Atividades com música integram rotina de tratamento dos pacientes da Casa de Cuidados do Ceará

4 de julho de 2025 - 15:55 # # #

Ascom Sesa - texto, foto e vídeos

A melodia de uma música pode relaxar, acalmar e a letra da canção pode trazer lembranças de bons momentos vividos. Pensando nisso, a Casa de Cuidados do Ceará (CCC), unidade de transição hospitalar da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), inseriu a música como aliada no tratamento dos pacientes.

As atividades são promovidas pelas equipes de Psicologia e Terapia Ocupacional do equipamento. Uma delas é o projeto “Tardezinha na Casa”, em que é realizada uma atividade de lazer com os pacientes fora do leito. Na última quarta-feira (2), os pacientes receberam a apresentação “Memórias e canções” com o músico Luiz de França, do projeto Teatro da Solidão Solidária.

Paciente Enio Davi soltou a voz pela primeira vez

O paciente Enio Davi, 33, está na CCC fazendo tratamento de sequelas de tuberculose. Ele pediu o microfone ao cantor e fez uma apresentação em público pela primeira vez. A escolha foi uma música religiosa. “Foi a primeira vez que cantei assim, é preciso soltar o que a gente está sentindo. A escolha da música foi por identidade, todo dia precisamos de Deus para alcançar nossos objetivos”, revela.

Já para o paciente Marcos Pereira, 59, o momento trouxe mais leveza fora do leito. “Gostei do repertório, só clássicos que marcaram nossas vidas, é melhor do que ficar sozinho no leito. Já participei do bingo também, essas atividades são muito legais, deixam tudo mais leve”.

O sentimento de realização foi compartilhado pelo cantor Luís de França, 75. “Sou tecladista, mas aceitei tocar violão pela causa. Adorei a Casa, é muita dedicação, foi uma satisfação. É gratificante levar alegria para essas pessoas. Fazer isso por alguém é uma grande realização”, diz.

Pacientes acompanham apresentação musical na CCC

Expressão dos sentimentos por meio das letras das músicas

Outro projeto da Casa que envolve música é o “Letras e Sentimentos”. O objetivo é oferecer um espaço de expressão e reflexão a partir das letras de músicas que trazem temas que possam gerar percepção de conteúdos internos e integração interpessoal.

“O projeto proporciona que o paciente possa expressar emoções, ideias e experiências, podendo fazê-lo rir, chorar, pensar e sentir, sendo uma forma de conexão um com os outro e com o mundo ao redor”, explica a psicóloga Sarah Gomes.

“A música faz com que sintamos emoções positivas ou negativas. Ela evoca emoções que são ativadas em partes e áreas do nosso cérebro, por exemplo: córtex, cerebelo, hipocampo, entre outros”, complementa a profissional.

Grupo da Casa de Cuidados trabalha letras de músicas, promovendo reflexão

No Letras e Sentimentos, no momento inicial há explicação da metodologia, em seguida as profissionais informam as regras do grupo, com atenção aos que não conseguem ler. Em seguida, coloca-se música em áudio para que todos ouçam e, após o momento de escuta, é aberta uma roda de conversa.

O grupo oferece espaço de reflexão e expressão sobre diversos conteúdos internos e integração interpessoal aos pacientes, familiares e cuidadores assistidos, além de ampliar o alcance das intervenções das profissionais que dirigem o grupo, de acordo com a área de atuação.

“Além dos sentimentos, este projeto propõe oferecer, por meio da música, o compartilhamento de experiências de temas como convivência, família, luto, transição para novas rotinas, gerenciamento de conflitos, respeito, tolerância e alívio de sofrimentos”, explica a terapeuta ocupacional Gardênia Leão.

“Nesses encontros, percebemos que os pacientes se sentem à vontade para expressar sentimentos, compartilham vivências e histórias de vida, surgindo um espaço de acolhimento e escuta, fortalecendo os vínculos entre pacientes, cuidadores, família e equipe multiprofissional, até mesmo os pacientes que estão em situação de saúde mais delicada”, complementa.

Ao ouvir a música “Trem-Bala”, de Ana Vilela, a paciente Ruzilene Alves, 37, compartilhou as lembranças que a música trouxe. “Lembrei do churrasco que meu pai organizava para toda a família. Era um momento feliz em que todos nós nos reuníamos”, comentou.

Momentos de diversão

Outra atividade que também envolve música promovida pelo equipamento é o karaokê, uma sugestão dos próprios pacientes. O karaokê oferece uma oportunidade de forma leve e descontraída para expressar emoções e liberar tensões acumuladas, promovendo socialização e diversão.

O cuidador Emanuel Silva, 36, já participou de uma das ocasiões soltando a voz. “Já tinha participado de karaokê e o que eu mais gosto é da diversão que essa atividade proporciona. Para mim foi importante porque é um momento de entretenimento para os pacientes e para todos que ali participam, quebrando um pouco da rotina hospitalar e trazendo alegria e diversão. Todos saem ganhando com esse momento de lazer”.