Sertão Vivo Ceará: mais de 63 mil famílias serão beneficiadas com investimento de R$ 251 milhões
21 de maio de 2025 - 13:28 #agroecologia #SDA #semiárido #Sertão Vivo #sustentabilidade
Larissa Falcão - Casa Civil - texto
Helene Santos - Casa Civil - fotos
Yuri Leonardo - Casa Civil - infográfico
Com lançamento nesta quarta (21), Sertão Vivo Ceará busca reduzir os efeitos das mudanças climáticas e fortalecer a agricultura familiar
Comunidades rurais em 72 municípios do Ceará vão ter mais apoio para cuidar da terra e produzir alimentos com qualidade. Nesta quarta-feira (21), foi lançado o Projeto Sertão Vivo Ceará, que destinará R$ 251 milhões para beneficiar 63 mil famílias, cerca de 252 mil pessoas, no estado. O evento foi realizado na sede da Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Ceará (SDA), em Fortaleza, com a presença do governador Elmano de Freitas e outras autoridades, além de lideranças do movimento sindical e organizações da sociedade civil.
O Sertão Vivo Ceará é resultado da parceria entre Governo do Estado, por meio da SDA, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e o Fundo Verde do Clima (GCF, sigla em inglês para Green Climate Fund).
Pioneiro em relação à resiliência climática, o Projeto compreende territórios de 7 regiões do estado e da Grande Fortaleza, chegando a 72 municípios no total. São territórios que sofrem com falta ou excesso de chuvas, desertificação e intervenção humana prejudicial à natureza.
O intuito é criar oportunidades e condições no manejo agrícola, com ferramentas e tecnologias sustentáveis que gerem o aumento da resiliência climática e melhorem a vida dos agricultores no semiárido.
“Nós temos que desenvolver as nossas vantagens e potencialidades. Neste projeto, estamos trabalhando a agricultura como um todo, mas também olhando para os diversos segmentos que temos, na pluralidade, em nossos sertões e serras. Esse projeto também nos ajuda a desenvolver tecnologias para avançarmos na agroecologia produtiva, com parcerias e pesquisas, para melhorar a condição de vida e renda do nosso povo”, declarou o governador Elmano de Freitas.
Nesse sentido, o Projeto vai atender: Agricultores familiares e assentados da reforma agrária; Povos e Comunidades tradicionais como Comunidades Quilombolas e Indígenas; Mulheres; Jovens; População Rural em situação de vulnerabilidade Alimentar e Nutricional; e Áreas rurais com maior incidência de pobreza rural, vulnerabilidade climática e exposição histórica à seca.
O apoio consiste em: implantação de sistemas produtivos resilientes às mudanças climáticas; serviços ambientais para recuperar o bioma Caatinga; e acesso à água para a produção e ações para reduzir as emissões de gases do efeito estufa.
“O principal ponto desse projeto é a assistência técnica que vamos dar a essas famílias. Mas, além disso, garantimos que vamos chegar aos 184 municípios com outros projetos, como o Paulo Freire e o São José”, afirmou o titular da SDA, Moisés Braz. A previsão de investimento apenas com o Paulo Freire é de R$ 800 milhões.
Novo ciclo para a agricultura familiar cearense
A chegada do Sertão Vivo é uma semente de esperança para o agricultor Airton Gomes, de 64 anos, que fala sobre a convivência com a seca em Madalena, no Sertão de Canindé.
“Temos grandes dificuldades, principalmente neste ano, porque muitas comunidades estão sem água, e os agricultores com medo de acontecer o abandono nessas comunidades. O Sertão Vivo fortalece a permanência dessas famílias”, acredita Airton, que é presidente da Associação dos Moradores dos bairros Antônio Firmino Pinho e Agrovila sede.
Em Ibaretama, cidade localizada a cerca de 133 quilômetros de Madalena, a agricultora Juciliana Maria Ribeiro, 50, relata uma realidade diferente da que Airton enfrenta, contudo, também se insere no contexto das mudanças climáticas.
“Esse ano foi de muita perda na produção, porque teve muita água, a terra fica encharcada. Até ontem, estava chovendo fora do padrão. Mas, aquilo que Deus manda, a gente tem que colher. O jeito é aprender novas técnicas”, disse Juciliana, que é presidente da Associação Benéfica Ativa dos Moradores de Pirangi.
Em Palmácia, cidade serrana do Maciço de Baturité, o agricultor Chiquinho do Araticum, 66, defende que o caminho para produzir alimentos de qualidade é cuidando da terra. “Meus pais foram agricultores, então eu sei que a linha para gente é a de produzir alimentos orgânicos. Precisamos cuidar da terra, mas também precisamos ter ferramentas para não perder o que produzimos”, acrescentou Chiquinho, que é presidente do Sindicato da Agricultura Familiar de Palmácia.
Pioneirismo do Ceará
O cronograma do Sertão Vivo Ceará prevê a seleção das comunidades e cadastro das famílias a partir de setembro deste ano. A mobilização e sensibilização junto a associações e agricultores são etapas fundamentais nesse processo que será coordenado pela SDA.
“Nós já começamos visitas em alguns dos 72 municípios. Após a seleção das famílias, começaremos o diagnóstico com as comunidades para iniciar as atividades no ano que vem. As famílias vão receber a assistência técnica durante dois anos”, pontuou Rocicleide Silva, coordenadora estadual do Sertão Vivo.
Esse engajamento do Governo do Estado no Projeto foi destacado por Raquel Silvestrin Zanon, gerente do Departamento de Inclusão Produtiva e Educação do BNDES. O Ceará foi o primeiro estado a assinar, em agosto de 2024, o contrato para financiamento de iniciativas relacionadas ao Sertão Vivo. Além do Ceará, Pernambuco, Sergipe e Bahia também foram selecionados via edital.
“O Ceará vai servir de inspiração e exemplo para os demais estados”, avaliou Raquel, informando que o Banco também vai desenvolver uma outra linha, chamada de Sertão Mais Produtivo, que vai abranger todo o semiárido brasileiro.
Representante do FIDA, Alessandra Di Giacomo, também destacou a parceria. “O Sertão Vivo representa um marco do compromisso dos parceiros com o desenvolvimento sustentável e a segurança alimentar no semiárido. O Projeto também reforça a alianças existente entre Fida e o Ceará, que conta também com os projetos Paulo Freire e Dom Helder Câmara”, concluiu.