Dia da Planta Medicinal: especialistas orientam sobre os cuidados ao consumir chás ou fitoterápicos
21 de maio de 2025 - 16:03 #chás #Cuidados #especialistas #fitoterápicos #Planta Medicinal
Kelly Garcia - Ascom Sesa - Texto
Kelly Garcia e Arquivo Sesa - Fotos
Assim como os medicamentos da indústria farmacêutica oferecem riscos, se utilizados sem orientação, os chás também podem causar danos
Ao contrário do que muitos pensam, o dito popular “Se é natural, não faz mal” é falso. Assim como os medicamentos da indústria farmacêutica oferecem riscos, se utilizados sem orientação, aquele chá ou fitoterápico indicado, muitas vezes, por um familiar ou amigo, pode causar danos. Os perigos são maiores se a pessoa tiver doenças que demandam utilização de medicamentos: o consumo cruzado pode ocasionar, por exemplo, a potencialização ou a perda de efeito do medicamento.
A orientadora da Célula de Assistência Farmacêutica (Ceasf) da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), Karla Deisy Borges, destaca a importância de sempre consultar um médico ou um farmacêutico ao fazer uso tanto de remédios, como de chás e suplementos. “Temos que ter cuidado e fazer o uso racional, porque o fato de ser natural não significa que não faz mal. Precisamos desconstruir essa ideia porque o uso indevido de fitoterápicos pode trazer muitos danos, por poder inibir ou potencializar a ação das substâncias presentes, por exemplo, nos medicamentos de uso contínuo”, diz.
Segundo a farmacêutica, substâncias encontradas em chás populares, como o de alho, usado para gripes e resfriados, podem atrapalhar a ação de anticoagulantes e a insulina. “Um simples chá de alho pode aumentar o tempo de sangramento, por ter interação com os anticoagulantes orais, usados em situações que as pessoas têm formação de trombos. Ele também pode aumentar a hipoglicemia em diabéticos e alterar o funcionamento da tireoide. Dessa forma, em vez de obter os benefícios, pode causar danos à pessoa”, explica.
Os chás de camomila e boldo, amplamente utilizados para insônia leve e problemas digestivos, respectivamente, também têm o potencial de trazer reações adversas, a depender de quem o consome. “A boldina, presente no boldo, e a camomila atrapalham a ação dos anticoagulantes. No caso desse último, dificulta a absorção do ferro. Ou seja, ambos impactam no metabolismo”.
As chamadas interações medicamentosas — modificações de efeito nos medicamentos pelo uso recente ou, ao mesmo tempo, de outro medicamento, suplemento ou fitoterápico — podem ocorrer, inclusive, com alimentos. “Existe o caso clássico do antibiótico tetraciclina, que perde boa parte da absorção, caso seja consumido com leite, frutas ou legumes ricos em ferro”, exemplificou.
Cuidados com os fitoterápicos
De acordo com Karla Deisy, existem alguns cuidados que evitam efeitos adversos, especialmente em pessoas que têm doenças crônicas. “Os chás devem ser consumidos preferencialmente sem açúcar, principalmente pelos diabéticos. Caso a pessoa queira adoçar, melhor que seja com rapadura ou açúcar mascavo. Não é indicada a ingestão de medicamentos com chás, sucos e nem refrigerantes. Importante tomar o remédio com água”, disse.
Já as pessoas que amamentam e os bebês não devem consumir chás nos seis primeiros meses. Outro cuidado é evitar o uso de folhas que crescem na beira da estrada ou de rios. “Plantas que crescem perto de estradas e rodovias podem se contaminar com a fumaça dos veículos, assim como as que nascem perto de rios, que podem ser poluídos. Folhas com mofo, insetos e sinais de deterioração devem ser descartadas”, destacou.
Farmácias Vivas
Nesta quarta-feira (21), comemora-se o Dia da Planta Medicinal, em homenagem ao aniversário de Francisco José de Abreu Matos, falecido em 2008. Ele foi professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e criador das Farmácias Vivas.
As Farmácias Vivas são unidades farmacêuticas implantadas para atender as comunidades, compreendendo as etapas de cultivo, coleta, processamento, armazenamento de plantas medicinais, manipulação e dispensação de preparações magistrais, além de oficinas de plantas medicinais e fitoterápicos.
A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) atua no cultivo de plantas medicinais, no horto oficial do Estado
Desde 1997, a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), por meio da Coordenadoria de Políticas da Assistência Farmacêutica e Tecnologias em Saúde (Copaf), atua no cultivo de plantas medicinais, no horto oficial do Estado, e na implantação do equipamento nos municípios, prestando toda a assessoria necessária.
A farmacêutica Aleksandra Gomes, que integra o horto oficial do Estado, explicou que existem três tipos de Farmácias Vivas. “O primeiro possui apenas cultivo e dispensação de plantas in natura. Há o modelo intermediário, com cultivo e dispensação de plantas medicinais secas (que passaram por processo chamado beneficiamento primário). O terceiro, mais complexo, conta com preparação de fitoterápicos para dispensação em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS)”, orientou.
Para solicitar apoio na implantação do equipamento nas cidades, voltada a universidades, associações, escolas e secretarias de saúde municipais, deve ser enviado um e-mail para os endereços eletrônicos fito.copaf@gmail.com e copaf.sesa@gmail.com.