Oficina debate ações para pertencimento étnico-racial a partir da primeira infância

15 de maio de 2025 - 09:05 #

Rafaela Leite - Ascom SPS - Texto
Mariana Parente - Ascom SPS - Fotos

Representantes estaduais, municipais e de comunidades quilombolas e povos de terreiros participaram, nesta quarta-feira (14), da “Oficina de Fortalecimento do Projeto de Pertencimento Étnico-racial a partir da Primeira Infância”. O evento é a continuação de projeto iniciado em 2024, que promoveu oficinas e ações estratégicas em seis comunidades quilombolas do Ceará.

O encontro foi realizado no Hotel Oásis, em Fortaleza, e contou com as presenças da secretária da Igualdade Racial (Seir), Zelma Madeira, do secretário-executivo da Infância, Família e Combate à Fome da Secretaria da Proteção Social (SPS), Caio Cavalcanti, do secretário-executivo de Equidade, Direitos Humanos, Educação Complementar e Protagonismo Estudantil da Secretaria da Educação (Seduc), Helder Nogueira, e da orientadora da Célula de Atenção à Saúde das Comunidades Tradicionais e Populações Específicas da Secretaria da Saúde (Sesa), Valéria Mendonça.

Na ocasião, os municípios de Araripe, Horizonte, Pacujá, Poranga, Porteiras e Trairi apresentaram as ações antirracistas implementadas por diferentes atores sociais do município, bem como famílias e sociedade, em 2024. O momento foi seguido por trabalhos em grupos, debates e a elaboração de planos de ação municipais.

Secretária da Igualdade Racial (Seir), Zelma Madeira explicou que as oficinas integram a quinta diretriz do Plano de Governo do Estado do Ceará, que trata do combate ao racismo. “Nós da Seir temos uma preocupação muito grande em duas frentes, majoritariamente, é garantir um reconhecimento étnico. É fazer com que as secretarias, os técnicos, tenham uma escuta ativa e respeitosa, aos povos com os quais trabalhamos: a população negra, povos e comunidades tradicionais que reivindicam uma origem étnica como ciganos, como povos de terreiro e quilombolas. Então precisamos ouvir todo esse povo, as suas demandas, o que eles têm de necessidades, fortalecer o reconhecimento étnico, porque são esses povos, essas comunidades, essa população que tem sofrido o peso do racismo e da discriminação”, frisou.

“Hoje a gente vem avaliar o que realizamos, e aí balizar o que foi legal, o que não foi, para que a gente faça novos alinhamentos e novas propostas de trabalho, para que consigamos atingir o que o governo pede da gente, que é cuidar das pessoas para avançar o Ceará. E, para nós, cuidar das pessoas e avançar o Ceará é acabar com o racismo, com as desigualdades raciais e fazer aposta em ações antirracistas”, completou.

A iniciativa é realizada pela Secretaria da Proteção Social (SPS), em parceria com a Seir, Sesa e Seduc, e acontece a partir do programa Primeira Infância no Suas/Criança Feliz, que promoveu formações com profissionais da assistência social, saúde e educação que trabalham com comunidades quilombolas e povos de terreiro.

Coordenadora do Criança Feliz, Silvana Simões destaca a importância de tratar da temática de forma transversal. “O nosso interesse é que a política de primeira infância dê certo, e ela só vai dar certo se for de forma intersetorial. Então, nós vamos continuar, vamos ter mais cinco municípios esse ano, e a gente vai estar nesse processo sempre, de monitorar e avaliar, para ver se realmente está melhorando a vida dessas comunidades e se elas estão tendo visibilidade nas políticas públicas”, afirmou.

Presente no evento, o secretário-executivo da Infância, Família e Combate à Fome da SPS, Caio Cavalcanti, destacou a temática do pertencimento étnico-racial a partir da primeira infância como prioridade para o Governo do Estado. “Juntos, estado, município e lideranças comunitárias estamos construindo algo novo, que é o produto dessas oficinas. É uma iniciativa extremamente inovadora. Contem conosco para que a gente possa avançar cada vez mais nessa causa que é permanente, é necessária, sobretudo aqui no nosso Estado do Ceará”, frisou.

Por uma Infância Antirracista

Técnico da Gestão do Suas em Poranga, Fernando Lima conta que entre as ações pactuadas no município estão a presença do programa Criança Feliz e a efetivação do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos dentro da comunidade quilombola.

“Sempre houve uma busca para estarmos o mais próximo de toda a população. Mas após as oficinas, percebemos um olhar mais sensível por parte dos profissionais que participaram. Nós conseguimos algumas ações também no Cadastro Único. Após a oficina, fizemos uma mobilização com famílias, de modo que elas viessem se autodeclarar como povos e comunidades tradicionais”, afirmou o profissional, que é também é sacerdote de umbanda e membro do Terreiro Caboclo Tapynaré.

Coordenadora do Cras Quilombola de Alto Alegre, no município de Horizonte, Tatiana da Silva conta que o município já desenvolvia uma série de ações junto à comunidade e as oficinas vieram para fortalecer os projetos também no Centro e em outros distritos. “Uma das ações que pactuamos foram formações com os profissionais técnicos Suas, e foi extremamente importante para esses técnicos estarem alinhados, preparados para estarem trabalhando com as crianças. Essa iniciativa com a infância traz empoderamento, fortalecimento de identidade, tanto para crianças negras, crianças quilombolas e crianças não negras também. É importante que eles entendam essa diversidade e que vejam os colegas, seus amigos, as pessoas negras como pessoas potentes, pessoas que têm saberes, que são dignas de estar nos espaços”, frisou.