Do gesto que comunica ao que educa: intérprete de Libras da Sesa fortalece elo com filho para além da rotina do lar

9 de maio de 2025 - 14:39 # # #

Kelly Garcia - Ascom Sesa - texto
Kelly Garcia/Arquivo Pessoal - fotos Ariane Cajazeiras - Ascom Sesa - edição
Carla Costa - Ascom Sesa - arte gráfica

A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), na quarta e última reportagem da série “Enquanto cuido, ensino. Enquanto ensino, inspiro“, traz os desafios e o aprendizado que ser mãe e profissional carrega consigo. O reforço do companheirismo e da admiração dos filhos por suas mães pode chegar até ao ambiente de trabalho. Como no caso de Luanna e Arthur.

Luanna Souza é intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras) e atua na área há 21 anos. Destes, cinco são dedicados à área da saúde, com a tradução para surdos no Telessaúde e dos conteúdos produzidos pela Assessoria de Comunicação (Ascom) da Sesa. “A relação com o cuidar sempre foi muito forte em mim e pensei em seguir a Medicina ou a Enfermagem, quando concluí o Ensino Médio. Porém, como também gostava de sala de aula e de português, optei pelo curso de Letras”, disse.

A maternidade solo e a vontade de aproveitar ao máximo o tempo ao lado do filho Arthur, hoje com 12 anos, mesmo com a vida corrida como profissional, contribuiu para que a relação dos dois fosse de muito companheirismo. “Não consigo imaginar algo em minha vida que eu tenha desejado tanto e com tanta força, quanto ser uma boa mãe. Abdiquei e abdico, sem nenhum pesar, de muitas coisas, para acompanhar bem de pertinho cada passo dele, para conduzir e orientar da melhor forma… Só sei ser mãe assim”, diz emocionada.

Em Luanna, a paixão pelas Libras teve início durante a celebração de uma missa, na Paróquia de Santa Luzia, em Fortaleza. “A tradução emocionava e, como eu já era formada em Letras, fiquei curiosa sobre os detalhes dessa língua. Se teria uma gramática. Qual seria a estrutura? Dali para me envolver com a profissão foi um pulo e emendei curso básico, intermediário, avançado e de intérprete”.

Sempre acompanhando a mãe, Arthur aprendeu alguns sinais e passou a ter interesse por se comunicar dessa maneira, o que faz, até hoje, ao reconhecer alguém que fale em Libras. “Ao me ver fazendo tradução, meu filho também ficou curioso para saber o que eu estava dizendo. Ele foi aprendendo e, em algumas vezes, chegou a subir no altar para fazer as Libras da oração do Pai-nosso. Hoje, é muito querido pela população surda, porque viram ele crescer, por sempre estar comigo nas traduções, tanto na igreja, como, eventualmente, em outros ambientes em que trabalhei”, contou.

Como estuda em uma escola próximo da Sesa, em alguns momentos Arthur chega a dividir também o ambiente de trabalho com a mãe. “Aqui, ele é muito querido pelos funcionários, que já o conhecem e têm muito carinho por ele”.

Nos dias em que precisa trazer Arthur para o trabalho, Luanna Souza, aproveita para ensinar, na prática, a importância do respeito para a convivência com o outro. “Procuro sempre passar para ele o respeito, não apenas pelas pessoas, mas também no cuidado com os objetos e o ambiente que estamos, assim como a gentileza, porque não sabemos as lutas que as pessoas passam”, destaca.

Na Saúde do Ceará, a intérprete de Libras encontrou a realização de mais um sonho, que foi trabalhar nessa área. “A relação com o cuidar sempre foi muito forte em mim e pensei em seguir a Medicina ou a Enfermagem, quando concluí o Ensino Médio. Porém, como também gostava de sala de aula e de português, optei pelo curso de Letras. Na Sesa, posso aliar as Libras e esse cuidado”, disse.

O adolescente pretende trilhar o caminho da tecnologia, mas já pensou em ser professor, pela admiração que tem pela mãe. “A área dela sempre me motivou muito, por gostar da sala de aula. Na área das Libras, acho bonito quando ela é intérprete nos eventos externos, em que ela sobe no palco e traz acessibilidade para muitas pessoas. Comecei a aprender Libras ainda muito pequeno e pretendo continuar”.

Para Arthur Souza, o mais inspirador na profissão da mãe é a capacidade de ajudar. “Acho legal essa movimentação de ela ir auxiliar as pessoas, seja gravando uma notícia ou nos eventos, para que aqueles que não conseguiriam entender aquelas mensagens, possam compreender”.

Entre os acontecimentos recentes, Luanna recorda, com muito orgulho, quando recebeu o elogio em um post-it de uma professora de Arthur, já neste ano, com os dizeres “você é uma mãe incrível”. “Quero colocar em um quadro, porque realmente eu não esperava, até porque ela é uma professora muito exigente e ele estuda em uma escola grande. Num misto de muitos erros e outros tantos acertos, sigo tentando oferecer meu melhor a quem me traz, diariamente, tantos sorrisos e tanto amor. Por hoje, me sinto orgulhosa. De mim e dele. Acho que formamos uma boa dupla”, conclui.

Relatos que inspiram: ser mulher, mãe e trabalhadora da saúde