percebeu que, na casa da avó, o feijão era diferente: mais macio, preparado de outra forma. Isso fez com que começasse a aceitar”, explica. O processo exigiu paciência e adaptações no preparo, testando novos ingredientes e associando os sabores da casa da avó aos que já eram familiares à menina.

Histórias como a de Larissa foram compartilhadas durante a roda de conversa sobre alimentação seletiva para famílias com filhos neurodivergentes, realizada no Espaço Viva Gente (EVG). A iniciativa, promovida pela Coordenadoria de Segurança Alimentar e Nutricional da Secretaria da Proteção Social (SPS), apresentou estratégias para lidar com esses desafios à mesa.

A nutricionista Beatriz Basílio, técnica da Coordenadoria, explica que fatores como cheiro, cor, sabor e textura podem influenciar a aceitação dos alimentos. “Muitas famílias lidam com essa dificuldade diariamente, por isso trazemos esse tema para as capacitações. É essencial explorar diferentes formas de preparo para ampliar o repertório alimentar das crianças e evitar deficiências nutricionais”, afirma.

As formações são realizadas para orientar as famílias com estratégias práticas para lidar com os desafios do dia a dia e promover a inclusão a partir do cuidado e do acolhimento às necessidades específicas de cada criança. No ano passado, foram 12 capacitações para familiares de crianças neurodivergentes, abordando diferentes temas relacionados à alimentação, saúde e bem-estar infantojuvenil.

Para Gilmara, momentos como esse são fundamentais. “A gente aprende muito com outras mães, troca experiências e percebe que não está sozinha”, ressalta. Ela conta que ensinar Larissa sobre a importância de cada alimento no corpo ajudou no processo. “Brincamos com isso: mostramos que cada tipo de feijão, como o preto ou o verde, tem uma função diferente. Assim, ela vai entendendo”, relata.

Embora Larissa ainda precise de suplementação de ferro, incluir o feijão carioca na rotina foi um avanço. “Hoje ela come, não na quantidade ideal, mas já é um grande passo”, comemora Gilmara. Ela espera que encontros como esse se tornem frequentes: “A gente conta os segundos para participar. Faz toda a diferença na nossa rotina”, conclui.