Com suporte do Hcor, Hias realiza primeira telecirurgia cardíaca em criança, por meio de programa do Ministério da Saúde
10 de julho de 2025 - 17:07 #criança #Hias #ministério da saúde #sus #telecirurgia cardíaca
Lavi Aguiar - Ascom Hias - Texto e Fotos
Ao lado da mãe, Antonia Maria, Irla segue em recuperação no Hias após cirurgia cardíaca bem-sucedida
Ana Irla, 13 anos, foi a primeira paciente do Ceará a passar por uma cirurgia cardíaca com o apoio do sistema de Teleorientação do Ato Cirúrgico (TAC). O procedimento, realizado no Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), contou com acompanhamento em tempo real de uma equipe do Hcor, de São Paulo, apontado no Ranking de Melhores Hospitais da Newsweek, como uma referência global em cardiologia. A conexão permitiu a troca de informações durante toda a operação. A iniciativa é realizada por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), do Ministério da Saúde.
A cirurgia, feita na última semana de junho, teve como objetivo corrigir uma cardiopatia congênita chamada de Comunicação Interatrial (CIA). “O procedimento marca um avanço importante na cardiologia pediátrica do SUS, pois une tecnologia, conhecimento e cooperação entre hospitais de excelência”, diz a cardiologista pediatra do Hias, Geni Medeiros. “A conexão em tempo real com o Hcor foi fundamental para garantir a segurança da cirurgia e ampliar a qualidade da assistência oferecida à paciente, que apresenta boa recuperação, ainda sob observação na unidade hospitalar”.
Equipes do Hias conduzem a cirurgia cardíaca de Ana Irla com o suporte remoto do Hcor, referência em cardiologia, por meio do TAC
O problema cardíaco foi descoberto no início do ano, quando Irla foi internada com sinais de infecção. “Durante os exames, os médicos identificaram, além da infecção, uma malformação que provoca a passagem anormal de sangue entre os átrios do coração. Embora possa passar despercebida por anos, esta condição pode levar a complicações se não for tratada”, relata a médica, que acompanhou Irla em todas as etapas do tratamento no Hias, do pré ao pós-operatório.
A mãe da jovem, Antonia Maria, segue de perto cada etapa da recuperação. “Foi difícil receber o diagnóstico, mas agora estou mais tranquila. Ela está sendo bem cuidada e tem apresentado boa resposta à cirurgia”, conta.
Internada, Irla mantém o otimismo. Diz que sente saudade da rotina e que já pensa no que quer para o futuro. “Quero voltar a estudar, terminar o ensino médio e trabalhar com audiovisual ou artes cênicas. Também quero viajar o mundo e ajudar minha família”, afirma.
Irla, a mãe e profissionais do Hias
Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, as cardiopatias são as malformações congênitas mais frequentes ao nascimento, estando presentes em aproximadamente 1 a cada 100 recém-nascidos vivos. As cardiopatias congênitas constituem uma das principais causas de morte na primeira infância e representam a terceira maior causa de mortalidade neonatal no Brasil, segundo o Ministério da Saúde.
“O diagnóstico e tratamento precoces das cardiopatias congênitas desempenham um papel crucial na intervenção em tempo oportuno e na prevenção de internações sequenciais, devido a complicações da doença. E para isso, o projeto ‘Apoio ao Desenvolvimento de Centros de Atendimento a Cardiopatias Congênitas’ auxiliará as instituições participantes a expandirem suas ações com insumos técnicos e soluções de saúde digital. Um deles é o sistema de TAC, desenvolvido pelo Núcleo de Inovação do InCor (InovaInCor), que integra tecnologias inovadoras para suporte remoto a cirurgias complexas. A iniciativa também fornecerá ao Ministério da Saúde um modelo estruturante para ampliar a capacidade de atendimento ao cardiopata congênito na Rede de Atenção à Saúde (RAS) do país”, explica a líder médica responsável pelo Serviço de Cardiologia Pediátrica do Hcor, Ieda Jatene.
O projeto amplia o atendimento a crianças com cardiopatia congênita, contribuindo com a redução de forma significativa das filas cirúrgicas, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. “Estamos fortalecendo a capacidade local de atendimento, formando profissionais e garantindo que crianças de qualquer região do país tenham o mesmo acesso e cuidado oferecidos nos grandes centros. As telecirurgias realizadas no Amazonas e, agora, no Ceará simbolizam uma mudança de chave no SUS. Passamos a utilizar toda a estrutura disponível no Brasil para reduzir o tempo de espera por atendimento médico especializado para toda a população” informa o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Projeto Congênitos
A cirurgia integra o projeto “Apoio ao Desenvolvimento de Centros de Atendimento a Cardiopatias Congênitas”, uma iniciativa do Ministério da Saúde em parceria com o Hcor, por meio do Proadi-SUS. O objetivo é descentralizar o atendimento especializado e ampliar o acesso de crianças com cardiopatias a tratamentos e cirurgias, especialmente nas regiões mais afastadas dos grandes centros.
O Hias foi um dos três de 17 centros cirúrgicos do Norte e Nordeste selecionados para participar da iniciativa. Desde o início de 2025, as equipes da unidade da Sesa passaram por capacitações em São Paulo e agora contam com suporte técnico remoto para realização de procedimentos e discussão de casos. Para Irla e outras crianças em situação semelhante, o avanço significa a chance de receber cuidado especializado sem precisar sair do estado.
Teleorientação do Ato Cirúrgico (TAC)
A plataforma do sistema de TAC foi desenvolvida pelo Núcleo de Inovação do InCor (InovaInCor) e utiliza tecnologias de colaboração interativa, videoconferência, óculos inteligentes e Internet das Coisas (IoT). Essas ferramentas são utilizadas para conexão e comunicação entre equipes cirúrgicas que estejam em diferentes regiões do país, o que possibilita a troca de informações, experiência e orientação antes, durante e depois da cirurgia de casos complexos.