Prontuário afetivo humaniza atendimento na Casa de Cuidados do Ceará

25 de julho de 2025 - 16:42 # #

Ascom CCC - Texto e Fotos

Conhecer gostos e informações pessoais podem individualizar alguém, mostrando características únicas e aproximando pessoas. Diante disso, a Casa de Cuidados do Ceará (CCC), implantou o prontuário afetivo. Nos leitos dos pacientes constam apelidos carinhosos, preferências musicais, comidas preferidas, entre outros dados que podem não ser relevantes clinicamente, mas tornam o atendimento mais humanizado, um dos valores da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).

No momento em que o paciente chega à unidade, é realizada a identificação e são feitas perguntas ao paciente ou acompanhante para conhecer mais sobre a vida de quem vai ficar internado. “O intuito é trazer mais proximidade da equipe com aquela pessoa para conhecer melhor sobre ela e para que essas informações sejam utilizadas como ferramenta de cuidado”, explica Leonardo Rodrigues, médico da CCC.

“Aqui, por exemplo, tivemos um paciente chamado João Batista, mas ele gostava de ser chamado de Balaio. Ele não interagia pelo nome original, mas com o apelido. Atitudes como essa fazem com que o paciente se sinta acolhido e o processo de internação se torne bem mais leve, resgatando lembranças como comida predileta ou visita de um pet”, acrescenta o profissional.

Leidiane Rodrigues, 38, cuida da mãe Salete Silva, 60, vítima de um acidente de moto que ocasionou em traumatismo craniano. A idosa está em processo de reabilitação e, segundo a filha, a fé é a principal aliada no tratamento. “Minha mãe é evangélica e gosta de cantar e assistir aos cultos pela TV. O prato favorito dela é galinha e ela comeu aqui, além disso, a psicóloga promove conversas de acordo com as preferências dela”.

A seleção das perguntas foi feita a partir de pesquisa dos profissionais em outras instituições de saúde e adaptada para o perfil da unidade. “Buscamos que todos os profissionais da assistência possam se envolver, entre eles médicos, enfermeiros e assistentes sociais, pois o preenchimento é bem simples e é importante manter atualizado, fica abaixo da identificação do paciente”, explica.

Para a enfermeira Isabelly Costa, o prontuário afetivo é uma oportunidade de promover um tratamento de acordo com a realidade vivida pelo paciente. “Conseguimos, por meio dessas informações do prontuário, trazer um pouquinho mais para a realidade do que ele vivia antes, dos gostos, percebemos que isso nos aproxima dele”, avalia.

A profissional relembra um caso que envolveu o apelido do paciente, que era como ele gostava de ser chamado. “Um paciente tinha o apelido de Barry White por ter aparência parecida com o cantor e também gostava das músicas. Um dia, o médico de plantão colocou a música do cantor para o paciente, que estava imobilizado, ouvir e ele sorriu imediatamente”.

Laís Angelo Pereira, 77, cuida do filho Rafael Pereira Barroso, 49, que é escritor. Ela conta que a equipe de saúde levou uma mesa até o leito do paciente para que ele pudesse escrever. “Achei muito boa essa iniciativa do prontuário afetivo, pois assim meu filho passou a conversar mais, quando souberam das preferências dele. Também se evita falar de assuntos que o paciente não curte”, opina.

Kaleb Abreu, 22, cuida do pai, Elias Pinheiro, 49, que está em tratamento de sequelas de traumatismo e Acidente Vascular Cerebral (AVC). O jovem conta que o prontuário afetivo reviveu memórias do paciente por meio do paladar e da audição. “Ele é pastor, então a equipe traz músicas gospel em caixinhas de som para ele ouvir. Certo dia, autorizaram ele a beber café, ele reagiu de forma imediata com muita alegria. Com o prontuário afetivo, souberam que ele tem uma cachorrinha e já estamos ansiosos porque estão articulando uma visita”, conta.