Direção do Hospital Regional Vale do Jaguaribe é composta 100% por mulheres que atuam para o bem-estar social da região

5 de agosto de 2025 - 15:11 # #

Ascom HRVJ - Texto e Fotos

As três diretoras buscam manter diálogo constante com colaboradores

A história nos mostra que a participação feminina em cargos de alta gestão e em tomada de decisões, apesar de ainda ser uma luta constante, vem se fortalecendo nas últimas décadas. O Hospital Regional Vale do Jaguaribe (HRVJ), em Limoeiro do Norte, unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), é um exemplo dessa mudança, a unidade de saúde pública de alta complexidade, atualmente, é 100% gerida por mulheres.

Para a diretora geral da unidade, Ana Paula Guedes, liderar o HRVJ é um desafio que exige “técnica, coragem, empatia e visão”. Para ela, ocupar a função de gestora e atuar ainda ao lado de outras duas mulheres carrega um peso simbólico e histórico que não passa despercebido. “Somos, ao mesmo tempo, gestoras e cuidadoras. Trazemos para o centro da gestão uma escuta sensível, uma tomada de decisão firme, e o compromisso com uma saúde pública que funcione de verdade, para todos”, ressalta.

Segundo ela, estar à frente de uma instituição que, diariamente, salva vidas em uma região que, por muito tempo, teve acesso limitado a serviços de alta complexidade, é um privilégio, mas também uma enorme responsabilidade. “Como mulheres, sabemos o que é persistir, o que é construir espaços com trabalho, preparo e resiliência. Mais do que ocupar cargos de liderança, buscamos inspirar outras mulheres, dentro e fora do serviço público, a acreditarem que é possível transformar realidades com competência e sensibilidade. E, juntas, temos provado que a presença feminina em posições estratégicas fortalece a gestão”, comemora.

A diretora geral da unidade assumiu o cargo há menos de um mês. Antes, atuava na unidade como diretora de gestão do cuidado e diretora clínica, totalizando aproximadamente dois anos como gestora na unidade.

As três ajá atuavam na unidade antes de assumirem os cargos de direção

Mudança de cultura

A Diretora Administrativa, Sabrina Becker, que ocupa o cargo há quase quatro anos, ressalta que, sem dúvida, a liderança feminina contribui para a promoção da diversidade, a mudança de cultura e de comportamento. “Sem perceber, repetimos, geração a geração, comportamentos tais como tachar automaticamente mulheres trabalhadoras de mães negligentes. Ou, ainda, como esposas que “ajudam em casa”, ao invés de compreender que são também provedoras do lar, assim como o homem”, explica.

Mesmo com os avanços relacionados à diversidade e inclusão no âmbito corporativo, a presença de mulheres na alta liderança das empresas brasileiras ainda é aquém, conforme dados de um levantamento da Diversitera, empresa especializada em promover diversidade, equidade e inclusão (DEI) dentro das organizações. O estudo analisou dados de mais de 90 mil respondentes em 70 empresas de 17 setores diferentes durante o período de junho de 2022 a fevereiro de 2025. Um dos dados revela que apenas 35% dos cargos de alta liderança (gerência executiva, diretoria e C-level) são ocupados por mulheres, enquanto elas representam 70% das funções operacionais, como recepção e limpeza.

Liderança e jovialidade

Com apenas 32 anos de idade, Endara Ohara é a gestora que ocupa a direção de Gestão do Cuidado. Cargo que assumiu e que significa, segundo ela, “responsabilidade e grande orgulho”. “É uma felicidade imensa saber que meu trabalho foi reconhecido e que a minha trajetória até aqui gerou confiança para assumir esse papel. Estou aprendendo muito com cada passo e me sinto motivada a retribuir essa confiança com trabalho sério, escuta ativa e compromisso com resultados. Que nossa presença inspire outras mulheres a acreditarem em seu potencial”, comemora ela que está a aproximadamente um ano e meio no cargo.

Força feminina na Saúde do Ceará

A atuação de mulheres na alta gestão se estende também a toda rede Sesa, na qual metade dos secretários executivos da pasta, incluindo a titular, são mulheres. No quesito hospitais e demais unidades de saúde estaduais, o protagonismo feminino no Ceará segue em destaque. As mulheres ocupam um papel importante na gestão de tais instituições.

De um total de 68 cargos de direção, 47 são ocupados por mulheres, representando 69,1% da liderança. Quatro unidades (Hemoce, CCC, CIDH e IPC) contam com 100% de diretoras mulheres, e outras seis possuem paridade de gênero (50%). A maioria das unidades, quase metade, apresenta predominância feminina na gestão, demonstrando um cenário de forte protagonismo e representatividade das mulheres na liderança da saúde pública cearense.