Setor produtivo e academia promovem desenvolvimento regional por meio do projeto Impulsiona Ceará

29 de maio de 2025 - 14:59 # # # #

Edwirges Nogueira - Ascom Centec - Texto

Aperfeiçoar produtos, acessar tecnologias e melhorar processos. Essas e outras demandas dos Arranjos Produtivos Locais (APLs) cearenses estão sendo avaliadas e atendidas por meio do encontro entre pesquisadores de instituições de ensino, empresários e produtores rurais. Essa é a base da ação da segunda fase do Impulsiona Ceará, projeto do Governo do Ceará que apoia a política de desenvolvimento dos APLs.

Coordenado pela Agência de Desenvolvimento do Estado (Adece) e executado pelo Instituto Centro de Ensino Tecnológico (Centec), o Impulsiona Ceará acompanha diferentes Arranjos Produtivos desde 2021, realizando ações como consultorias, feiras, planos de ação participativos e rodadas de negócios.

A pesquisa está presente nas atividades desde o gerenciamento de dados até a criação de produtos que agreguem valor às cadeias produtivas dos APLs. Luana Bandeira, analista técnica da Adece, explica que as visitas técnicas para a identificação e mapeamento dos 36 APLs permitiram, a partir de uma metodologia consolidada, identificar as novas vocações produtivas do Ceará.

“O Impulsiona Ceará promove uma ação transversal nos APLs cearenses no sentido de apoiar o desenvolvimento regional. Com um gerenciamento de dados estratégico e acessível, é possível organizar, sistematizar e divulgar as ações desenvolvidas, facilitando a comunicação e dando suporte à tomada de decisão com base em dados atualizados. Já os Planos de Ação Estratégicos (PAEs) combinam rigor técnico com a participação ativa dos empresários, produtores e instituições locais para diagnosticar e propor ações assertivas, com uma visão sustentável e integrada de desenvolvimento que articula produção, inovação, infraestrutura e governança.”

Apicultura

No Sertão de Crateús, a apicultura ganhou novos contornos a partir das atividades do Impulsiona Ceará. Além do mel puro, os produtores agora trabalham outros produtos derivados das colmeias, como balas, sabonetes e mel cremoso.

Outro destaque é o uso de sensores para monitorar as condições das colmeias e prevenir situações adversas que possam prejudicar a produção dos apiários. As chamadas colmeias inteligentes são fruto de uma ação do Impulsiona Ceará a partir de pesquisas desenvolvidas no campus Crateús da Universidade Federal do Ceará (UFC) e nos campi Crateús e Boa Viagem do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE).

O zootecnista Isac Bomfim, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) e consultor do Impulsiona Ceará, explica que as colmeias inteligentes integram um sistema que refina métricas relacionadas ao bem-estar das colônias e à produtividade dos apiários e emite alertas preventivos e sugestões de intervenções de manejo. Com isso, segundo ele, os apicultores podem azer a manutenção da colônia para alcançar o máximo potencial produtivo.

“Esse esforço envolve um diálogo contínuo entre o conhecimento técnico-científico gerado na academia e o saber empírico dos apicultores locais. Por meio de oficinas práticas, capacitações e trocas de experiências, promovemos um ambiente colaborativo em que a tecnologia não apenas é transferida, mas também adaptada às especificidades locais, potencializando sua adoção e impacto na apicultura familiar. Essas iniciativas não apenas inserem tecnologias inovadoras, mas também garantem que as soluções sejam contextualizadas à realidade local, promovendo um ciclo contínuo de aprendizado, adaptação e geração de renda para a apicultura familiar no semiárido.”

Doze unidades foram instaladas em apiários nos municípios de Crateús e Independência e acompanhadas como projeto-piloto, junto com um software que coleta as informações captadas pelos sensores. No fim de abril, foi realizado treinamento para o uso do software com os apicultores para que eles possam integrar o sistema nas rotinas para o gerenciamento da produção.

“Precisamos de parceria para tudo, e as melhores que temos encontrado são as pesquisas. O melhor pesquisador é quem está em campo, mas às vezes ele não consegue traduzir as informações, especialmente quando são feitas em campo. E aí chegam as instituições de ensino e dizem que é possível traduzir isso de outra forma, para garantir melhorias”, destaca a presidente da Associação dos Apicultores de Crateús, Daniela Cavalcante.

Seminário

Tendo como inspiração a Lei de Inovação (Lei 10.973, de 2004), que trata de incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, o Impulsiona Ceará promoveu em março o primeiro Seminário de Integração Universidade Setor-Produtivo, no APL de Cachaça de Viçosa do Ceará. O encontro contou com a participação de produtores e de professores e pesquisadores de instituições de ensino públicas e privadas. O objetivo foi favorecer a troca de conhecimentos e a busca de soluções para inovar em produtos e processos da cadeia produtiva.

“A partir da Lei de Inovação, o projeto pretende estimular relações entre instituições de ciência e tecnologia e empresas. Pesquisa e inovação são hoje dois pilares do desenvolvimento socioeconômico e sustentável e queremos que os APLs, como indutores da economia cearense, façam parte dessa corrente”, explica a professora Elda Tahim, coordenadora da equipe técnica do Impulsiona Ceará, pelo Centec.

Sobre o Impulsiona Ceará

O projeto tem como objetivo principal apoiar a política de desenvolvimento local e regional dos Arranjos Produtivos Locais (APL) no estado, por meio da realização de consultorias, planos estratégicos e eventos, dentre outras atividades.

APLs são agrupamentos de empresas que atuam em setores econômicos similares e, geralmente, encontram-se em uma região geográfica específica. Realizado desde 2021, o Impulsiona Ceará foi responsável pela identificação de 108 arranjos e aglomerados produtivos em diferentes níveis de desenvolvimento por todo o Ceará. Desse total, foram mapeados 36 Arranjos Produtivos Locais.