Grupo Bagaceira de Teatro apresenta “INACABADO”, dia 17 de julho, no Theatro José de Alencar

15 de julho de 2025 - 14:09 # # # #

Ascom TJA - texto e fotos

A montagem, gratuita, será em cima do palco (100 lugares) e inserida no tradicional projeto “Theatro de Portas Abertas” do equipamento

Um grupo de teatro sobe ao palco para estrear uma peça que não ficou pronta. Diante  do impasse, a apresentação desvia para um caminho imprevisível. No lugar de um espetáculo acabado e polido, o público é arrastado para um devaneio artístico — um  mergulho nos bastidores do processo, repleto de tentativas e suposições sobre o que a peça poderia vir a ser. Assim resume-se “Inacabado”, nova montagem do Grupo Bagaceira de Teatro que será apresentada no próximo dia 17 de julho (quinta-feira), às 19h, no Palco Principal do Theatro José de Alencar. O acesso é gratuito com retirada pela plataforma Sympla.

“Inacabado” é fruto da interlocução artística do Bagaceira com Marcio Abreu, diretor da Companhia Brasileira de Teatro. Estreou no final  de 2024, no 23º Festival Recife do Teatro Nacional, marcando a retomada criativa do grupo após a morte do cofundador Rogério Mesquita. Desde então, o espetáculo vem circulando com plateias lotadas, sessões extras e boa repercussão na imprensa. 

Em cena, os integrantes do Bagaceira são personagens de si mesmos. Entre realidade e ficção, revelam dúvidas, conflitos e angústias que permeiam a criação de um  espetáculo e, por que não, a própria vida. Na peça, o “inacabamento” é tratado não como falha, mas como potência. Marcado por memórias afetivas e pelo luto, a montagem oscila entre o trágico e o cômico com a honestidade crua de quem vive do e para o teatro. É uma resposta política e artística ao presente. Atravessada pela dor, mas também pelo humor e pela vontade de seguir. 

Ao falar sobre teatro, “Inacabado” constrói metáforas potentes sobre a existência, ultrapassando o universo cênico para tocar em questões mais amplas da vida. Em  tempos atravessados pela lógica neoliberal, que impõe pressa, produtividade e  soluções imediatas tanto na arte quanto nas relações, o espetáculo convida o público a desacelerar, a habitar o processo e a enxergar na imperfeição e no inacabamento caminhos possíveis de reinvenção do mundo. 

Formado atualmente por Débora Ingrid, Isabella Cavalcanti, Rafael Martins, Ricardo Tabosa e Tatiana Amorim, o Bagaceira desenvolveu “Inacabado” a partir de uma pesquisa no Laboratório de Teatro da Porto Iracema das Artes e com apoio do 13º  Edital Ceará das Artes da Secult-CE e do Edital para as Artes Lei Paulo Gustavo da  Secultfor. 

Sediado em Fortaleza, o Bagaceira é reconhecido nacionalmente por sua pesquisa de  linguagem. Ao longo de 25 anos, firmou-se como uma referência em teatro de grupo no país. Já circulou por todo o Brasil e pelo exterior, além de incursões bem-sucedidas no cinema. Inacabado faz referência a toda essa história, mas também aponta para o  futuro. 

O Bagaceira

Grupo de teatro experimental que, através de espetáculos autorais, vem construindo  uma linguagem peculiar. Misturando referências plurais de forma inusitada, o Bagaceira conseguiu associar suas provocações conceituais a uma comunicação acessível, conquistando, assim, a simpatia de público e crítica, com mais de 15 espetáculos e 20 esquetes, além de produções audiovisuais como “On my Own” (curta-metragem, com roteiro e direção de Yuri Yamamoto/ 2008); “Ao Vento” (curta-metragem com roteiro e direção de Yuri Yamamoto/ 2016); “Inferninho” (longa-metragem com roteiro de Rafael Martins, Pedro Diógenes e Guto Parente, direção de  Pedro Diógenes e Guto Parente/ 2018) e “Desmonte” (curta-metragem com roteiro de  Rafael Martins, direção Marrevolto Filmes e Grupo Bagaceira/ 2022). 

Desde o surgimento, em 2000, o grupo mantém uma produção ininterrupta, construindo desse modo um repertório diversificado, com peças que se mantiveram  em atividade por diversos anos, como “Papoula e o Sabonete Cabeludo” (2001), “Os  Brinquedos no Reino da Gramática” (2002), “Lesados” (2004), “Engodo” (2004), “O Realejo”  (2005), “Meire Love” (2006), “Pornográficos” (2007), “Tá Namorando! Tá Namorando!” (2008), “InCerto” (2010), “Por que a Gente Não é Assim?” (2011), “A Mão na Face” (2012), “Interior” (2013), “O Pequeno Casaco Solitário” (2014), “Fishman” (2015) e “O Sr. Ventilador”  (2017). 

Sediado em Fortaleza, na Casa da Esquina, o Grupo Bagaceira de Teatro divide sua agenda de viagens, ensaios e compromissos com o tempo para a livre criação, de onde podem surgir novas ideias, textos, cenas e até mesmo projetos em outras áreas, ultrapassando a fronteira  entre o teatro e outras linguagens. 

Sobre o TJA

O Theatro José de Alencar, espaço que integra a Rede Pública de Equipamentos Culturais (Rece) da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult Ceará), gerido em parceria com o Instituto Dragão do Mar (IDM), foi inaugurado em 17 de junho de 1910 e desempenha significativos papéis na vida cultural cearense.

Além da importância patrimonial e histórica, oferece uma diversificada programação de atividades artístico-culturais de difusão e formação. Funcionando como um Centro Cultural com mais de 12 mil metros quadrados, o TJA é um lugar de encontro, referência artística e turística no Ceará. Tombado em 1964 pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Nacional (Iphan), possui grande valor arquitetônico, sendo considerado um dos mais belos Teatros Monumentos do Brasil.

Ao longo dos últimos anos, o Theatro passou por um intenso processo de reorganização estrutural e simbólica. De um espaço tradicional, o TJA reinventa-se diante dos desafios contemporâneos: atualiza seus fluxos, incorpora tecnologias, reorganiza equipes e espaços e preserva sua memória — sempre com olhar atento ao futuro. Esse processo, marcado por tensões criativas entre o antigo e o novo, revela a potência de um lugar vivo, em constante transformação.

Neste aniversário, o protagonismo é da equipe. Técnicos, artistas, gestores e colaboradores — antigos e novos — são celebrados como os verdadeiros guardiões dessa história centenária. As ações comemorativas reforçam esse olhar sobre o Theatro José de Alencar como um organismo vivo, onde resistência e abertura ao novo convivem em harmonia.

Aos 115 anos, o Theatro José de Alencar reafirma sua vocação como espaço de encontro, de criação e de preservação da memória cultural cearense. Entre vitrais centenários e novos equipamentos técnicos, entre o riso popular e a experimentação contemporânea, o TJA segue sendo território de resistência e reinvenção.

Serviço

[TEATRO] Grupo Bagaceira de Teatro apresenta: “INACABADO”
Data: dia 17 de julho (quinta-feira), às 19h
Local: Palco Principal do Theatro José de Alencar (Rua Liberato Barroso, 525, Centro)
Capacidade: 100 lugares
Duração: 60min
Classificação: Livre
Gratuitoretirada pelo Sympla (dia 17, às 17h – clique aqui)