Agosto Dourado: o poder do leite materno na recuperação e no vínculo entre mãe e bebê

7 de agosto de 2025 - 16:19 # # # # # # #

Texto e fotos: Bruno Brandão - Ascom HGWA

Unidade tem programação especial para o Agosto Dourado, incluindo, roda de conversas

O mês de agosto é dourado por um motivo nobre: valorizar o aleitamento materno, considerado “ouro líquido” para a saúde dos bebês. No Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), unidade da Rede da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), a campanha é vivida na prática por mães, bebês e profissionais que testemunham diariamente o impacto positivo da amamentação, inclusive em contextos delicados como internações em UTIs neonatais e pediátricas.

Ana Paula Nascimento acompanhou a internação do filho que recebeu toda assistência na UTINeo do HGWA

Ana Paula Nascimento, 28, conhece profundamente o valor desse ato. Mãe de Samuel Freitas Jardim, com apenas três meses de vida, ela celebra, enfim, a maternidade após um histórico de perdas dolorosas.

“É o meu sétimo bebê. Tive outros seis prematuros que infelizmente vieram a óbito. Por seis vezes sonhei com esse momento. Nessa gestação, desde o nascimento, estou com meu bebê e amamentando. Desde a UTI, eu ordenhava e levava para ele. Quando ele voltou a ser internado por bronquiolite, minha produção de leite tinha zerado, mas aqui no Waldemar eu consegui voltar a ordenhar e ele ganhou mais de 600 gramas só com o meu leite. Amamentar é mágico, só eu posso fazer isso por ele. A primeira vez que o amamentei diretamente me senti no céu”, conta emocionada.

Mayana e a pequena Maria Vitória que recebeu o leite materno ainda durante a internação

Mayana Barros, 23, também vivenciou a importância da amamentação diante de um momento desafiador. Sua filha, Maria Vitória, foi internada com apenas doze dias de nascida. Apesar do susto, foi durante a internação que Mayana fortaleceu seu vínculo com a amamentação.

“Ela teve bronquiolite, foi entubada, passou pela UTI. Foram quase um mês de internação. Amamentar criou um vínculo muito forte. Era como se ela sentisse que eu estava ali e que tudo ia dar certo. Quando ela foi para o berçário, consegui amamentar. O apoio que recebi foi essencial. Pretendo continuar até quando for possível. Para mim, é maravilhoso”, relata.

Parte dos profissionais que atuam no Cetip e estão à frente da programação de ações realizadas para as mães e bebês

A atuação dos profissionais é parte essencial desse processo. A nutricionista Késsia Ravete Freitas, responsável pela assistência da UTI Neonatal, destaca os inúmeros benefícios nutricionais e imunológicos do leite materno. “O leite materno é o alimento mais completo para o bebê. Ele contém todos os nutrientes nas quantidades ideais, além de fatores imunológicos que promovem a maturação intestinal e a proteção contra infecções. A composição se adapta às necessidades do bebê, o que torna sua biodisponibilidade superior a qualquer outro alimento. Promove desenvolvimento, protege contra doenças crônicas e ainda fortalece o vínculo mãe e bebê”, pontua.

Yohanna Monteiro, coordenadora de enfermagem do Centro de Tratamento Intensivo Pediátrico (Cetip), reforça o engajamento de toda a equipe na campanha. Ela explica que, durante o Agosto Dourado, é trabalhado o fortalecimento ao aleitamento materno com toda a equipe multiprofissional. “Cada profissional aborda temas como postura, pega correta, nutrição da mãe e outros pontos fundamentais. Esse ano, o foco é a sustentabilidade, mostrando como o aleitamento também é um ato ecológico”, diz.

A médica neonatologista Jocélia Bringel explica como esse cuidado impacta a saúde dos recém-nascidos. Ela pontua que, do ponto de vista das ações, o vínculo mãe e bebê é fortalecido pela amamentação, pelo próprio contato, pela troca de olhares durante a amamentação, pelo toque e especialmente nos primeiros dias de vida. Isso é muito importante.

“Trabalhamos com bebês de zero a 30 dias de vida, e quanto mais prematuro, mais vital é o leite materno. O bebê se torna realidade após o nascimento e é nesse momento que existe uma mudança de vida intrauterina, e o aleitamento chega como o primeiro contato e aos poucos da percepção daquela responsabilidade e satisfação de poder atender todas as necessidades do bebê.”, destaca.

Doações que salvam vidas

Com estoque baixo, geladeira do HGWA precisa do apoio de doadoras externas

Além do incentivo à amamentação, o HGWA também reforça a importância da doação de leite humano. Atualmente, o hospital conta com apenas duas doadoras ativas. Yohanna Monteiro faz o apelo: “a mãe que está em casa, se tiver produção excedente, pode alimentar seu bebê e também ajudar a salvar outros internados. Um litro de leite pode alimentar até dez crianças na UTI Neonatal. No segundo semestre, as doações costumam cair, por isso reforçamos esse chamado.”

Para se tornar doadora é preciso estar saudável e ter produção excedente de leite. Basta entrar em contato com o HGWA pelo telefone (85) 3216-8325. A doadora recebe em casa o kit de coleta com frascos, gorro, máscara e folheto explicativo. O hospital ainda se responsabiliza pelo transporte do material.

Programação

Durante todo o mês, o HGWA promove atividades especiais alusivas à campanha. Na primeira semana, uma live reuniu profissionais para debater o aleitamento materno. Estão sendo realizadas rodas de conversa com nutricionistas, além de oficinas conduzidas pela equipe de Terapia Ocupacional com foco nas mães.