Saúde do Ceará orienta sobre como agir em caso de acidentes com animais peçonhentos
14 de julho de 2025 - 16:44 #animais peçonhentos #aranhas #escorpiões
Texto e fotos: Kelly Garcia / Ascom Sesa
Carla Costa - Arte gráfica
Do total de acidentes registrados, cerca de 66% foram causados por escorpiões
O mês de julho é o período de férias para muitas pessoas, por conta do recesso nas escolas. Nessa época, também é importante redobrar os cuidados com os animais peçonhentos, especialmente serpentes, para quem gosta de fazer atividades ao ar livre, como trilhas. Em julho, ocorre ainda a poda dos cajueiros, o que pode ocasionar acidentes com esses animais.
De acordo com a articuladora do Grupo de Trabalho de Zoonoses da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), Kellyn Cavalcante, no estado do Ceará, de 2007 até abril de 2024, período do fechamento do boletim epidemiológico de Vigilância dos Acidentes por Animais Peçonhentos mais recente, foram registrados 99.473 acidentes no Ceará. Somente no triênio de 2023 até o dia primeiro de julho de 2025, ocorreram 22.554 acidentes com serpentes, aranhas e escorpiões. Destes, a frequência mais elevada foi de acidentes com escorpiões, que corresponderam a 81,1% das notificações. Os mais comuns são causados por esses animais e por serpentes, mas também se classificam como animais peçonhentos, aranhas, abelhas, lagartas-de-fogo, potós, anêmonas-do-mar, águas-vivas, formigas e peixes.
Do total de acidentes, cerca de 66% foram causados por escorpiões, seguidos de 15,2% ocasionados por serpentes e 10,9% por abelhas. “Apesar de a maioria dos registros ser de picadas de escorpião, o número de óbitos é maior entre os que tem acidentes com cobras, com 48%, e aranhas, com 31%”, destaca.
No caso dos escorpiões, o veneno atua principalmente sobre o sistema nervoso, causando dor intensa. “A dor local é causada pela ação direta do veneno nos nervos periféricos e terminações nervosas próximas ao local da picada. As complicações que podem levar à morte em casos graves estão diretamente ligadas à ação sistêmica do veneno, especialmente nos sistemas cardiovascular e respiratório”, explica.
Atendimento
Em caso de acidente com animais peçonhentos, a orientação é buscar uma unidade de atendimento mais próxima imediatamente. Esta unidade irá regular a vítima para uma unidade de referência que possui a soroterapia, a depender da espécie do animal peçonhento.
Segundo a titular da Coordenadoria de Imunização (Coimu) da Sesa, Ana Karine Borges, existe um fluxo de distribuição dos soros em hospitais de referência, para garantir a assistência adequada e rápida aos pacientes. “No Centro de Informação e Assistência Toxicológica do Ceará (CIATox Ceará), no Instituto Dr. José Frota [unidade da Secretaria Municipal de Saúde], é ofertado o atendimento toxicológico 24 horas por dia, tanto para profissionais de saúde quanto para a população em geral, sobre intoxicações. Ele fornece informações e esclarecimentos sobre riscos de substâncias químicas e biológicas, além de orientar sobre medidas preventivas e tratamento em casos de intoxicação, com todos os soros para acidentes por animais peçonhentos, inclusive o antitetânico e o antirrábico humano”, informa.
Prevenção
Segundo o assessor técnico do Programa de Acidentes por Animais Peçonhentos da Sesa, Ivan Luiz de Almeida, é importante focar na prevenção. “No caso de artrópodes, como aranhas e escorpiões, o ideal é colocar telas de proteção nos ralos de banheiros, soleiras em portas, telamento em janelas, sacudir roupas e sapatos antes de usar e afastar camas e berços 10 cm da parede”.
O assessor ainda destaca que os acidentes ocorrem durante todo o ano, mas existem algumas épocas em que são mais comuns. “Registramos acidentes com escorpiões o ano todo, no entanto, de janeiro a maio, os acidentes aumentam com as chuvas, porque os abrigos alagam e, com isso, eles saem a procura de outros abrigos mais seguros, aumentando o contato com a população. Picadas de cobras são mais comuns no mês de agosto, quando ocorre a reprodução das principais espécies de importância médica no Ceará, ou seja, as que são mais perigosas”, explica.
Se a pessoa encontrar serpentes ou escorpiões próximo da residência, o corpo de Bombeiros ou os agentes de endemias devem ser acionados. “Com relação ao manejo das serpentes, deve-se acionar o corpo de Bombeiros militar ou polícia ambiental. No caso dos escorpiões, os agentes de endemias municipais são habilitados a fazerem serviço de busca ativa nos domicílios”, conclui.