SAP e Senac concluem mais um curso gastronômico para pessoas egressas do sistema prisional do Ceará
24 de abril de 2025 - 15:26 #CE #Curso gastronômico #Pessoas egressas #SAP e Senac #sistema prisional
Natasha Ribeiro Bezerra - Ascom SAP - Texto
Pablo Pedraza - Foto
A Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização (SAP), por meio da Coordenadoria de Inclusão Social do Preso e do Egresso (Coispe), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), promoveu um curso profissionalizante voltado à gastronomia típica de bares: a comida de boteco. A ação teve como objetivo principal qualificar egressos do sistema prisional e ampliar suas oportunidades de reintegração social por meio da inserção no mercado de trabalho formal.
Com carga horária de 20 horas, o curso contou com a participação de 15 egressos e foi realizado com apoio logístico, incluindo ajuda de custo para transporte dos alunos. O conteúdo programático incluiu desde técnicas de preparo de carnes, aves, peixes e frutos do mar, até a montagem e finalização de pratos. Também foram abordadas boas práticas de higiene e segurança alimentar, com foco em manipulação, armazenamento e conservação de alimentos, além do uso correto de utensílios e equipamentos.
As receitas clássicas ensinadas durante as aulas reforçaram o caráter prático da formação: queijo coalho empanado com milho, mini espeto suíno, carne de sol acebolada com molho de rapadura, camarão crepe com molho picante, iscas de frango com laranja, picadinho de filé, linguiça flambada, croquete de jerimum e tempurá de batata-doce foram algumas das iguarias preparadas pelos alunos.
A iniciativa está amparada pela Lei Estadual de Reserva de Vagas (Lei nº 15.854/2015), que garante o direito à reintegração laboral de egressos do sistema prisional, assegurando sua inclusão de forma digna e legal no mercado de trabalho, conforme os direitos estabelecidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
O professor do curso de comida de boteco, Evilazio Nascimento, fala sobre o curso. “Sou professor de gastronomia no Senac há 16 anos e sempre atuei em projetos voltados à formação e inclusão. No curso de comida de boteco para egressos do sistema prisional, começamos com a manipulação de alimentos, depois passamos para cortes, preparo e, por fim, a execução e degustação dos pratos. No encerramento, discutimos as experiências e avanços de cada um. Já atuei dentro do sistema e sei da importância dessas oportunidades. Ver esses alunos se desenvolverem, aplicando o que ensino e se orgulhando do que produzem, é muito gratificante. Me sinto um elo de ligação — é mais do que ensinar, é ajudar a reconstruir histórias”, afirma.
A coordenadora de inclusão social do preso e do egresso, Cristiane Gadelha, comemora mais um curso. “A parceria com o Senac tem sido essencial. Neste último ano, investimos em cursos rápidos, principalmente de gastronomia, para que os egressos tivessem mais acesso e pudessem começar a empreender de casa, com segurança e seguindo as normas de higiene. Esta já é a 13ª turma de um total de 20, e percebemos que muitos estão mais confiantes para abrir seus próprios negócios. Além disso, incentivamos o acesso às políticas do Estado, como linhas de crédito com juros baixos, e a continuidade nos cursos, fortalecendo a autoestima e a inserção no mercado”, atenta.
O egresso do curso de comida de boteco, Antônio Márcio, fala da importância do curso. “Este curso tem sido uma grande oportunidade. Sempre gostei de cozinhar — em casa, sou eu que faço o almoço. Já fiz outros cursos, como o de doces e salgados e o de bombeiro hidráulico. Meu sonho é montar um boteco ou churrasquinho futuramente. Hoje trabalho como vendedor autônomo em outro ramo para sustentar minha família, e esse curso me dá esperança de investir nesse plano”, disse.
A egressa do curso de comida de boteco, Ana Letícia Ribeiro, comenta sobre a experiência em participar do curso. “Nunca tive contato com a gastronomia e me surpreendi bastante com a experiência. No começo, não era algo que me chamava atenção, mas ao longo dos dias fui vendo minha evolução e estou gostando muito. Estou levando como um aprendizado que vai ficar pra vida toda. Quem sabe um dia eu precise — já terei o curso e o certificado”, afirma.