EEMTI Marconi Coelho vence prêmio científico nacional e ganha R$ 50 mil em equipamentos
4 de julho de 2025 - 17:37 #EEMTI Marconi Coelho #prêmio científico
Bruno Mota - Ascom Seduc - Texto
Arquivos pessoais - Fotos
A Escola de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTI) Marconi Coelho Reis, localizada em Cascavel, foi vencedora do Prêmio de Incentivo ao Empreendedorismo Científico (Piec). O concurso, que está na 3ª edição, tem por objetivo encorajar e reconhecer o desenvolvimento de ideias inovadoras na educação básica brasileira. A unidade de ensino cearense venceu as cinco categorias do certame e, como prêmio maior, receberá o “Laboratório Legado”, que consiste no valor financeiro de R$ 50 mil em equipamentos, vidrarias e demais recursos para impulsionar a produção científica. A divulgação dos premiados ocorreu no último dia 30 de junho.
A terceira edição do Prêmio Piec contou com 975 participantes, entre alunos e professores, com 210 projetos inscritos, vindos de 23 estados e 82 cidades do país. A iniciativa foi patrocinada pelo Grupo Ambipar e pelo Movimento Somos Todos Amazônia, com o apoio da agência cultural La Fourmi.
Os projetos concorreram, simultaneamente, em todas as categorias: “Futuro Brilhante”, que reconhece as ações mais promissoras para um futuro sustentável; “Nova Realidade”, que aponta os estudos mais maduros e economicamente viáveis; “Consciência Circular”, que identifica as pesquisas mais alinhadas com o conceito de Economia Circular; “Educador Inspirador”, que agracia os profissionais de destaque pelos projetos orientados; e “Pomar Científico”, que premia a escola com mais pontos somados na classificação dos projetos inscritos.
A EEMTI de Cascavel ficou à frente das demais em todas as categorias listadas, com a pesquisa denominada “Síntese de novos polímeros para aplicações agrícolas e ambientais a partir de resíduos agroindustriais”. O trabalho trata sobre a reciclagem de resíduos do processamento de frutos, que são transformados em biopolímeros semelhantes aos plásticos, porém biodegradáveis e biocompatíveis. Para promover a transformação do produto, o processo utiliza microorganismos benéficos ao ser humano.
Com os materiais poliméricos desenvolvidos, foi possível criar barreiras protetoras para plantas e frutos, afastando pragas e mantendo a qualidade e a sustentabilidade na agricultura familiar, prática comum no município de Cascavel. A ideia foi aplicar a substância em algumas aplicações agrícolas, fazendo com que o que antes era descartado (mesocarpo do maracujá) voltasse à cadeia de produção para a obtenção de novas plantas, alinhando-se aos preceitos da economia circular.
Além da iniciativa campeã, outros três projetos advindos da EEMTI Marconi Coelho levaram o 2º, o 3º e o 5º lugares gerais. Trata-se de uma conquista inédita tanto para a escola, como para a história do certame. Ao todo, a unidade de ensino havia inscrito 11 trabalhos na 3ª edição do Prêmio Piec, dos quais cinco estiveram na fase final, que reuniu os 25 melhores estudos de todo o país. As pesquisas da EEMTI foram orientadas pelos professores Heloina Capistrano e Francisco Augusto Santos.
Amadurecimento
A estudante Ana Júlia Nascimento, uma das participantes do trabalho vencedor, ressalta que os conhecimentos adquiridos nas áreas de empreendedorismo científico e economia circular ajudaram-lhe a desenvolver um olhar mais humanizado ao meio ambiente, além de ter-lhe despertado mais satisfação e entusiasmo em frequentar a escola.
“Um dos maiores aprendizados que eu carrego do projeto não é a parte técnica, e sim, a emocional. Todo o processo e cada etapa vivenciada exigiu muita paciência, persistência, dedicação e paixão pelo projeto e pela ciência, acima de tudo. O projeto me fez descobrir e ter a certeza da profissão que quero seguir (nutrição), me ajudou a crescer e a amadurecer como pessoa, além de ter mais responsabilidade e disciplina em relação à escola. Percebi, durante o processo, que o que aprendemos na sala de aula pode ser aplicado no nosso dia a dia e pode transformar a realidade ao nosso redor. Com esse projeto, aprendemos não apenas sobre metodologia científica, mas pudemos vivenciar a criação de polímeros, conteúdos que antes só imaginávamos nas aulas de química”, ilustra Ana Júlia.
Mariane Moraes, outra estudante integrante do time vitorioso, afirma acreditar no potencial transformador dos jovens, quando estes têm acesso a uma educação de qualidade, que incentiva o desenvolvimento do saber científico.
“Ao trabalhar com resíduos agroindustriais, percebi que até o que parece descartável pode ter um novo começo: inclusive eu mesma, minhas ideias e caminhos. Aprendi a confiar mais em mim, a ter mais resiliência e mais certezas sobre o que eu quero para o futuro. Tudo isso ressignificou minha relação com a escola, que deixou de ser apenas um espaço de conteúdo e se tornou um lugar de possibilidades, onde meus sonhos ganharam forma, com pessoas especiais, em que vivi dias especiais. Nada poderia definir o meu sentimento mais do que orgulho e emoção. É como ver um sonho coletivo ganhar voz e espaço. Saber que nossas ideias, nosso esforço e nossa dedicação foram valorizados me enche de orgulho, mas também de esperança. É um sentimento de gratidão imensa e de força renovada para continuar pesquisando, criando e acreditando”, enfatiza.
Cultura científica
A EEMTI Marconi Coelho já é veterana na competição, tendo participado das edições de 2023 e 2024, quando submeteu 11 projetos ao todo, considerando-se os dois anos.
A professora Heloina Capistrano explica que incentivar o saber científico na escola contribui não somente para que os alunos apliquem, de forma prática, os conceitos aprendidos em sala de aula, mas também no desenvolvimento de habilidades investigativas, criativas e sociais.
“Muitos desses estudantes desenvolvem projetos para resolver problemas reais de suas comunidades. Com isso, utilizam o próprio território no qual estão historicamente inseridos como fonte de estudo. Isso gera melhorias significativas no processo de aprendizagem, por meio de uma abordagem mais criativa e conectada ao local de vivência”, salienta.
Francisco Augusto considera que a iniciação científica no Ensino Médio é uma abordagem pedagógica fértil de possibilidades. “Através dos projetos desenvolvidos, os estudantes conseguem desenvolver soluções sustentáveis para temas de urgência do meio ambiente. Além disso, conseguem correlacionar conhecimento de diversas áreas do saber, como Química, Biologia e Matemática à vivência cotidiana, proporcionando uma aprendizagem prática e cheia de significado. Da mesma forma, desenvolvem habilidades de escrita científica, criticidade, curiosidade, empatia e colaboração, aspectos que são importantes na vivência acadêmica e cidadã”, destaca.
Projetos da EEMTI Marconi Coelho Reis inscritos na 3ª edição do Piec
Ciclo Agroambiental Sustentável: Síntese de novos polímeros para aplicações agrícolas e ambientais a partir de resíduos agroindustriais. (Campeão nas categorias Consciência Circular, Nova Realidade e Futuro Brilhante, além do 1º Lugar Geral do prêmio).
Plastguava: desenvolvimento de um novo filme plástico biodegradável a partir dos resíduos da produção de goiaba (2º lugar nas categorias Consciência Circular, Nova Realidade e Futuro Brilhante, além do 2º lugar geral do prêmio).
Pectivitalis: Revestimento Sustentável Anti-Desperdício para Frutos (3º lugar nas categorias Consciência Circular, Nova Realidade e Futuro Brilhante, além do 3º lugar geral do prêmio).
FitClean: Membrana Biossintética para Tratamento de Água (5º lugar na classificação geral).
Boom: Explosão de sementes como alternativa ao reflorestamento (7º lugar na classificação geral).
Cbet: revestimento biotecnológico para sementes a partir do aproveitamento de coprodutos de beterraba (26º lugar na classificação geral).
Arbiotec: Biocelulose aditivada com Pinhão-Roxo (Jatropha gossypiifolia) Anti-proliferação do vetor de arboviroses Aedes aegypti (35º lugar na classificação geral).
RCB: Reaproveitamento da Casca da Banana para soluções sustentáveis e inovadoras (71º na classificação geral).
Elas no STEM: combatendo o dream gap através de trabalho multiplataforma para inclusão de mulheres na liderança de projetos científicos (88º lugar na classificação geral).
CicatriCACTUS: tecnologias fitoterápicas a partir do mandacaru (Cereus jamacaru) (89º lugar na classificação geral).
Proteccolor: protetor solar antifúngico sustentável (116º lugar na classificação geral).
Assim, a EEMTI Marconi Coelho Reis obteve 279 pontos, contra 187 pontos da segunda escola mais bem pontuada.